A melancolia se apresenta como uma vaga tristeza que se apodera do coração, quase de maneira imperceptível, levando a pessoa a considerar amarga a existência. Se não combatida no íntimo do Ser, pode desencadear estados de angústia profunda e depressão.
François de Gèneve, no capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo, alerta-nos que esse estado representa o esforço do Espírito que aspira a liberdade e tenta em vão sair da prisão do corpo físico. Como as lembranças da vida espírita não podem ser vividas naquele instante, o indivíduo, inconscientemente, prostra-se em desânimo, apatia e infelicidade.
Este abatimento não se revela pelas impressões do Espírito, mas através de pequenos contratempos do cotidiano, coisas simples e corriqueiras que assumem cores mais escuras que a realidade. Ouvir uma reprimenda, tirar notas baixas na escola, desentender-se com um familiar… Qualquer motivo serve para desencadear um estado mais profundo de melancolia.
Uma das maneiras de enfrentar a melancolia é identificar o agente causador e, o mais rápido possível, atacar a raiz do problema, solucionando-o.
“Em uma escola havia um professor muito estimado pela espontaneidade e alegria que dele emanava. Todos o procuravam quando passavam por dificuldades. Quando ele via alguém com um semblante tristonho a caminho de sua sala, ele pegava um papel e uma caneta e perguntava: “- Qual é o problema?” A medida que a pessoa ia falando ele ia anotando todas as queixas: notas baixas, briga com a melhor amiga, derrota no esporte, um resfriado… Em grande parte, as situações eram coisas simples e de fácil solução, se buscada com seriedade. Normalmente, as pessoas que iam conversar com ele, ao olhar as muletas que ficavam escoradas na sua escrivaninha e que denunciavam a paralisia do jovem mestre, sentiam-se envergonhadas por entristecer-se por tão pouco.”
A melancolia pode ser estimulada por uma mágoa, um pneu furado, uma dificuldade amorosa, um dia vazio, um bolso vazio, um estômago vazio, um coração vazio…
Mentalmente, pode-se puxar um papel e escrever exatamente o que provoca este estado de infelicidade e trabalhar para eliminá-lo. Algumas coisas são imodificáveis, outras não, identificá-las é que diferencia o homem sereno do homem melancólico.
Aos primeiros sinais de melancolia pode-se utilizar antídotos: sair da rotina e fazer algo diferente, que desejava há muito tempo, mas nunca tivera oportunidade de fazer; dedicar-se a dar alegria a alguém, sem exigir absolutamente nada em troca; adquirir novos conhecimentos, leituras, amizades; buscar na memória momentos da vida em que sentiu extrema felicidade e valorizar a vida.
A melancolia está diretamente ligada ao estado de espírito da solidão e do ócio. Então, não seja solitário, não seja ocioso. Se for ocioso, não seja solitário; se for solitário não seja ocioso.
Ao reencarnar na Terra, recebemos de Deus uma missão que não podemos desertar e da qual muitas vezes nem suspeitamos, quer seja junto à família, quer cumprindo outras obrigações. A nossa felicidade, presente e futura, depende do cumprimento dessa missão com alegria até o fim.
Luis Roberto Scholl