Pela vossa paciência é que possuireis vossa alma.” Jesus (Lc., 21:19)
Estamos todos inexoravelmente submetidos a uma fatalidade: o advento da perfeição relativa e da felicidade imarcescível, que mais cedo ou mais tarde se concretizará…
O quadro atual de dores pungentíssimas no qual estertora a Humanidade é uma fase de transição provocada pela ignorância, despotismo e fanatismo do próprio homem, cuja cupidez, orgulho, sordidez e miséria são imensuráveis.
Eis o oportuno esclarecimento do insuperável Pedagogo Lionês1:
“Nessa vida tudo tem sua razão de ser: não há um só dos vossos sofrimentos que não corresponda aos sofrimentos por vós causados; não há um só dos vossos excessos que não tenha por conseqüência uma privação; não há uma só lágrima a destilar os olhos, que não seja destinada a lavar uma falta, um crime qualquer.”
Em seguida o ínclito Mestre de Lyon conclama:
“Suportai, portanto, com paciência e resignação as dores físicas e morais, por mais cruéis que elas se vos afigurem. Imaginai o trabalhador que, amortecidos os membros pela fadiga, prossegue no trabalho, porque tem diante de si a dourada espiga, outras tantos frutos da sua perseverança. Assim, a sorte do infeliz que sofre neste mundo; a aspiração da felicidade, que deve constituir-se em fruto de sua paciência, torná-la-á resistente às dores efêmeras da Humanidade.
Cada uma das dores acolhida como expiatória, corresponde à extinção de uma nódoa do passado; e quando mais cedo as nódoas todas se extinguirem, tanto mais breve será feliz.
Coragem, a todos vós que sofreis; considerai a brevidade da existência corporal, pensai nas alegrias eternas. Invocai a esperança, a dedicada amiga dos sofredores; a fé, sua irmã, que vos mostra o céu, onde com aquela podeis penetrar antecipadamente. Atraí também a vós esses amigos que o Senhor vos faculta, amigos que vos cercam, que vos sustentam e amam, e cuja solicitude constante vos reconduz para junto d´Aquele a quem vos haveis ofendido, transgredindo as Suas leis.”
Dia virá em que as provações devam ser todas morais, e quando a Terra, nova ainda, houver preenchido todas as fases da sua existência, então se transformará em morada da felicidade, como se dá com os planetas mais adiantados.
Rogério Coelho
Muriaé – MG
1KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 44. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. cap. VIII. p.405-406.