“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, se há algum louvor, seja isso que ocupe vosso pensamento.” Carta de Paulo ao Filipenses, capítulo 4, versículo 8.
No capítulo 17 de O Evangelho segundo o Espiritismo – Sede Perfeitos – Allan Kardec afirma que “se reconhece o verdadeiro espírita pelos esforços que este faz para domar suas más inclinações”. No lugar da palavra espírita pode-se utilizar, por serem sinônimos, o termo cristão, homem de bem ou homem virtuoso.
Todo o ser consciente de seus deveres éticos assume como ousada meta o difícil projeto de conquistar a perfeição moral.
É natural desejar viver sem cometer qualquer falta, em qualquer ocasião, e procurar vencer todas as más tendências que ainda possuímos. Uma vez que se tem a noção do que é certo ou errado, existe razão para sempre fazer o primeiro e evitar o segundo.
Essa é uma tarefa mais difícil do que parece. As tendências negativas ainda afloram com muita força sendo necessária uma persistência muito tenaz para vencê-las.
A reencarnação, para o indivíduo cônscio desta realidade, é encarada como uma verdadeira bênção de Deus, sendo cada aprendizado, cada dificuldade, cada dia, uma oportunidade inigualável para a evolução do Espírito e, cada queda ou tropeço não mais uma derrota, mas um estímulo para vencer.
O desejo ardente de se melhorar é imprescindível para iniciar o projeto de reforma íntima. Mas, também, não menos importante, é implantar uma metodologia que, além de identificar os defeitos existentes, auxilie a tornar possível um plano de ação para transformá-los em virtudes.
Ao invés de querer desenvolver todas as virtudes de uma só vez, deve-se direcionar as energias para a conquista de uma de cada vez, com empenho e determinação, evitando a menor transgressão, anotando em um pequeno diário as vitórias e as derrotas do dia-a-dia, a fim de poder acompanhar os progressos e identificar os pontos que merecem atenção.
Importante trabalhar metodicamente, como se estivesse erradicando ervas daninhas de um jardim, não tentando fazer tudo de uma só empreitada, pois isso excederia as possibilidades de resistência, mas trabalhando em um canteiro de cada vez e, tendo terminado o primeiro, passar ao segundo, com a encorajadora experiência anterior vitoriosa, não permitindo que no primeiro canteiro – na primeira virtude – se instalem novamente ervas daninhas.
Algo muito interessante irá ocorrer com o “aprendiz de virtudes”: à medida que uma virtude vai sendo trabalhada, outras se agregam automaticamente ao aprendizado. Assim, quem procura a humildade, encontra a paciência e a justiça; a misericórdia se traduz em serenidade e temperança.
O homem virtuoso, ou seja, aquele que busca, sem medir esforços, vencer suas imperfeições, compreende que seu empenho é o único caminho para a conquista da felicidade. Ao saber que as ações viciosas não são prejudiciais porque são “proibidas”, mas são “proibidas” porque são prejudiciais, não se permite mais agir nem pensar de maneira perniciosa, procurando na integridade e na probidade a bússola orientadora para a vida.
Luis Roberto Scholl