Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.1
A reposta da questão acima dá uma ideia da intensidade da interação entre os Espíritos desencarnados com os encarnados. Mas é evidente que essa direção está condicionada à concordância, interesses e afinidades, pois,os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem. Os Espíritos inferiores com os homens viciosos, ou que podem tornar-se tais.1
Isso acontece independente de acreditarmos ou não na vida espiritual, de sermos espíritas, de estarmos em uma Casa Espírita, pois os Espíritos estão em toda a parte – ruas, lares, templos… – atraídos pelos mesmos anseios que alimentam os encarnados.
Do mesmo modo que acontece entre os homens aqui na Terra, os bons procuram nos encaminhar para o bem e os viciosos para o erro e os vícios. E quando nos referimos a vícios, devemos incluir todas as espécies de hábitos nocivos: o orgulho, o egoísmo, a maledicência, a sexualidade desequilibrada, a luxúria, avareza …
A diferença que existe é que a ação dos encarnados se torna mais fácil de ser percebida. A ação dos habitantes do mundo espiritual se dá, na maioria das vezes, de forma sutil, e o influenciado não percebe que aquele pensamento, sentimento, vontade ou estado da alma não são seus.
Mesmo não sendo possível identificar a origem desses impulsos, se nosso ou externo, podemos identificar a natureza do mesmo. Se for positivo, construtivo e bom, ou se é negativo. Como os bons Espíritos só nos inspiram para o bem, tudo que estiver em desacordo com as Leis Divinas deve ser rejeitado, pois, quando, consciente ou inconscientemente, cedemos a um impulso inferior perdemos a oportunidade de nos corrigir.
A ação dos Espíritos viciosos se dá sob os nossos desejos, alguns ocultos, de forma que nem sempre percebemos que há um elemento externo que está potencializando a nossa vontade. Como é uma ação que favorece, estimula ou cria facilidades, o encarnado invigilante não se dá conta que está sendo seduzido.
Isso acontece porque os desencarnados necessitam da parceria dos encarnados para satisfazer seus vícios. Como não têm mais o corpo físico, instrumento que permite interagir diretamente com a matéria, entram, pela sintonia, em relação fluídica como os encarnados e dessa forma usufruem dos fluidos e vapores do cigarro e do álcool, citando apenas dois exemplos.
Ligando-se aos encarnados, que se deixam seduzir pelo convívio psíquico, vai se estabelecendo uma interação de energias que, quanto mais duradouro, mais os laços se estreitam, podendo chegar até ao completo domínio.
O mais grave de tudo é que nesse intercâmbio de forças viciadas, permanece, como nos vícios físicos, o efeito danoso no corpo e na mente. Energias grosseiras que são assimiladas na interação com os Espíritos viciados provocam desequilíbrios orgânicos. Sem contar as ideias que ficam retidas no psiquismo e, se não extirpadas pela mudança de padrão vibratório, poderão dar início a um processo de influenciação de graves consequências.
É necessário lembrar que depois de instalado o processo de intercâmbio com as esferas inferiores, nem todos teremos depois, como nos vícios físicos, força moral para vencer essa outra vontade que se sobrepõe a nossa.
Por isso Jesus recomendou a vigilância e a oração como atitudes salutares para não incidirmos em erro. A renovação moral pelo estudo e pelo trabalho no bem afastará os Espíritos viciados, que somente são atraídos para locais onde há homens viciados. Para proteger o lar da influência negativa, não servem os aparatos de segurança que utilizamos para conter a presença dos ladrões. Somente o Evangelho de Jesus, estudado e vivido, é o melhor sistema de proteção.
Cleto Brutes
1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.Questão 459 e 484.