“Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua Justiça, que todas as coisas vos serão dadas de acréscimo. Assim, pois, não vos ponhais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu mal.” Jesus (Mt 6, 33-34).
Vivemos em um mundo onde o mal ainda se sobrepõe ao bem. A violência, as desigualdades sociais e as mais diferentes dificuldades exigem que os habitantes deste orbe vivam em constante alerta. Assim, raramente encontramos alguém que não esteja envolvido por uma apreensão qualquer.
Justas ou infundadas, nobres ou frívolas, as preocupações estão sempre a povoar a mente humana. As mais comuns estão relacionadas com a saúde, a subsistência. São de natureza afetiva, cultural, ou se relacionam com o futuro e a morte. Mas, dependendo do adiantamento espiritual de cada indivíduo, a maioria visa satisfazer a ganância, a vaidade e o desejo de poder.
Preocupação é uma ocupação antecipada de algo que ainda não ocorreu e poderá nem ocorrer. A função da preocupação é o de projetar, com o emprego de reflexões construtivas, soluções positivas para os perigos da vida, prevendo-os antes que surjam. O problema são as preocupações crônicas, aquelas que se repetem eternamente e nunca se aproximam de uma solução positiva, além de envolver coisas, a maioria das quais não tem a menor possibilidade de acontecer.
É necessário aprender a identificar situações que provocam preocupação, ou os pensamentos e imagens que, num relance, dão início à preocupação. Os preocupados precisam contestar ativamente os pensamentos preocupantes. O passo seguinte é assumir uma posição crítica em relação às suas próprias suposições. Quando se deixa uma preocupação repetir-se continuamente, sem que seja contestada, ela adquire poder de persuasão. Pensando numa série de pontos de vista igualmente plausíveis, impede que unicamente o pensamento preocupado seja ingenuamente tomado como verdadeiro.
O desgaste emocional de nos ocuparmos antes do tempo certo com as pessoas e coisas, ocasionam insônias, decepções e angústias pelo temor antecipado do que poderá vir acontecer no amanhã. Não confundamos “preocupação” com “previdência”, porque se preparar ou ser precavido para planejar os dias vindouros é tino de bom senso lógico, mas prudência não é preocupação, porque enquanto uma é sensata e moderada, a outra é irracional e tolhe o indivíduo, prejudicando-o nos seus projetos e empreendimentos do hoje.
As preocupações podem ser banidas, desviando-se a sua atenção. Preocupações não passam de pensamentos e estes podem ser abandonados.
O desejo e a busca de uma vida feliz são permanentes no ser humano, embora muitas vezes não nos demos conta disso. No entanto, procuramos a felicidade onde não a encontraremos, ou seja, nos bens perecíveis, dos quais somos meros usufrutuários. Um dos meios de encontrá-la é nos contentarmos com o necessário, encontrando prazer nas pequenas coisas que o universo diariamente nos presenteia.
Portanto, a nossa atenção e os maiores cuidados devem ser voltados ao ser imortal que somos, fazendo-o progredir intelectual e moralmente, através da conquista de valores elevados, como a bondade e a sabedoria, pelo auxílio aos companheiros de jornada, da forma como foi exemplificado nas sublimes lições do Mestre Jesus, sintetizadas na Sua recomendação maior: “Amai-vos uns aos outros.”. Agindo assim, a maior parte das nossas inquietações serão amenizadas ou até mesmo eliminadas.
Cleto Brutes