Pedagogia de Jesus (A)

Jesus, quando viveu uma experiência humana entre nós, teve como objetivo principal nos ensinar o Amor. Dizia que era preciso amar os inimigos (Mt 5, 43-47); fazer o bem àqueles que nos perseguem e caluniam, a fim de que nos aproximemos do nosso Pai que está nos céus. Porque se o nosso Criador faz com que o sol tanto se levante para os bons como para os maus e faz chover sobre os justos e injustos, que recompensa teremos nós se só amarmos aqueles que nos amam?

E para pôr ao alcance de todos a lei moral com todas as suas consequências, como sábio educador, recorreu frequentemente às parábolas (Mt 13,10-23) e às situações do cotidiano a fim de interessar e atingir os seus ouvintes. Nessas histórias, e nos exemplos, utilizou coisas simples e pessoas humildes, para evidenciar que seus ensinos estavam ao alcance de todos.

No sermão da montanha, (Mt 5, 1-8) quando disse: bem-aventurados os pobres de espírito, porque é para eles o reino dos céus; bem-aventurados os que choram, porque serão consolados; bem-aventurados os que têm sede de justiça, porque serão saciados; bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia; bem-aventurados os que têm o coração puro porque verão a Deus, estava mostrando que o caminho da felicidade passa obrigatoriamente pela humildade.

Para exemplificar a fé, utilizou o exemplo do semeador (Mt 13,1-30; Lc 8,11-15), referindo-se à semente que cai em diferentes tipos de solos, mostrando que cada ser encontra-se em um nível diferente de sentimento, vivência e entendimento em relação à luz da sua palavra.

Nas parábolas dos talentos (Mt 25,14-30; Lc 19,11-28) e da figueira (Lc 13,6-9), demonstrou a necessidade e a responsabilidade que temos de progredir, aproveitar bem cada encarnação, produzindo bons frutos, de modo que, ao sair deste orbe, aos olhos de nossa consciência, estejamos melhor do que quando aqui chegamos.

Ao responder a pergunta dos apóstolos, acerca do cego de nascença (Jo 9,1-5), aproveitou a oportunidade para demonstrar que as lutas e as dores deste mundo vão além do resgate das faltas: servem para ativar oprogresso individual e coletivo.

No diálogo com Nicodemos (Jo 3,1-12) explicou a lei dos renascimentos ou reencarnação.

Encontrando com a mulher adúltera (Jo 8,1-11) mostrou àquela multidão cheia de vícios e iniquidades, que antes de apedrejar os seus semelhantes deveriam buscar em primeiro lugar corrigir os seus próprios erros, quando disse: quem estiver livre de pecado que atire a primeira pedra. Mostrou também, que por mais erros que tenhamos cometido até agora, sempre é tempo para o recomeço, quando diz àquela mulher: Vá e não peques mais.

Na parábola do Filho Pródigo (Lc 15,11-32) demonstrou a importância do amor e do perdão em relação àqueles que, equivocados, se perderam no caminho.

Quando expulsou os mercadores do Templo (Lc 19, 45-48), mostrou que não devemos comercializar as coisas de Deus.

Na doação da viúva pobre (Lc 21,1-4; Mc 12,41-44) e na atitude do bom samaritano (Lc 10,30-37), exemplificou a prática da caridade. Mas a caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores.

Concluída sua missão, aqui na Terra, antes de partir em direção ao Pai, nos deixou o roteiro: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14, 5-14).

Que o Mestre possa fortalecer nossa vontade e iluminar nosso caminho, para que tenhamos a coragem necessária de seguir suas pegadas, entendendo e vivenciando seus ensinamentos.

Publicado no Seara Espírita, ano V, nº 56, julho 2003.

 

Cleto Brutes