O instinto de conservação do corpo físico é uma lei natural, pois a vida material é necessária ao aperfeiçoamento moral do espírito. É também natural o desejo do bem-estar e do progresso material, mas ele não deve objetivar a estagnação do avanço moral da humanidade.
Ele (Deus) não condena a procura do bem-estar, desde que não seja conseguido à custa de outrem e não venha a diminuir-vos nem as forças físicas, nem as forças morais. (Questão 719, LE)
Deus oferece aos seres humanos condições de sobrevivência, através de um planeta em equilíbrio e rico em recursos naturais. Freqüentemente, porém, seus habitantes, por egoísmo e imprevidência, utilizam mal os recursos colocados à disposição pelo Criador. Assim, no que tange ao gozo dos bens terrenos, é importante o uso da razão, aliada à responsabilidade, a fim de que não sejam cometidos excessos, preservando o limite entre o necessário e o supérfluo e evitando os desequilíbrios físicos e ambientais.
A natureza não pode ser responsável pelos defeitos da organização social, nem pelas conseqüências da ambição e do amor próprio. (Comentário à questão 707, LE)
Quanto às privações voluntárias, elas devem ter como objetivo a abstenção dos gozos inúteis, desprendendo o espírito da matéria, com o objetivo de fazê-lo progredir, sem impedir a prática do bem. Porém, os excessos e os abusos de toda a ordem são prejudiciais, pois a Deus somente agrada aquilo que é útil e não é nocivo a quem o utiliza ou a outrem.
Sofrer alguém voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos do Cristo. (Questão 726, LE)
Claudia Schmidt
Referência
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 84 ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003. questões 702 a 727.