O medo é um sentimento natural e necessário para que sejamos prudentes frente a perigos que possam prejudicar nossa vida. Como menciona Joanna de Ângelis em várias de suas obras*, o medo da morte resulta do instinto de conservação que trabalha a favor da manutenção da existência.
Esse sentimento, no entanto, é normal quando moderado; se excessivo, torna-se patológico, passando a nos prejudicar, fazendo com que vivamos mais com medo do que com tranquilidade.
Joanna de Ângelis aponta que existem pessoas que tem tanto medo do instante da morte, que se matam para não esperá-lo. Em outras, o medo da morte é de tal grau que passam a temer o envelhecimento, recorrendo a todas as formas de tratamento para manter uma aparência jovem, tentando mostrar aos outros e a si algo que não são.
Por mais que seja natural, o medo que temos das coisas não nasce conosco. Nós o aprendemos através das experiências que nos trazem alguma consequência ruim ou do juízo que fazemos daquilo que nos é desconhecido.
Sendo que aprendemos o medo, podemos desaprendê-lo, incorporando novas ideias e nos esclarecendo acerca do objeto do nosso temor.
Manoel Philomeno de Miranda, pelo médium Divaldo Franco, assegura: a desinformação e as concepções erradas sobre a vida futura são responsáveis pelo temor da morte.
Os fatores que, geralmente, geram esse medo descontrolado da morte são:
1º – Ninguém pode ter controle em relação a morte. Ela é certa para todos, pois a única coisa que é fatal na vida é o instante da morte. Todos os outros fatos da vida podemos modificar de acordo com nossas atitudes, mas a morte é inevitável.
2º – A falsa visão e informação que muitos possuem da morte, pois acreditam que existe um Céu e um Inferno, tornando apavorante a ideia de que respondemos pelos atos da vida através da condenação ou do descanso eternos.
3º – O Materialismo. Quanto mais nos prendemos aos bens materiais, mais tememos a morte, pois sabemos que não poderemos levar riquezas para o túmulo.
O Espiritismo ilumina os caminhos e faz ver com mais clareza e de forma racional, tanto a vida quanto a morte. Ele mostra que a terra é uma escola e que, por isso, devemos aproveitar as oportunidades que surgem para aprender e evoluir. E, principalmente, lembra que a verdadeira vida não é a material e sim a vida espiritual.
Além disso, a Doutrina Espírita trata a morte com a atenção necessária, já que é um fenômeno natural, ao qual todos estão destinados. Também responde aos nossos questionamentos através da Codificação, e prova a sobrevivência do Espírito através dos relatos de entes queridos que retornam para nos alertar sobre a vida pós-túmulo.
E dentre esses relatos predominam aqueles que nos elucidam que, após o desencarne, encontramo-nos com nossa própria consciência, recapitulando todos os nossos atos, corretos ou não, e suas conseqüências. Aquele que viveu de forma desonesta, conturbada, não terá, com certeza, a mesma tranqüilidade daquele que procurou viver retamente.
Por isso, se trabalharmos por termos sempre a consciência tranqüila, não teremos medo da morte, nem do que nos espera no mundo espiritual. Sabendo que tudo o que nos acontece é conseqüência de nossos atos, obtemos a tranqüilidade de que, agindo retamente, teremos bons resultados no futuro.
Os esclarecimentos da Doutrina Espírita nos proporcionam uma confiança maior em Deus, em suas leis, e em sua Justiça, sabendo e aceitando que nada nos acontece que não merecemos ou que não seja útil para nossa evolução.
Com a certeza da vida futura, passamos a ver a morte não mais como um fim, mas sim como a certeza de um recomeço. Buscando o desprendimento material, praticar a caridade e adotar Jesus por modelo e guia, não teremos o que temer, nem quanto ao futuro, nem quanto à morte.
Carina Streda
* Referências:
FRANCO, Divaldo. O Despertar do Espírito. pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6ª ed. LEAL. Salvador – BA. 2004.
______. O Ser Consciente. pelo Espírito Joanna de Ângelis. 10ª edição. LEAL. Salvador – BA. 2002.
______. Autodescobrimento. pelo Espírito Joanna de Ângelis. 14ª edição. LEAL. Salvador – BA. 2006.