Sendo o ser humano um indivíduo gregário, a convivência em grupos, como na família, no trabalho profissional, nos grupos religiosos, proporciona o desenvolvimento das virtudes exemplificadas por Jesus. No trato diário, um dos valores mais significativos a desenvolver é o afeto. Através de atitudes envoltas em ternura manifestam-se sentimentos como amizade, compreensão, carinho, respeito e indulgência.
Desse modo, merecem especial atenção as palavras proferidas, colocando-se amor no que se pensa e diz, emanando, assim, bons fluidos. Também é importante aprender a ouvir. Ouvir é mais que escutar; ouvir é interpretar com bondade e benevolência, sem procurar algo negativo nas entrelinhas. É abrir o coração, sentindo no outro um irmão de caminhada, com dificuldades e esforços semelhantes aos nossos.
A convivência nos Grupos de Trabalho Espírita, muitas vezes, é regada de expectativas de delicadeza e consideração nos relacionamentos, como expressão de uma evolução espiritual que a maioria dos companheiros de ideal não têm. Muitas atitudes impensadas e cobranças, baseadas nesse falso ideal de elevação, podem acarretar, além de desequilíbrio espiritual, desgaste emocional, isolamento e mágoas, fazendo com que muitos trabalhadores se afastem do Grupo Espírita.
Isso ocorre porque esquecemos que todos estamos evoluindo espiritualmente, posto que se já tivéssemos atingido a perfeição não estaríamos reencarnados neste Planeta de Provas e Expiações. Se estamos aqui, analisando-nos com sinceridade, descobriremos um rol de virtudes ainda por desenvolver, estando entre elas, muito provavelmente, o afeto.
Ermance Dufaux, no livro Laços de Afeto1, traz profundas reflexões acerca do afeto manifesto em pensamentos, palavras e atitudes, em nossos grupos de convivência, especialmente com os irmãos de ideal, companheiros de trabalho na Seara do Cristo:
“Afeto no ato de ouvir é a caridade da atenção. (…)
Afeto na atitude de valorizar o esforço alheio é a caridade do incentivo. (…)
Afeto na saudação é a caridade da cordialidade. (…)
Afeto na delegação é a caridade da cooperação. (…)
Afeto na palavra, caridade da brandura. (…)
Afeto na tolerância, caridade da indulgência. (…)
Atenção, incentivo, cordialidade, cooperação, confiança, tolerância, brandura e indulgência são as “caridades de casa”, pródigas fontes formadoras do espírito familiar que deve enlaçar os grupamentos erguidos em nome de Jesus e Kardec.
Caridade no grupo é obtenção de paz, alívio de culpas, restauração do afeto pela compensação em dar, exercícios de Amor pela didática da solidariedade, revitalização energética, reposição consciencial, desarticulação dos reflexos da educação infantil, desvinculação obsessiva, lenitivo, conforto e alívio para caminhar.
Estudemos mais sobre caridade relacional e compreendamos melhor os benefícios da vivência do afeto em favor de nosso futuro espiritual, porque então descobriremos, pelo estudo e pela vivência, que amar é vigoroso preventivo que elimina grande parte de nossas dores provacionais na escola da convivência.”
1OLIVEIRA, Wanderlei. Laços de Afeto. Pelo Espírito de Ermance Dufaux. 5. ed. Belo Horizonte: INEDE, 2004. p. 135 e 136.