Objetivo: explicar que Adão não foi o primeiro homem da Terra. Explicar as várias raças existentes no planeta, e como elas são importantes para a evolução da Terra.
Subsídios ao evangelizador: questões 50 a 54 de O Livro dos Espíritos; O Livro dos Espíritos para infância e juventude – volume 1 (Allan Kardec); A Caminho da Luz; Blog Aprendizado e Cura (http://aprendizadoecura.blogspot.com.br/).
Prece inicial
Primeiro momento: distribuir a cada evangelizando pequenos saquinhos com seis ou mais feijões de várias cores (brancos, marrons e pretos) e tamanhos. Solicitar que eles os observem e tentem encontrar dois feijões absolutamente iguais.
Segundo momento: explicar que assim como não existem dois feijões idênticos, também não há pessoas idênticas. Dialogar com eles a respeito de nossas diferenças físicas e espirituais.
Características físicas (alto, baixo, loiro, moreno); raças; religiões; gostos e ideias diferentes (torcem por times diferentes, gostam de frutas diferentes); pessoa com deficiência (surdos, cegos, mudos, deficiências físicas, mentais).
Lembrar que Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes (todos iguais), e evoluímos através de nossas atitudes positivas, por isso não existem dois Espíritos iguais.
Terceiro momento: História.
Aninha andava pensativa... no intervalo da escola estavam discutindo alguns assuntos e falaram sobre Adão e Eva... alguns colegas disseram que eles tinham sido os primeiros habitantes da Terra, enquanto outros diziam que não. Aninha resolveu não opinar, ficou em silencio porque não sabia a resposta, e, como era uma garota muito curiosa resolveu pesquisar.
Quando chegou em casa, sua avó Geneci estava fazendo tricô sentada na poltrona, e Aninha, como sabia que a avó entendia de muitas coisas, resolveu questioná-la:
- Vó, Adão foi o primeiro homem a habitar a Terra? Hoje estávamos no intervalo da aula e meus colegas começaram a falar sobre isso, como eu não sabia a resposta não falei nada.
- Senta aqui, Aninha! Vamos conversar... lembra que você me contou sobre a aula de evangelização, quando você aprendeu sobre os primeiros seres vivos a habitar nosso planeta?
- Lembro sim vó! Foram as amebas! Depois os outros animais foram surgindo... e, finalmente, o último a aparecer foi o homem.
- Pois é minha querida, Adão não foi o primeiro homem a chegar na Terra. O Planeta Terra já possuía germes que “estavam guardados para se desenvolverem no seu tempo adequado”... Esses germes podem ter vindo de outros planetas mais evoluídos, ou estarem no espaço, esperando o momento certo de se desenvolverem. Houve há muitos, muitos, muitos anos atrás uma grande catástrofe no planeta e que modificou a sua superfície. Adão foi um dos Espíritos encarnados que sobreviveu a essa catástrofe, assim ele deu início a uma das raças que hoje povoam a Terra. As chamadas raças adâmicas que se formaram dos descendentes de Adão são:
- os árias (que formou a maioria dos povos brancos da família indoeuropéias: os latinos, os celtas, os gregos, os germanos e os eslavos);
- a civilização do Egito;
- o povo de Israel;
- as castas da Índia;
- os chineses.
- Hoje, a ciência nos ajuda a entender o que aconteceu com a Terra no passado, através da Geologia, da Arqueologia, da História, e até mesmo a Tecnologia ajuda a desvendar a idade dos acontecimentos. Lembra, Aninha, como a evangelizadora contou naquela aula, nada no nosso planeta aconteceu do dia para noite, foram muitos milhares de anos entre o surgimento das amebas e do homem, seguindo um planejamento feito por Jesus e os bons Espíritos que o auxiliam, além da autorização de Deus – concluiu a avó.
Aninha abraçou a avó, contente por ter alguém que pudesse tirar suas dúvidas de maneira tão agradável e alegre. Depois dessa conversa, as duas foram passear pelo bairro, como faziam todas as tardes.
