A Fortaleza da Fé

“Fé inabalável só é a que pode encarar de frente a razão,
em todas as épocas da humanidade.” 
Allan Kardec1

 

Entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. 1 A fé não se prescreve, muito menos se impõe, alerta-nos o Evangelho1. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender 1. Fé é algo que se constrói. Como um complexo edifício, deve ser erguido diariamente com as ferramentas do trabalho, do estudo, da oração e alicerçado principalmente na prática de boas ações, pois a fé é o impulso divino que a prática da caridade renova e amplia.

Conforme leciona Emmanuel2“conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido”.

As construções na seara do bem são o combustível que alimenta a fé que remove montanhas (Mt. 16, 14 a 20) de imperfeições e enfermidades do corpo e da alma. Como não basta apenas abster-se da prática do mal, a fé tem que ser ativa, alimentada por pensamentos, sentimentos e ações embasadas no princípio do amor ao próximo como a si mesmo e no fazer ao outro aquilo que gostaríamos que nos fizessem.

Se o nosso edifício estiver bem solidificado, as tempestades da vida passam e permaneceremos calmos, pacientes, resignados e firmes nos ideais renovadores.

A crença numa Força Superior que a tudo sustenta e a tudo provê é o instrumento que nos faz vencer os piores inimigos: o orgulho e o egoísmo, as maiores chagas da humanidade, pois todos os vícios, todas misérias e as tragédias humanas são deles decorrentes.

Ainda que em germe, ninguém está desprovido da fé. O que ocorre para muitos é um anestesiar dos sentidos, provocado pela forma equivocada de conduzir a existência. Os que priorizam os valores da alma, nunca perdem a fé, porque sabem que nada acontece por acaso. Como não há injustiças nas leis divinas, todas as ocorrências, por mais difíceis que possam parecer, nos conduzem ao progresso. Cada um atrairá para si, de acordo com o seu proceder, as experiências que precisa passar conforme com suas necessidades evolutivas.

Com esta certeza, temos a possibilidade de fazer a nossa parte e deixar que os desígnios divinos nos propiciem as oportunidades que precisamos. E assim, destemidos e sustentados pela fé, sigamos o nosso caminho, sabendo que a vida nos retorna aquilo que a ela oferecemos de esforços, de renúncia e de abnegação em favor da grande obra divina, dirigida pelo Cristo, que é a regeneração de toda a humanidade terrena.

 

Cleto Brutes
1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 112. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1996. cap. XIX. Itens 3 e 7.
2XAVIER, Francisco Cândido . O Consolador . Pelo Espírito Emmanuel. 23 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, questão 354.