Leo Buscaglia, escritor ítalo-americano em sua obra “Assumindo a sua personalidade” faz uma breve análise das sete maiores religiões do mundo: Taoísmo, Confucionismo, Budismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, Cristianismo; e chega à conclusão que há poucas divergências entre seus preceitos filosóficos/religiosos quanto à forma preconizada ao homem para viver bem nas relações consigo mesmo, com o próximo e com a Divindade. A conduta moral do ser humano, segundo essas religiões, deve ser baseada na caridade, no perdão, na benevolência, o que seria a tradução de uma vida nobre e digna a ser vivida.
Quando estudamos os grandes filósofos da humanidade, como Sócrates, Aristóteles, Platão, e outros, também vemos em seus princípios a defesa de uma vivência ético-moral semelhante às religiões estabelecidas, como uma forma ideal de viver.
A frase mais simples e profunda que traduz esta ideia, considerada o código universal de conduta que deve direcionar o homem de bem, é conhecida como a Regra Áurea: fazer aos outros o que gostaria que te fizessem.
Se há consenso sobre os pontos mais importantes entre todos estes sistemas filosóficos, porque o ser humano ainda digladia ante o seu próximo, muitas vezes utilizando o rótulo religioso como bandeira de luta?
Se o seguidor, crente ou fiel, seguisse os preceitos morais mais elementares de sua doutrina, certamente não haveria motivos de desentendimentos e disputas entre os homens. Mas, na realidade, da origem aos dias atuais, os princípios firmados pelos grandes fundadores das religiões foram grandemente deturpados, adulterados, distorcidos para favorecerem os interesses de alguns em proveito próprio.
Há coisa mais absurda do que guerrear em nome de Deus? E, até hoje, esse argumento é utilizado pelos pseudos líderes religiosos ou por poderosos políticos para inflamar e iludir o povo sobre as verdadeiras causas das guerras.
Todas as religiões, como são propagadas hoje, são pálidas amostras do que eram na sua origem. O Cristianismo é um exemplo disso.
A mensagem moral de Jesus, apesar de ainda ser divulgada, fica em segundo plano para grande parte dos cristãos, pois foi ela adornada e substituída pela orientação de suas lideranças religiosas, por rituais, sacramentos, fórmulas exteriores de demonstração de fé, deixando a essência de lado, que é a vivência dos postulados do Cristo, a transformação moral íntima, a prática da caridade, o exercício do perdão, a humildade.
Quando, no século XIX, a partir da Europa, surgiu, através do fenômeno da mediunidade, a Doutrina Espírita trazendo essencialmente a mensagem cristã renovada, questionou-se qual seria o objetivo de surgir mais uma filosofia na Terra que nos aspectos morais não trazia nenhuma novidade. Allan Kardec, o Codificador dessa nova doutrina filosófica, afirmou que era exatamente porque a moral do Cristo fora deixada à margem, que se fazia necessário revivê-la com o Espiritismo. Mas, além do seu aspecto filosófico-moral é também uma ciência experimental que, através da pesquisa mediúnica, reforça de forma racional os ensinamentos do Mestre, trazendo luz àquilo que havia ficado obscurecido ou fora adulterado pelos homens. Naqueles dias, no princípio da Era da Razão, não havia mais lugar para misticismo ou a fé cega, então os Espíritos Superiores sob as ordens de Jesus, trouxeram para a humanidade a doutrina da fé raciocinada.
A partir de então, compreendeu-se efetivamente a reencarnação (“é necessário nascer de novo”), a lei de causa e efeito (“a cada um segundo as suas obras”), a justiça divina, a pluralidade dos mundos habitados e a vida espiritual (“há muitas moradas na casa de meu Pai”), a interdependência entre os dois planos da vida: material e espiritual, a imortalidade da alma, o intercâmbio entre o mundo visível e invisível e tantos outros assuntos que, por falta de informação, não se conhecia o suficiente.
O homem, agora na fase da razão, onde a fé cega não tem mais lugar, ao estudar esses assuntos à luz da Doutrina Espírita não achará mais motivos para contestar o que as religiões há séculos, de forma teórica, já preconizavam.
Estudar o Espiritismo é compreender Deus como um Pai justo e amoroso, que não privilegia nenhuma de suas criaturas em detrimento de outra; é reconhecer Jesus como um dos filhos de Deus que já atingiu a perfeição e nos serve de modelo e guia; é entender-se como um Espírito imortal em experiência na matéria, cujo objetivo é eliminar imperfeições, entre elas as mais graves – o orgulho e egoísmo, e conquistar as virtudes para, após as muitas e necessárias reencarnações, atingir a perfeição relativa e a felicidade. Em suma, é reviver a mensagem do Cristo de amor e caridade, agora embasada no raciocínio.
Luis Roberto Scholl