Em uma sociedade hedonista e materialista, onde a construção da felicidade se faz em bases frágeis da satisfação dos prazeres, é muito grande o sofrimento gerado por essa visão distorcida da realidade.
“O cotidiano demonstra que a busca insaciável do prazer constitui um tormento que aflige sem compensação. Quando se tem oportunidade de fruí-lo, constata-se que o preço pago foi muito alto e a sensação conseguida não recebeu retribuição correspondente” diz Joanna de Ângelis1.
O empenho aplicado na obtenção do prazer é diretamente proporcional à desilusão causada pela efemeridade dos momentos felizes proporcionados pela conquista.
Confunde-se facilmente prazer com felicidade. O prazer é sentimento agradável e momentâneo obtido quando se atinge uma meta ou algo. A felicidade é duradoura e profunda, proporcionada pela sensação de bem estar e paz de consciência. Às vezes, erroneamente, se busca a felicidade aumentando a cota de prazeres.
O sofrimento da impermanência, analisado pela filosofia budista, é causado pelo querer equivocado das coisas terrenas, temporárias, conforme a ilusão do prazer imediatista e enganoso, elegendo como prioridade o dispensável em detrimento do essencial. E para conquistá-lo, age segundo as tendências negativas, escravizando-se às paixões inferiores comprometendo tempo, saúde, família, amor e amizades.
Esta aventura de desfrutar determinados prazeres além das possibilidades, leva à dor, ao sofrimento e ao arrependimento tardio. A conseqüência inexorável é o desprezo à vida, a desilusão, a depressão, a saúde débil e os vícios como forma de compensação.
Criam-se, assim, sofrimentos desnecessários por encarar a vida de forma incorreta. Entre a impermanência da vida e a imortalidade da alma, deve-se buscar valores que transcendem à motivação que gera prazeres. Como assevera a mentora2: “Enfrentar as vicissitudes e superar os valores indicativos de prosperidade, de prazer injustificável, eis como poupar-se ao sofrimento”.
Ninguém foge às conjunturas que constituem a vida, portanto, os prazeres que não comprometem a integridade moral e física, quando sensatamente buscados, podem servir de estímulo e equilíbrio do ser.
Viver a vida em plenitude é aproveitar ao máximo a reencarnação, adquirindo um conjunto de conquistas para o Espírito no campo da sabedoria e do altruísmo, estimulando a coragem no enfrentamento das dificuldades, somados ao otimismo e à fé no futuro.
1FRANCO, Divaldo. Plenitude. Pelo Espírito Joanna de Ângelis 2.ed. Salvador, BA: LEAL,1991. p.22
2IDEM. p.23