O conceito de sucesso (bom êxito, resultado feliz) nos dias de hoje está fortemente ligado aos quatro deuses criados pelo homem: dinheiro, poder, fama e status – constituindo o novo politeísmo contemporâneo.
Vemos então o sucesso ser restringido às vitórias na vida material e aos prazeres que dela se pode usufruir. Observam-se gerações inteiras receberem essa informação como verdadeira, mostrando-lhes modelos e ídolos a serem seguidos e adorados, escondendo que a base desses símbolos é de ‘barro’. Isso é fato notório e comprometedor do desenvolvimento moral da humanidade na Terra.
O verdadeiro sucesso, aquele que proporciona a felicidade duradoura, está longe das vitórias acima citadas. Desde que o homem se reconhece como ser espiritual, imortal, vivendo no planeta uma de suas inúmeras experiências reencarnatórias, as suas conquistas e objetivos devem ser colocadas acima das vitórias materiais. Essas, podem ser boas e úteis como recursos, mas são problemáticas quando metas focais e como objetivos de vida. Dinheiro, poder, fama e status podem ser ótimos servos, mas são péssimos senhores.
O sucesso acalantado deve estar ligado a uma consciência tranquila, uma postura ética, que proporcione um bem estar coletivo através de boas ações, independente da condição sócio-econômica.
Uma mãe que, apesar de todas as dificuldades econômicas, é um bom exemplo de humildade e retidão para seus filhos, é um sucesso; um profissional que, apesar de não ser o mais famoso, nem o mais rico, trata com honestidade, qualidade e delicadeza a quem necessita de seus serviços é outro exemplo de sucesso; o homem público que não se corrompe quando no poder, apesar de tudo facilitar essa ação e procura utilizar-se da sua posição para o desenvolvimento da comunidade (e não do seu próprio bolso), mesmo quando não reeleito, é um homem de sucesso.
Há tantos exemplos de sucesso na vida cotidiana que passam desapercebidos do homem comum porque não são manchetes de jornais, nem notícia no rádio e na televisão, exatamente porque o modelo de sucesso está desfocado dos verdadeiros objetivos da vida.
Sucesso, excelência na vida, não está especificamente no fruto dos resultados das ações, mas sim na verdadeira intenção do agente. Algumas vezes o resultado pode não ter sido o desejado, mas a ação na direção de proporcionar o melhor é o que vale.
De forma muito lenta as conquistas morais estão tomando o seu verdadeiro lugar nas preocupações humanas. Hoje, a honestidade está ganhando mais importância que a esperteza; a caridade saiu da simples condição de esmola para se tornar um nobre sentimento de solidariedade; o egoísmo, a arrogância e a vaidade gradualmente vão sendo substituídos pela humildade, simplicidade e bondade.
Em termos gerais, ainda estamos distantes de constituir uma sociedade justa e humanitária, mas o ser que se coloca acima da matéria, antevê o sucesso e a felicidade como as conquistas do Espírito. Allan Kardec afirma isso de forma clara no comentário à questão 941 d’O Livro dos Espíritos (Ed. FEB):
O homem carnal, mais preso à vida corporal do que a espiritual tem, na Terra, penas e gozos materiais. Sua felicidade consiste na satisfação fugaz de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, mantém num estado de ansiedade e tortura perpétuas.(…) O homem moral, que se colocou acima das necessidades artificiais criadas pelas paixões, experimenta, já neste mundo, prazeres que o homem material desconhece. A moderação dos desejos dá ao seu Espírito calma e serenidade. Feliz pelo bem que faz, não há decepções para ele e as contrariedades deslizam sobre sua alma sem lhe deixarem nenhuma impressão dolorosa.
Luis Roberto Scholl