Todos os pais sentem, intuitivamente, a profunda responsabilidade que têm perante os filhos. A dedicação, o esmero, os cuidados diferenciam apenas nos graus de compreensão, entendimento do que, efetivamente, é o melhor para a educação dos filhos.
A vaidade e o egoísmo levam, muitas vezes, os pais a equivocarem-se nos excessos ou na falta de atenção. Um pensador disse que as crianças são estragadas pela indiferença ou pela severidade, jamais pela bondade. O amor, como forma sublime de educação, não contaminado pela vaidade ou superproteção é a forma de implantarmos o reino da fraternidade em nosso lar. Emmanuel destaca a importância da orientação segura da prole quando afirma que “independência desregrada gera violência, tanto quanto violência gera independência desregrada”.1
Ao compreender que o papel dos pais não é a propriedade, mas a guarda provisória de um ser espiritual imortal, com muitas reencarnações, entende-se que eles devam preparar-se para aceitar o filho com qualidades a serem aprimoradas e imperfeições a serem corrigidas, com dedicação, benevolência, paciência e persistência.
A parábola do filho pródigo (Lc 14, 11-32) é o exemplo do Pai que nunca desiste, que ama incondicionalmente a todos os filhos e está de braços abertos, aguardando o retorno daquele que se equivoca. Deus é este pai, que não tem pressa, que criou o tempo e as reencarnações, as provas e expiações para que o filho pródigo (toda a humanidade) tenha oportunidades de se arrepender e resgatar os erros cometidos. Não condena nenhum de seus filhos a penas e sofrimentos eternos, oportunizando tantas vezes forem necessárias para o crescimento do indivíduo. O Evangelho de Cristo coloca como regra áurea para a evolução o perdão às ofensas, sendo contraditório se o próprio Criador, suprema inteligência e bondade, agisse contrariamente, não oferecendo a reencarnação como o “Seu perdão”.
Como pais humanos, ainda falíveis, com inúmeras imperfeições, é de extrema necessidade a compreensão e a prática do perdão: consigo mesmo, pelos erros cometidos e, sobretudo, com os filhos que erram nas suas escolhas, apesar de muitas vezes bem orientados, procurando ser o pai que nunca desiste, com a certeza de que a semente boa plantada, frutificará, mais cedo ou mais tarde, nesta ou em outra reencarnação.
Luis Roberto Scholl
1XAVIER, Francisco; PIRES, J. Herculano. Na Era do Espírito. Pelo Espírito Emmanuel. São Bernardo do Campo: GEEM, 1973. p.49.