Divaldo Franco, em palestra proferida na Casa de Oração Bezerra de Menezes, em 8 de maio de 1998, expôs a proposta de Joanna de Ângelis de Novos Rumos para o Centro Espírita, baseada em uma triologia: Espiritizar, Qualificar e Humanizar.
O médium iniciou lembrando que Kardec estabeleceu como normativa de dignificação do Movimento Espírita : trabalho, solidariedade e tolerância, embasado nos ensinamentos de Pestalozzi, grande educador. Através do trabalho o indivíduo administra o conhecimento, liberta-se, esclarece-se; a solidariedade conduz à união, tornando o ser parte integrante e equilibrado de um todo; e a tolerância permite a convivência e a compreensão dos limites de cada um, inclusive os próprios.
A Casa Espírita é um local de trabalho (para todos), de solidariedade (entre todos) e de tolerância (para com todos). É também uma escola e uma oficina e, ao mesmo tempo, um hospital de almas, onde consolo, esclarecimento, trabalho e amor são as terapias oferecidas. Assim, o Centro Espírita não é a parede, o chão, o teto; é, realmente, a união das pessoas que ali estão, freqüentadores e trabalhadores, encarnados e desencarnados.
Joanna de Ângelis, orientando sobre responsabilidade e crescimento espiritual dos Centros Espíritas, sugeriu um triângulo eqüilátero. No vértice superior colocou o verbo Espiritizar, através do estudo, da reflexão, do conhecimento, visando a lapidação das arestas morais; porque ser espírita “é empenhar-se para ser hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje”.
Espiritizar tem, também, o sentido de resgate, de atrair as pessoas que apenas freqüentam o Centro para que se tornem praticantes, adotando o Espiritismo e não querendo ser adotados por ele, permitindo que o Espiritismo entre neles e não apenas eles entrem no Espiritismo. É viver a Doutrina como ela é, na sua essência, sem adulterações, modismos, sem adaptações e sem outras correntes de idéias, por mais respeitáveis que possam ser.
A segunda etapa do triângulo é a Qualificação. Qualificar significa adquirir a consciência da responsabilidade e do conhecimento necessários à tarefa do bem; é saber o que fazer e como realizar; não significa ser exageradamente instruído ou técnico, mas ser, ao menos, preparado para a tarefa. Como nos diz Divaldo: “… buscar a qualificação espírita é tentar saber realmente o que é o Espiritismo… procurar melhorar as qualidades morais, sociais, familiares, funcionais e as de trabalhador da Casa Espírita…”
O vértice da direita é a humanização, o sentimento de humanidade, que é a caridade na sua mais pura expressão. Humanizar é o oferecer-se, o despersonalizar-se, libertando-se do ego dominador para se dedicar ao próximo, colocando-se no lugar dele, para ajudar com alegria e amor. É a percepção de que tudo o que se faz visa o ser humano, espírito imortal, rumo à perfeição.
“O Espiritismo é a nossa escola, a nossa oficina, é nosso santuário e também nosso lar.” O lar onde erramos, acertamos, aprendemos; o lar que nos mostra que é possível viver em sociedade, fraternalmente, com tolerância e humanização, evoluindo sempre.
Divaldo encerrou sua palestra deixando-nos um desafio: “com esses requisitos eu devo ser bom, nobre, justo, paciente, gentil, e se eu tiver algumas dessas qualidades, já terei o suficiente para ser um homem de bem, embora outras tantas ainda me faltem, mas que eu procurarei conquistar através dos tempos futuros.”
Baseado no livro Novos Rumos para o Centro Espírita
Palestra de Divaldo Pereira Franco
Livraria Espírita Alvorada Editora