Certo dia aproximei-me daquela casa espírita. Cheio de receio por tudo o que me diziam a respeito dos espíritas, mas a curiosidade era tanta que quando me dei por conta já estava entrando e não foi possível mudar de idéia. Minha mente advertia… tenha cuidado… tenha cuidado… Afinal de contas estava ignorando o conselho de um colega que dizia “- Não vá à casa espírita! Você vai ficar horrorizado com o que fazem lá”.
Mas agora já era tarde. Uma senhora, com estranha bondade, convidou-me a entrar. Atento a tudo e a todos sentei-me na última fileira. Pensei comigo – aqui está bom, estou mais perto da porta.
Logo comecei a prestar a atenção na palestra, pois a platéia estava atenta ao que dizia um senhor de meia idade. Falando sobre coisas que eu não podia entender, ou talvez não queria, pois tinha receio.
Aos poucos fui me sentindo à vontade. Que estranho, pensei. Há muito tempo que não me sentia tão bem, parecia que aquele pesado fardo que eu estava carregando tinha ficado mais leve. As palavras, aos poucos, foram me envolvendo e então percebi que aquele senhor falava de perdão, de caridade, de fazer bem ao próximo, da reforma íntima para ser feliz. Falou até de Jesus.
Após a palestra, fui convidado a ir a uma outra sala. Vi uma senhora se aproximar de mim, impondo suas mãos sobre minha cabeça, parecendo estar em oração. Atento a tudo e a todos, por via das dúvidas também resolvi fazer uma prece, já que não fazia há muito tempo.
Quando ia para casa, pensando no que tinha me acontecido, como estava me sentindo melhor, tive vontade de retornar outro dia.
Era uma tarde de sábado, novamente eu me aproximava daquela casa. Para meu espanto, crianças e jovenzinhos também estavam chegando. O que será que fazem aqui estas criaturinhas? Será que elas não têm medo? -intimamente me indagava. Assim que entrei perguntei àquela senhora, minha conhecida do outro dia, o que faziam lá aquelas crianças. Bondosamente me explicou que estavam ali para as aulas de Evangelização Infantil e para o encontro dos grupos de jovens. Eles também estudavam a Doutrina Espírita e os ensinamentos de Jesus.
E assim, aos poucos fui conhecendo e me envolvendo com as atividades daquela casa. Hoje, quando me perguntam sobre essa escola de almas que frequento, eu brinco: “- Não vá a casa espírita… pois você vai ficar impressionado com tantas coisas boas que acontecem lá”.
Essa é a história de um personagem fictício que já foi vivido por muitos que, mesmo diante dos preconceitos, da ignorância e da desinformação que ainda há em relação à Doutrina Espírita, se dispuseram a conhecê-la. E a despeito de tudo, surpreendem-se com uma realidade muito diferente daquela apregoada pelos que, mesmo desconhecendo, emitem pareceres sobre algo que não se dispõem a compreender.
Cleto Brutes