Partindo-se do estudo individual (microcosmo) para o coletivo (macrocosmo) é que a ciência descobre seus princípios.
As leis que regem o universo: físicas ou morais, materiais ou intelectuais, foram inicialmente descobertas e compreendidas, partindo-se do estudo da particularidade sendo gradualmente comprovadas no conjunto, universalizando-se os resultados.
Na Doutrina Espírita, ocorre semelhante processo: as mesmas leis que regem o indivíduo, regem a família, o grupo social, as nações e as raças, ou seja, o coletivo.
Há, dentro do livre arbítrio, as faltas cometidas por uma pessoa, por uma família, por um grupo ou por um país. Em cada uma, qualquer que seja o seu caráter, se expia em virtude da mesma lei.
Há três caracteres em todo homem: o do indivíduo (do ser em si mesmo), o do membro de um grupo ou família e o de cidadão. Sob cada uma dessas faces ele pode ser virtuoso ou devedor: pode ser um virtuoso pai de família, mas um cidadão corrupto; ser um indivíduo honesto, mas um pai carrasco; ser um homem coerente com as leis sociais, mas uma pessoa difamadora e maldosa, e assim sucessivamente.
Toda imperfeição será corrigida em determinada época da existência do espírito. Sabe-se que, em geral, os espíritos reencarnam junto àqueles que já tiveram uma história comum no passado: na família, na sociedade, no país.
Da mesma maneira que as provas e expiações são resgates de dívidas do passado, também o são as provas coletivas.
Em grandes tragédias coletivas, os infortúnios alcançam os bons e os maus. Quem pode afirmar que o bom e inocente de hoje não foi o culpado de ontem? É incompatível com a Justiça Divina que, nas expiações coletivas, seja atingido alguém que não mereça.
Às vezes, uma nação inteira ou uma raça, passam por dificuldades enormes. Se estudarmos o passado desses povos perceberemos o quanto eles são comprometidos com atitudes de abuso de poder, violências e extorções de outros povos oprimidos. Quem são os cidadãos de hoje, senão a reencarnação de seus antepassados malfeitores?
Nos desencarnes coletivos, em acidentes ou tormentas naturais, pessoas que, aparentemente, nada têm em comum, sofrem as mesmas penalidades, no mesmo local. Isso é o resultado de um passado em que esses espíritos, em outros corpos, viveram ações negativas em comum.
Jesus asseverou: “Quem matou pela espada, pela espada perecerá.”
Aquele que fez correr o sangue de alguém, verá também o seu correr; aquele que incendiou a propriedade alheia, verá a sua arder em chamas; quem escravizou, oprimiu, ludibriou também será escravizado, maltratado e enganado; quer se trate de um indivíduo, de um grupo de pessoas ou de uma nação.
Nas palavras do Mestre também encontramos que “o amor cobre uma multidão de erros”, dando a possibilidade de, com atitudes positivas de amor e caridade, amenizar o débito perante a Lei Divina.
Mas, das convulsões sociais e coletivas sempre resulta uma melhora. O infortúnio é estimulante que impele o espírito na procura do remédio para o mal. Após o sofrimento, liberto da matéria, procura sempre fazer algo melhor. É assim que, de geração em geração, o progresso se efetua.
Quando os homens compreenderem a Lei do Retorno, onde a reação corresponde a uma ação precedente, entenderão e praticarão a verdadeira fraternidade e solidariedade. Os povos serão regidos pela justiça, pela paz e pela harmonia.
Duvida-se desse futuro? Seria duvidar do progresso. Se compararmos a sociedade de hoje com a da Idade Média, veremos o quanto a humanidade evoluiu. Se evoluiu até hoje, por que não haveria de evoluir ainda mais nos próximos séculos?
Fonte: Allan Kardec, Obras Póstumas, 25ª Edição – FEB