Linda era uma criança muito feliz. Embora tivesse nascido com um sopro no coração, levava uma vida muito ativa, praticava esportes, dançava, pescava. Quando criança sonhava em ser professora de educação física, mas, à medida que foi crescendo, seus interesses voltaram-se para a música, arte e literatura. Teve uma juventude tranqüila, mas preocupava-se muito com a vida, a morte e o amor.

Certa tarde, pouco depois de terminar o ensino médio, subitamente veio-lhe o impulso de desenhar um retrato, coisa que ela ainda não havia feito. Era de um rapaz mais ou menos da sua idade e não se parecia com ninguém que ela tivesse conhecido.

– Quem é esse rapaz? – perguntou-lhe a mãe.

– O homem dos meus sonhos. – respondeu Linda. Eu não sei de onde o tirei. Simplesmente senti uma vontade de desenhar alguém e foi a imagem que saiu.

Em seguida Linda colocou o desenho em um porta-retrato em seu quarto.

Linda freqüentou a Universidade e se formou em Letras. Depois de formada passou a dar aulas, a escrever e editar revistas literárias infantis. Era uma das professoras mais queridas da escola.

Pouco tempo depois começou a sentir fortes dores de cabeça, enxaqueca sem que os médicos pudessem precisar o diagnóstico. Um dia, muito indisposta, começou a vomitar sangue. A situação se agravara.

Quase ao mesmo tempo, a 650 km de distância, outro jovem de 22 anos, enfrentava outra tragédia. George, quando criança, como Linda, desejava tornar-se professor de ginástica, mas depois seus interesses também convergiram para a literatura, desenho e música. Desde cedo George tinha um problema nos olhos. Agora, a doença se tornava irreversível e somente o transplante de córnea restabeleceria a sua visão. A solução tinha que ser imediata.

Linda, em um hospital de sua cidade, entrara em coma. Ela tinha um tumor no cérebro, sua vida era questão de horas. A mãe, em momento de profunda dor, lembrara que ela sempre falava que queria doar todos os órgãos que pudessem ser aproveitados. As córneas foram doadas.

George era o receptador das córneas de Linda. Durante todo o período de recuperação, seus pensamentos eram sempre os mesmos: quem lhe teria restituído o dom da visão? Que família teve o gesto magnânimo de, em um momento de extrema agonia, pensar em um outro desconhecido necessitado? Devia, ao menos, externar sua intensa gratidão!

Depois de muito insistir, conseguiu com o diretor do Banco de Olhos enviar um agradecimento àquela família. Desejou conhecê-los. A família de Linda respondeu que sim.

Dois meses depois da cirurgia, George se dirigiu à cidade onde morava a família de sua benfeitora. Estava muito ansioso e apreensivo. Logo ao chegar, sentiu que estava reencontrando amigos. Apesar de nunca terem se visto, sentiram-se bem à vontade uns com os outros. A mãe de Linda mostrou fotos e escritos da filha, admirando-se das semelhanças de interesses entre os dois: era impressionante como aquele rapaz pudesse ser tão parecido com sua filha.

Antes de partir, George ofereceu uma foto sua que foi colocada imediatamente em um porta-retrato na mesa da sala. Porque eles se sentiram tão atraídos uns pelos outros? De onde eles o conheciam? Esta dúvida ficou na mente de todos.

Seis meses depois da visita de George, a mãe de Linda resolveu remexer nos pertences dela para publicarem, em memória, seus poemas, textos, pensamentos. Encontrou um desenho, já esquecido, que há muitos anos não via – o retrato do rapaz. Ficou espantada. Foi mostrar ao marido, perguntando-lhe :

– Quem é este?

– Ora, este é o George! – respondeu o esposo. Quem fez este desenho?

Era o desenho que Linda havia feito cinco anos antes de morrer, a visão de Linda do homem dos seus sonhos!

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            Esta história verídica retrata fielmente como a justiça Divina age suavemente através do amor. Dois indivíduos comprometidos em reencarnações passados, não precisaram nem se encontrar na atual para que se reabilitassem, um restabelecendo a saúde do outro. A visão de Linda, na sua juventude, é uma prova de que ela teria que passar por este resgate para auxiliar George e as afinidades demonstram serem Espíritos afins envolvidos em uma evolução em comum.

Adaptação da equipe do Seara Espírita