Em um velho artigo de revista, relatava o articulista sua vivência em país estrangeiro, onde cursava seu Mestrado. O objetivo do artigo, entretanto, era justamente o seu colega de quarto: um egípcio, cuja primeira coisa que fez, após instalar-se no novo lar, foi conhecer a vizinhança em busca de um templo religioso.
E qual não foi a surpresa de nosso relator ao perceber que o templo escolhido pelo colega fora uma igreja de ramificação cristã, a mais próxima do prédio onde moravam!
Diante do espanto do colega, o rapaz egípcio, com naturalidade, respondeu que, embora não sendo cristão, todos os templos religiosos são edificados a um mesmo Deus, ainda que com nomes diversos. E que, para ele, era mais prático ir fazer suas orações próximo de casa.
A intolerância religiosa vai contra princípios de amor e respeito que encontramos em todas religiões que buscam realmente uma “religação” com o Criador. Não há seita ou Doutrina destinada a dominar a crença comum no futuro. Nem mesmo o Espiritismo teria essa pretensão. Acontecerá que, nos dias que virão, os seres humanos dar-se-ão conta das suas realidades espirituais, por si mesmos e naturalmente.
Recorrendo a Fénelon: “Pois bem! Para praticardes a lei de amor, tal como Deus o entende, preciso se faz chegueis passo a passo a amar a todos os vossos irmãos indistintamente. A tarefa é longa e difícil, mas cumprir-se-á: Deus o quer e a lei de amor constitui o primeiro e o mais importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que um dia matará o egoísmo, qualquer que seja a forma sob que se apresente(…)”1
O limite de nosso amor é toda a humanidade. Dia chegará quando nossa família for a humanidade e a religião do futuro será o amor.
Letícia Müller
1KARDEC, Allan.O Evangelho Segundo o Espiritismo. 99. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1988. cap. 11. item 9