“Espíritas! Amai-vos, esse o primeiro ensinamento; instruí-vos, esse o segundo.” Nessa frase o Espírito de Verdade1 definiu os dois grandes focos pelos quais devemos concentrar nossos esforços: o amor e a instrução.
Ciente da importância do estudo para a compreensão de uma nova ciência, Kardec2, o codificador da Doutrina Espírita, já sentia a necessidade de “Um curso regular de Espiritismo (…) com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de propagar o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos capazes de difundir as idéias espíritas e de desenvolver um grande número de médiuns (…).” E Kardec3 prossegue afirmando “Todos os dias a experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos princípios desta Ciência e feliz nos sentimos de haver podido comprovar que o nosso trabalho, feito com o objetivo de precaver os adeptos contra os escolhos de um noviciado, produziu frutos e que à leitura desta obra devem muitos o terem logrado evitá-los.”
Na introdução de O Livro dos Espíritos, Kardec4, já alertava “que o estudo de uma doutrina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado. (…) O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá. (…) Quem deseje tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das idéias. Que adiantará aquele que, ao acaso, dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras ignore? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa-vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e contraditória. O mesmo ocorre em nossas relações com os Espíritos. Quem quiser com eles instruir-se tem que com eles fazer um curso; mas, exatamente como se procede entre nós deverá escolher seus professores e trabalhar com assiduidade”.
Para finalizar, acrescentamos importante reflexão extraída do livro Consciência e Mediunidade5: (…) A Doutrina Espírita diferencia-se de outras, de caráter messiânico e oralizadas, nas quais vale a palavra do iniciado. O conteúdo da Doutrina Espírita é aberto a todos os que desejem apreendê-lo. Sem estudo, portanto, não há Doutrina Espírita.
1KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1996 .p. 129.
2______. Obras Póstumas. 6. ed. Araras, SP: IDE, 1997. p. 330-331.
3______. O Livro dos Médiuns. 62. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1996. introdução. p. 13.
4______. O Livro dos Espíritos. 76. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1995 .p. 31.
5Projeto Manoel Philomeno de Miranda. Consciência e Mediunidade. Salvador, BA: Leal 2003. p. 204.