Deus, por amor e bondade, criou o ser humano para a felicidade, mas permitiu que esse estado fosse o fruto do esforço individual, para que, a cada nova existência, fosse adquirindo conhecimento e sentimento, ciência e virtudes. No entanto, nessa longa ascensão, muitas vezes o homem permanece a margem do caminho, distanciado dos reais propósitos da sua criação, embriagado pelos sentidos ainda animalizados, deixando-se conduzir pelo egoísmo e pelo orgulho e, desse modo, desperdiçando tempo e esforço em lutas que nada constroem, a não ser aflições e dores que terá como lei de retorno.
Esquecido de que a vida na dimensão física não é uma maratona nem uma competição em que precisa vencer aos outros, envolve-se em disputas com os irmãos de caminhada. Por quimeras, magoa aquele com quem convive no lar, quando deveria desenvolver o afeto, a tolerância e a compreensão. No trabalho, em nome de um modelo individualista que estabelece regras egoístas, o ser humano luta numa competição desarrazoada, para ser o melhor e ocupar os melhores postos. Na vida social, olvida a ética e a moralidade em busca de projeção, que se apagará com o tempo.
No campo do poder, vê-se nações jogadas em conflitos alimentados por governantes que ignoram os tormentos que causam aos outros, além da colheita espinhosa que terão que fazer.
Quantos seres que, depois de uma vida toda cheia de ódio, de mágoas, nos últimos instantes procuram reconciliar-se. Outros que, após uma longa disputa para vencer aos outros, sentiram-se diante de um vazio existencial. Quantas nações que após quase destruírem-se, acabaram selando a paz.
Vê-se assim, quanto sofrimento poderia ser evitado. Desse modo, é forçoso inferir que é falta de inteligência e bom senso, sem falar no desamor, agir contra alguém, pois, um dia, pelas leis da vida, todos serão levados a reconciliar-se perante aqueles que, de uma forma ou de outra, prejudicaram. A reconciliação é uma necessidade, não como uma imposição de Deus, mas pela própria consciência endividada, que não estará em paz até que todos os erros tenham sido reparados.
Sabe-se que ninguém vem a este mundo para viver na ociosidade. O Reino de Deus na Terra não será estabelecido sem esforço. Assim, as lutas serão necessárias e estarão sempre presentes no caminho daqueles que passam por este orbe. Mas, quando o ser humano acordar para o verdadeiro sentido da vida, verá que não veio ao mundo para ser melhor que ninguém. Não mergulhou nessa viagem de retorno à dimensão física para lutar contra aqueles que deve aprender a amar, mas está aqui para lutar contra as suas imperfeições. Por isso, vencer o egoísmo e o orgulho, controlar os sentimentos desarmonizados, vigiar os pensamentos, essa é a boa luta que se deve empreender sem esmorecer.
Somente quando os esforços forem direcionados para o bem, quando a paz for a bandeira universal, quando o amor for o combustível que move cada coração, ver-se-á este planeta, de expiações e provas, mais rapidamente transformar-se num mundo melhor.
Cleto Brutes