“Viver de qualquer modo é de todos, mas viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos.”2 Emmanuel
Quantas lavouras promissoras da Seara do Bem com Jesus estiolam-se, cobrindo de sombras e misérias ante as intempéries de vária ordem!… Destinadas a fornecer os frutos sazonados da fé, da esperança e do conhecimento que revertem os processos de desnutrição intelectual e moral, fenecem, improdutivas, tornando sáfaro o terreno…
A hostilidade e o espírito beligerante margeiam a senda de quantos se dirigem aos acumes da luz. Seguir o roteiro traçado pelo Suave Zagal Celeste requer espírito de sacrifício e renúncia, constituindo-se difícil empreitada. Há que se lutar não só contra os fatores adversos externos como também com os conteúdos atávicos menos felizes, sedimentados na intimidade do ser ao longo das infinitas filtragens palingenésicas.
Há que se conquistar a serenidade como dileta companheira de nossa sempre árdua jornada evolutiva. Aconchegando-nos sob o pálio da serenidade, podemos analisar – como Jesus – além das aparências. Passaremos, então, a compreender pessoas e acontecimentos, ajustando cada um na posição que realmente lhes dizem respeito.
A serenidade engendra a tranqüilidade e a paz tão necessárias para que não descoroçoemos de prosseguir no roteiro luminoso assinado pelo Pai ante pessoas e situações que se alteiam como obstáculos e impedimentos à nossa frente.
Elegendo a compaixão e a bondade como balizas de nossos passos, estaremos nos situando em privilegiada posição para atingir o desiderato maior de nossas vidas, sobranceiros aos percalços e atritos danosos.
Jesus compreendia cada mente em seu problema, em suas limitações… Façamos o mesmo.
A Natureza é um livro aberto, um poema de previdência e equilíbrio para quem deseja harmonizar-se consigo mesmo e com o mundo: A Terra é sempre firme, mesmo onde explodem os conflitos armados, e o Sol fulgura sempre, mesmo quando se tornam sombrios os painéis do proscênio terrestre.
Aos aflitos, desesperados, coléricos e desabridos que trazem abertas as chagas das ilusões e puerilidades – prisioneiros da vaidade e da ignorância – identifiquemo-los como crianças espirituais, procurando penetrar-lhes os recessos do ser com o algodão da piedade, ajudando-os como pudermos.
“Cada um receberá de acordo com as suas obras”3 e isto equivale dizer – entre outras coisas – que pacificando a alma dos desvairados, harmonizaremos a nossa própria vida, porque é da lei que a colheita obrigatória vincula-se à livre sementeira.”
Escrevendo aos Gálatas4, Paulo, essa singular e esplêndida figura da Boa-Nova nascente, exortou:
“Não nos desanimemos de fazer o bem, pois, a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”
E Emmanuel completa em sublime e inspirada peroração5:
“Não te canses de fazer o bem. Quem hoje te não compreende a boa-vontade, amanhã te louvará o devotamento e o esforço.
Jamais te desesperes, e auxilia sempre. A perseverança é a base da vitória. Não olvides que ceifarás mais tarde, em tua lavoura de amor e luz, mas só alcançarás a divina colheita se caminhares para diante, entre o suor e a confiança, sem nunca desfalecer.”
Cleto Brutes
1 Paulo, II Coríntios, 13:11
2 XAVIER, F. Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel, capítulo 123 – FEB
3Mateus, 16:27
4Gálatas, 6:9
5XAVIER, F. Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel, 10 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982, cap. 124.