Todos nós sem exceção, mais cedo ou mais tarde, chegaremos ao final desta vida, para onde, temporariamente, viemos ocupar um corpo físico, visando a depuração e a elevação do espírito que é eterno.
A morte apenas liberta a alma. O espírito, após um período de perturbação, mais ou menos longo conforme seu grau de evolução, pouco a pouco vai tomando consciência da sua nova situação. Atraído, para o local de seu merecimento, dará continuidade a sua vida espiritual, momentaneamente interrompida.
Graças às comunicações espíritas, os seres além-túmulo vêm nos descrever a sua situação, falar-nos do que fazem, mostrando o que nos aguarda nessa outra dimensão, conforme nossos méritos e deméritos. Dizem respeito à ocupação do tempo numa situação onde não há a luta pela sobrevivência, nem as necessidades materiais ou as doenças. Isso para espíritos já equilibrados, pois os que carregam consciência de culpa ou ainda estão presos e apegados às recordações materiais, a situação é diferente e podem surgir lutas muito parecidas com as vividas pelos homens encarnados.
Deus, em sua soberana justiça, nos legou o trabalho como instrumento de aperfeiçoamento, ao qual todos fatalmente estamos predestinados. Assim, nunca há interrupção na atividade dos espíritos. Estejam encarnados ou desencarnados, sempre haverá o que fazer, o que aprender.
As missões dos Espíritos têm sempre por objeto o bem. Além de melhorarem pessoalmente, concorrem para a harmonia do Universo, executando a vontade de Deus, de quem são ministros. São incumbidos de auxiliar o progresso da Humanidade, dos povos ou dos indivíduos.
Os Espíritos da ordem mais elevada não se acham em repouso absoluto, pois a ociosidade eterna seria um eterno suplício. Têm a missão de receber diretamente as ordens de Deus, transmiti-las ao Universo inteiro, velando para que elas sejam cumpridas. Outros tomam os indivíduos sob sua proteção, constituindo-se seus gênios tutelares e anjos de guarda e os acompanhando desde o nascimento até à morte, buscando encaminhá-los pela estrada do bem.
Os Espíritos menos elevados, menos depurados e, menos esclarecidos, numa esfera de atividade mais restrita desempenham funções análogas.
Os Espíritos vulgares, nem tão bons e nem tão maus, que pululam em torno de nós, ainda atraídos pelos vícios e virtudes dessa humanidade, falam-nos, vêem e observam aquilo que se passa; participam de nossas reuniões, escutam as nossas conversas. Em muitos deles encontramos os gostos, idéias e inclinações que possuíam em vida. Mas todos aspiram ao aperfeiçoamento, porque todos compreendem que é este o único meio de sair da inferioridade. Instruir-se, esclarecer-se eis a sua grande preocupação, e eles se sentem felizes quando podem a isso acrescentar pequenas missões de confiança, que os elevam aos seus próprios olhos.
Há também os Espíritos impuros, cuja preocupação única é o mal. Sofrem e desejam que todos sofressem como eles. Investem contra os homens, atacando os que lhes parecem mais fracos. Excitar as paixões ruins, insuflar a discórdia, separar os amigos, provocar rixas, espalhar o erro e a mentira, ou seja, desviar do bem, tais são os seus pensamentos dominantes.
Assim, obedecendo as Leis do Criador, os Espíritos se ocupam com as coisas deste mundo conforme o grau de elevação ou de inferioridade em que se encontram. Os Espíritos Superiores dispõem, sem dúvida, da faculdade de examiná-las nas suas mínimas particularidades, mas só o fazem na medida em que isso seja útil ao progresso. Unicamente os Espíritos inferiores ligam a essas coisas uma importância relativa às reminiscências que ainda conservam e às idéias materiais que ainda se não extinguiram neles.
Então, compreendendo o verdadeiro sentido da vida, em todas as suas dimensões, inspirados no modelo de amor e caridade, exemplificado por Jesus, temos o dever e a responsabilidade de, constantemente, buscar a nossa evolução moral, atingindo, assim, um certo grau de merecimento, para quando do retorno à pátria espiritual, possamos usufruir de uma situação um pouco melhor da que quando aqui chegamos.
Texto baseado no Capítulo X, Questões 558
a 584 de ” O Livro dos Espíritos” e na Revista Espírita,
Abril de 1859, ano II, n.º 4 – Edicel