Para entendermos o ser humano em sua complexidade, propomos estudá-lo sob o seu tríplice aspecto:
– É um ser animal:
Pelas leis da matéria, o homem atual é resultado da evolução de seres mais primitivos. Para o ser inteligente (Espírito) poder atuar na matéria houve o progresso para o modelo humano que somos hoje. Essa posição foi conquistada nos milhares de anos de evolução e está longe de ter atingido a sua plenitude. Por entender-se um ser espiritual, em imprescindível estágio na matéria através do corpo físico, procura atender as necessidades deste (conforto, bem-estar, alimentação saudável, tranqüilidade financeira, desenvolvimento da civilização), sem desvirtuar os verdadeiros objetivos da encarnação, tornando relativa a importância das conquistas materiais.
132*: “Qual o objetivo da encarnação? – Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição (…)”.
134: “O que é a alma? – Um Espírito encarnado.”
– É um ser social:
A dependência física, principiada pela própria geração do corpo, as necessidades e cuidados da família, do berço até a velhice – não só os cuidados físicos como também os de afeto e atenção, conduzem ao entendimento de ser o homem um indivíduo essencialmente social, tanto no âmbito do amparo material, como no âmbito emocional (amor e carinho). Não há possibilidade de sobrevivência e nem de evolução se não conviver em grupos ou sociedade.
766: “A vida social está na Natureza? – Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade (…).”
– É um ser espiritual:
A razão, o sentimento, o intelecto, as qualidades morais residem no Espírito. É o que nos diferencia dos animais irracionais. Mas, assim como o corpo físico, também o Espírito segue uma lei de evolução: parte do princípio inteligente, simples e em ignorância, que estagia nos reinos inferiores da natureza, passa pelo reino hominal, onde adquire virtudes e supera imperfeições para atingir o estágio angelical dos Espíritos puros. Essa evolução é decorrente da lei natural, onde tudo progride, mas, especialmente no campo moral, ela ocorre de acordo com a vontade do Espírito, seu livre-arbítrio, e o desejo de conquistar virtude e sabedoria, abandonando os vícios, a preguiça e as demais imperfeições morais.
135 – a: “(…) O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:
1º) O corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2º) A Alma. Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;
3º) O princípio intermediário, o perispírito, substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. (…)”.
Somente olhando o ser humano, como criatura divina, sob esses três ângulos é que compreendemos a sua natureza e o seu glorioso destino, seus objetivos de vida e de evolução, para que, progredindo em todas as áreas do conhecimento e do sentimento, através de seu esforço próprio, atinja o destino de todos os filhos de Deus: a felicidade plena.
540: “(…) É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, da qual o vosso Espírito limitado ainda não pode abranger o conjunto.”
* As numerações correspondem ao número da questão de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Luis Roberto Scholl