Kiko voltava da Escola pensando no tema de casa: uma redação sobre a PAZ. Logo ao chegar, abriu o caderno para fazer a lição, mas não conseguiu começar, pois se deu conta que não sabia o que era exatamente a PAZ, nem onde encontrá-la.
Saiu, então, a procurar a “tal PAZ”. Lembrou de um sábio que morava ao pé da montanha e foi indagar-lhe. Mas o sábio lhe disse apenas:
– Procure pela PAZ e você a encontrará. Ela não está longe de você.
Kiko subiu a montanha, imaginando que assim estaria mais perto de Deus, pensando entender as palavras do sábio. Ao chegar no topo, sentiu uma grande tranqüilidade, mas com certeza não era ali que estava a PAZ. Do alto da montanha ele viu a praia e se dirigiu até lá. Ficou a ouvir o barulho do mar e a sentir o vento em seus cabelos. Pensou um pouco, e achou que, apesar de agradável, não era a PAZ que procurava.
Caminhou, então, em uma floresta, e viu flores, árvores e muitos animais, encantou-se ao observar a natureza, obra de Deus. Mas logo se sentiu triste e solitário e decidiu procurar alguém para conversar. No caminho de casa encontrou Juca, um senhor muito rico, que tinha muito dinheiro, muitas propriedades. Kiko perguntou-lhe sobre a PAZ, e logo se lembrou que Juca era mal-humorado, parecendo estar sempre de mal com o mundo. O senhor apenas lhe disse que estava muito ocupado e, além disso, não entendia nada de PAZ.
O garoto resolveu, então, voltar para sua casa. Kiko tinha uma família muito legal, pais carinhosos e inteligentes, que estavam ao seu lado em todos os momentos, e uma irmã de quem ele gostava muito. Ao chegar em casa sua mãe estava triste, pois ele havia saído sem avisar e demorou para voltar. Ela mandou ele tomar banho e não o deixou jogar bola com os amigos. Kiko ficou chateado, afinal saiu para descobrir onde morava a “tal de PAZ”, que era o tema de sua redação.
O domingo chegou. Era o seu aniversário; ganhou de sua avó um presente que há muito tempo queria: uma bola de futebol. Ficou contente, chegou a pensar que estava descobrindo o que é a PAZ e foi jogar futebol com seus amigos. Acabou discutindo com seu melhor amigo e descobriu que o presente tinha lhe trazido bastante alegria, mas não a “tal da PAZ”.
Na segunda-feira, ao voltar da escola encontrou várias pessoas no caminho e pensou: será que o PAZ não mora no meio do povo? Ficou distraído pensando, quase se perdeu. Logo descobriu que, às vezes, estamos junto de muitas pessoas e mesmo assim nos sentimos sozinhos.
Chegando em casa, pegou o seu caderno, sentou-se no jardim e escreveu “A PAZ”. Como não conseguia sair do título, resolveu refletir sobre sua busca. A PAZ não estava na imensidão das montanhas; na calma da praia ou na beleza da natureza. Também não parecia estar junto aos bens materiais, pois Juca, apesar de rico, não parecia conhecer a PAZ; não estava nos brinquedos ou no meio do povo, nem na família, pois discutiu com sua mãe e acabou de castigo.
Lembrou-se, então, de suas aulas de evangelização, dos ensinamentos de Jesus; da importância do perdão, da amizade, da colaboração e respeito na família. Veio a sua mente a imagem da evangelizadora dizendo que uma prece pode ser feita em qualquer hora e qualquer lugar, que não precisamos subir em uma montanha para estar mais próximos de Deus. Lembrou-se das palavras do sábio: “Procure pela paz e você a encontrará. Ela não está longe de você.” Parecia um enigma… Pensou … Recordou o dia em que, depois da aula, foi visitar os idosos do asilo e distribuiu muitos abraços e sorrisos; quando ajudou sua irmã com a lição de casa; e como se sentiu em PAZ quando fez as pazes com seu vizinho, pondo fim a uma briga.
Kiko percebeu que o sábio tinha razão, pois só encontraremos a PAZ através de nossas atitudes positivas: na família, na escola, no trabalho, no grupo social, no Centro Espírita, em qualquer lugar onde nos encontrarmos.
O garoto pegou o lápis e começou sua redação assim: Procure pela PAZ e você a encontrará. Ela está dentro de você, pois a PAZ do mundo começa dentro de cada pessoa.
Claudia Schmidt