A década de 60 foi uma época de profundas transformações na cultura, nos valores e na sociedade cujos reflexos, positivos e negativos, produzem efeitos até hoje.
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, especialmente a televisão, as mudanças que antes aconteciam de forma mais lenta, passaram por um processo de aceleramento, provocando conflitos entre as gerações.
Um dos resultados foi o surgimento relâmpago de ídolos globais que serviram como verdadeiros ícones para uma juventude ainda desorientada. O exemplo maior disso foi o surgimento dos Beatles, que provocavam histeria e balburdia por onde passavam, deixando fãs excitados e perturbados. As loucuras e os delírios que se vê hoje no jovem quando busca seus ídolos, pode-se dizer que teve início naqueles tempos. Sacrifícios monumentais, gestos exorbitantes, atitudes exóticas e exageradas, imitações descabidas: tudo vale para poder se aproximar do ídolo.
Pergunta-se: isto é uma atitude normal? É coisa da idade? Não vemos adultos agindo da mesma forma? Difícil explicar esses atos, ainda mais quando se percebe que o indivíduo admirado é um ser humano comum, tão ou mais imperfeito que a grande maioria.
Já perceberam que, quando envolvido na grande massa, a criatura faz coisas que jamais faria individualmente?
Esse assunto, com outra roupagem, foi estudado por Allan Kardec na Codificação Espírita quando aborda o tema Convulsionários em O Livro dos Espíritos (questões 481 a 483). Em estado de exaltação fanática e entusiasmo exagerado o indivíduo perde o bom senso e a razão e, por afinidade, age sob efeito magnético das grandes massas e também sob influência de Espíritos inferiores que desejam induzir comportamentos bizarros e ridículos em suas vítimas, aproveitando-se de disposições naturais da mesma. Assim, o indivíduo enfrenta verdadeiros suplícios que, em condições normais, não enfrentaria: passa dias em uma fila para comprar ingressos (seja para um show, seja para um jogo), não sente fome, frio ou dor, não dorme, chora descontroladamente, pode agir com brutalidade ou passivamente, entre outras situações extremadas. Nesses casos, as pessoas sofrem e exercem influência umas sobre as outras, são magnetizadores e magnetizados ao mesmo tempo, claramente de forma negativa. Isso pode acontecer também em grandes concentrações religiosas, onde impera o fanatismo e a fé cega.
Quanto aos ídolos, isto não significa que não possamos admirar determinado artista, músico ou esportista, mas sempre sabendo colocá-lo no seu devido lugar: como alguém que é admirado pelo seu talento e nada mais.
Mesmo os grandes homens, aqueles que fizeram e fazem a diferença positiva no mundo, são seres com imperfeições, mas que servem como bons exemplos para o ser humano, e não como ídolos perfeitos.
O único e verdadeiro ídolo, que serve de modelo e guia para a humanidade, os Espíritos nos confirmaram na questão 625 de O Livro dos Espíritos: Jesus. Não o Jesus místico e distante, mas o homem que viveu intensamente os próprios ensinamentos – amor e caridade: o único caminho para o nosso bem estar. Este sim vale a pena seguir.
Luis Roberto Scholl