Toda a vida inteligente na Terra tem um propósito. O entendimento da salvação, meta de todas as religiões, passa necessariamente pelo conhecimento desse motivo, pois se vivemos é porque há uma razão lógica e justa.
A Doutrina Espírita, o Consolador prometido por Jesus, vem esclarecer que todos os que transitam por este plano e por todas as dimensões da vida, deste e dos múltiplos planetas habitados, têm como meta principal chegar à perfeição. Todos estamos submetidos à Lei de Evolução. Do ponto de vista do Espírito, o único determinismo a que estamos sujeitos é o da evolução. Mas o ritmo dessa evolução dependerá dos esforços e construções de cada ser. Tudo progride e evolui e nada poderá deter essa marcha. A vida, com suas leis, autoreguláveis e autoaplicáveis, encarregar-se-á de criar as condições necessárias para despertar aqueles que, por ignorância ou acomodação, permanecem estacionários.
Para chegar à perfeição vivemos incontáveis encarnações. Cada vivência, um ciclo de aprendizagem de acordo com as nossas necessidades mais urgentes.
Ninguém irá realizar essa obra para nós. Nem o Cristo, que não veio para nos salvar, mas para mostrar e exemplificar o caminho.
O Espírito, encarnado ou no mundo espiritual, sempre se apresenta com a bagagem de aprendizado que já conquistou. Após cada encarnação, terá, na outra dimensão da vida, a destinação segundo as suas obras. Não serão apenas dois destinos: Céu e Inferno, pois infinitos são os graus de progresso das criaturas, como infinitas são as condições de vida nas muitas moradas da casa do Pai. “Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, eu vô-lo teria dito …” (Jesus – Jo 14, 1-3)
Intimamente, independente do local onde nos encontramos, vivemos a situação de harmonia ou desequilíbrio, felicidade ou infelicidade, conforme as nossas realizações.
Desse modo, podemos pensar na salvação ou perfeição, como o cumprimento de uma etapa na saga evolutiva do Espírito. Atingido esse patamar, não mais teremos necessidade de passar pelas provas e expiações. O Espírito perfeito já foi provado e se despojou, pelos próprios méritos, das enfermidades da alma. Está salvo do jugo da ignorância, dos vícios e dos pensamentos equivocados. Em poucas palavras: está salvo do erro. Não irá mais errar, pois eliminou de si próprio toda e qualquer imperfeição que leva ao equívoco.
Cabe ressaltar que a perfeição é apenas um patamar a ser alcançado. A partir daí, a saga evolutiva continua. Jesus, o ser mais perfeito que pisou no solo terreno, assim como os outros Cristos que dirigem outros planetas habitados, embora tendo atingido a perfeição, antes inclusive da formação da Terra, porque esteve à frente da sua construção, continua evoluindo.
Para cumprir com os desígnios maiores, Jesus nos oferece a regra máxima do amor. Amar ao próximo como a si mesmo, fazer ao outro o que gostaríamos que o outro nos fizesse. E a Doutrina Espírita apresenta a aplicação prática dessa proposta divina, através da caridade como âncora para a salvação, conforme mensagem de São Vicente de Paulo:1 Sede bons e caridosos: essa a chave dos céus, chave que tendes em vossas mãos. Toda a eterna felicidade se contém neste preceito: “Amai-vos uns aos outros.” Não pode a alma elevar-se às altas regiões espirituais, senão pelo devotamento ao próximo; somente nos arroubos da caridade encontra ela ventura e consolação.
Cleto Brutes
1KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. cap. XIII. Item 12.