Dentre as várias tarefas na Seara Espírita, o exercício da mediunidade talvez seja o que mais carece de estudos, conhecimento e direcionamento. A compreensão da sua finalidade ainda está obscurecida para a maioria das pessoas e também para alguns tarefeiros portadores das faculdades psíquicas.
No livro Seara Bendita, o Espírito Raul Hanriot1 aborda importante questão sobre a mediunidade, que justifica uma análise mais criteriosa.
Ao longo da história do Espiritismo são demonstradas duas fases marcadamente delimitadas pelas suas características. Na primeira, época da codificação, nota-se a ocorrência dos fenômenos ostensivos em larga escala com o objetivo primário de chamar a atenção para depois iniciar o processo de consecução do embasamento teórico e consolidação da base doutrinária. Allan Kardec liderou e organizou esse trabalho metódico, auxiliado por vários médiuns de diversas partes do mundo.
Posteriormente, na segunda fase, foi o momento do trabalho missionário e do desdobramento das obras subsidiárias às obras básicas, dando seguimento e consolidação à Doutrina dos Espíritos.
No atual estágio, está surgindo a que Hanriot chama de a era da “mediunidade de parceria”, a qual deve se caracterizar pela preparação e evangelização dos trabalhadores da mediunidade, tornando-os canais apropriados tanto para o exercício missionário como para as expressões fenomênicas, segundo as necessidades das lides espíritas. O médium sai da posição de simples intermediário, de mero instrumento, para a posição de servidor consciente e participativo da obra entre os dois planos da vida.
A visão deste amigo espiritual é muito interessante e nos convida a uma reflexão aprofundada. É necessário ao trabalhador espírita uma reciclagem com a renovação de mentalidade e um posicionamento responsável. É preciso vontade e coragem para a realização da mudança interna imprescindível, buscando sempre servir ao Cristo no campo do serviço mediúnico.
1OLIVEIRA,Maria J.S. e OLIVEIRA,Wanderley S. Seara Bendita.3.ed. Por diversos Espíritos. Belo Horizonte, MG: INEDE, 2004. p.109 a 111.