A Favor da Vida

“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.”    

Jesus (Jo. X, 10)

 

            Se por um lado entidades, religiosas ou não, promovem campanhas em defesa da vida, por outro ainda há aqueles que lutam pela legalização do aborto, da eutanásia, da pena de morte e um número crescente de pessoas que tentam fugir dos problemas através do enganoso caminho do suicídio.

Como não há morte para o Espírito, a destruição do corpo não modifica a realidade íntima do ser. Ao contrário, elimina a possibilidade de o Espírito, em permanecendo no corpo, melhorar a sua condição íntima pela transformação moral, para quando chegar o momento programado pelas Leis Maiores, retornar ao mundo espiritual mais regenerado.

Desse modo, todo aquele que, de qualquer forma, atentar contra a vida terá, como consequências inevitáveis desses atos, mais sofrimento e comprometimento.

aborto aniquila apenas o feto. O ser pensante que estava iniciando uma nova viagem de aprendizado e recuperação terá frustrada esta possibilidade. É como alguém que está diante da medicação para aliviá-lo das suas dores e vê este encaminhamento ser adiado.

eutanásia, cujo termo sugere a boa morte, é outro equívoco, pois, como ensina o Ministro Clarêncio1 “A enfermidade longa é uma benção desconhecida entre os homens, constitui precioso curso preparatório da alma para a grande libertação”. Como tudo na vida tem um motivo justo de ser, as dores deste mundo têm a finalidade única e exclusiva de servir como instrumento de despertamento, aprendizado e humanização do ser humano, quando este por iniciativa própria não buscar esses resultados.

pena de morte ou assassinato, apenas destrói o corpo do apenado, que chegará no outro lado da vida sendo ele mesmo. A morte não vai regenerá-lo. O criminoso é um enfermo da alma que precisa de tratamento. Não sendo tratado aqui, poderá prosseguir, no mundo espiritual, cometendo os mesmos erros que aqui praticava. Não se elimina um inimigo com a morte. A inimizade somente será superada através do perdão e da reconciliação, únicos caminhos possíveis.

suicídio é outro caminho ilusório. O que o suicida pretende não é destruir a vida, mas livrar-se dos seus problemas e dissabores. No entanto, a morte não vai eliminá-los, do contrário, o suicida vai despertar no mundo espiritual com todos os seus problemas agravados pelo remorso de ter abreviado a vida.

Por isso, o único caminho capaz de proporcionar a paz, a serenidade e o equilíbrio, nesse mundo repleto de conflitos, é trabalhar em favor da vida, pois as dificuldades e as lutas são instrumentos que aperfeiçoam o ser, até que cada um se harmonize com os desígnios divinos.

Os problemas humanos somente serão resolvidos quando dignificamos a existência. As leis divinas, auto-reguláveis e auto-aplicáveis estão estruturadas em favor da vida e do progresso contínuo. Quando alguém age em desacordo com as leis maiores atenta contra a vida e, por conseqüência, contra si próprio, posto que as leis divinas estão impressas na consciência, como herança do Criador.

Cada um tem, no momento, uma missão em particular a cumprir. E enquanto estiver aqui neste plano significa que a sua tarefa não está concluída, independente das circunstâncias em que esteja inserido. A existência na Terra é, antes de tudo, a oportunidade que todos têm de se reconciliar com a vida, através da vivência dos ensinamentos de Jesus: o exercício do perdão, a prática da caridade, a humildade, a paciência, a resignação e a oração.

 

Cleto Brutes
1XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu. Pelo Espírito André Luiz. 21.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. p. 40