Através de uma retrospectiva das condições de vida na Terra é fácil constatar que nas áreas da ciência e da tecnologia aconteceram avanços que as outras gerações jamais poderiam imaginar. Mesmo assim, a humanidade terrena tem experimentado momentos difíceis. A violência, a falta de valores ético-morais, os conflitos existenciais e as chamadas doenças da emoção são cada vez mais freqüentes.
A busca desenfreada pela satisfação dos prazeres e dos gozos, em detrimento dos sentimentos enobrecidos, das conquistas transitórias em prejuízo dos valores da alma imortal, tem contribuído para os desarranjos emocionais de muitas pessoas. Ao priorizar as conquistas no campo material, o homem tornou-se mais intelectualizado, mais individualista e, por conseqüência, mais distanciado de Deus. Afasta-se das pessoas, enquanto, como ser gregário por natureza, necessita da partilha do afeto e do calor humano. Por perder o contato com as coisas simples e com a natureza, o ser humano tornou-se insensível para perceber e admirar as belezas do Universo.
Esse fabuloso investimento científico-tecnológico tem oferecido à humanidade bens de alto significado, no entanto não conseguiu transformar moralmente a sociedade, eliminando o egoísmo, a violência, o ódio, as guerras, nem as enfermidades que são somatizadas pelos desconsertos emocionais, levando a transtornos muito graves1. A tecnologia e o conhecimento intelectual podem oportunizar facilidades e conforto, mas não solucionam os problemas da alma. Ao contrário, têm levado o ser humano a distanciar-se cada vez mais de si mesmo. Os recursos permitem que se viaje pelo mundo inteiro, mas não favorecem a viagem pelo universo interior, tão urgente e necessária. Sabe-se muito sobre o planeta, mas os indivíduos não buscam conhecer o seu mundo íntimo.
O ser humano não aprendeu a administrar seus pensamentos e sentimentos, e nem a lidar com suas emoções. Utiliza os melhores anos da vida e gasta as melhores energias em busca de uma especialização para o trabalho, mas não se prepara para o enfrentamento dos conflitos, das frustrações que fazem parte das experiências evolutivas.
Já é tempo de perceber que a vida retorna o que a ela se oferece. São as leis divinas, auto-reguláveis, que se encarregam de dar ao homem segundo as suas próprias construções. O universo trabalha sempre para o bem; as desarmonias vivenciadas são frutos da maneira equivocada de viver e conviver.
Por isso, é necessário aprender a viver também para o outro, construindo relacionamentos duradouros estruturados na sinceridade, no respeito e nos quais haja a partilha de ternura e afeto, não apenas a satisfação de sensações e desejos, normalmente egoístas.
Sem desprezar o progresso científico, muito salutar e necessário, é importante viver o momento presente de forma lúcida e consciente, sentindo cada momento e cada experiência, sem se angustiar pelo futuro que está sendo preparado agora.
Felizmente, já é possível verificar um número cada vez maior de pessoas em busca dos bons valores. As escolas, indo além da informação, estão oferecendo aos alunos uma educação voltada para os valores morais e ensinando os seus alunos a administrar seus conflitos e frustrações. Muitas empresas estão buscando despertar em seus funcionários o sentimento de solidariedade e de humanidade: é a espiritualização nos ambientes de trabalho. A medicina, que até há pouco tempo era exclusivamente materialista, já coloca a fé em Deus como um poderoso auxiliar no tratamento dos enfermos: é a ciência e a espiritualidade unindo-se. Já está comprovado que o perdão, o amor ao próximo e a ajuda ao semelhante, através das ações caridosas, são fontes de saúde e cura.
Dias melhores dependem do caminho que cada indivíduo escolher. Voltar-se para Deus, viver de forma otimista, ter uma conduta correta dentro dos princípios cristãos está ao alcance de todos, independente da crença, das condições econômicas e intelectuais. Cada um pode, com o seu esforço, auxiliar na construção de um mundo melhor, onde as criaturas possam, irmanadas pelo mesmo ideal, retomar o caminho do amor que conduzirá à paz, à felicidade e reaproximará de Deus, pois somente o amor será capaz de regenerar a humanidade terrena.
Cleto Brutes
1FRANCO, Divaldo. Nascente de Bênçãos. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 2.ed. Salvador, BA: LEAL, 2004. p. 179.