Quarto momento: procurar em revistas gravuras de pessoas. Observar as diferenças. Selecionar várias imagens de pessoas e montar um painel. Sugestão de frases para o painel: Perante Deus somos todos iguais. Deus é nosso Pai e nos ama.
Observar a diversidade da humanidade, enfatizando que perante Deus somos todos iguais, pois Ele é o Pai de todos nós. Observar a diversidade das pessoas, a diferença da tonalidade da pele, tipos de cabelo, cor dos olhos, altura. Mostrar também a diferença entre as pessoas da mesma família. Valorizar o respeito que se deve ter entre as pessoas porque perante Deus somos todos iguais.
Lembrar que Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes (todos iguais), que evoluímos através de nossas atitudes positivas, por isto não existem dois Espíritos iguais.
Quinto momento: momento do Evangelho (leitura de um trecho pequeno, uma linha ou parágrafo de O Evangelho segundo o Espiritismo) e prece de encerramento.
Tópicos a serem abordados:
- Adão, que viveu há cerca de 4.000 anos a.C., não foi o primeiro homem a ser criado por Deus e nem foi o único a povoar o planeta Terra.
- Algumas raças apresentam características particulares, que não permitem ter uma única origem. Há diferenças que não são simples efeito do clima, por exemplo, os brancos não podem se tornar negros. As raças negras, mongólicas (oriental-asiáticas), caucásicas (brancas) surgiram simultânea (ao mesmo tempo) ou sucessivamente em diversas partes do mundo.
- Os mundos progridem (evoluem), fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que os habitam. Quando um mundo passa por um período de transformação, para subir na hierarquia dos mundos, ocorrem grandes emigrações (saídas) e imigrações (entradas) de Espíritos encarnados e desencarnados.
- O Espírito Emmanuel explica que este período de transformação ocorreu com um dos mundos dependentes de uma estrela chamada Capela, inúmeras vezes maior que o nosso Sol. Há muitos milênios atrás, esse mundo, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingiu a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. E alguns milhões de espíritos rebeldes que lá existiam, insistentes no mal, foram expulsos de lá, porque eram uma causa de perturbação para a felicidade dos bons.
- Adão e Eva representam esses Espíritos estrangeiros que foram expulsos desse mundo e exilados no planeta Terra, que já era povoado por homens primitivos. Foram obrigados, por um algum tempo, a viver entre Espíritos mais atrasados, com a missão de fazê-los progredir (evoluir), porque traziam consigo uma inteligência já desenvolvida e o germe dos conhecimentos já adquiridos.
- O erro de Adão e Eva, ao comer o fruto proibido, representa as fraquezas da humanidade (ou seja, seus vícios, tais como: egoísmo, inveja, orgulho, ganância, ódio etc.), pois predominam os instintos materiais e eles não souberam resistir.
- A árvore, como árvore de vida, é o símbolo da vida espiritual. A árvore da Ciência é a consciência do bem e do mal que o homem adquire, pelo desenvolvimento da sua inteligência e do livre-arbítrio, e que lhe permite escolher entre o certo e o errado.
- O fruto da árvore simboliza o objeto dos desejos materiais do homem; é a representação da cobiça e da ganância, dos motivos de arrastamento ao mal. O ato de comer significa cair na tentação.
- A morte de que ele é ameaçado, caso desobedeça a proibição que lhe foi feita, é um aviso das consequências inevitáveis, físicas e morais, decorrentes da violação das leis divinas que Deus lhe gravou na consciência. Não se trata da morte corporal, pois que, depois de cometida a falta, Adão ainda viveu longo tempo, mas, sim, da morte espiritual, ou, por outras palavras, da perda dos bens que resultam do adiantamento moral, perda simbolizada pela sua expulsão do paraíso.
- A serpente não é um animal, ela representa os falsos médiuns, ou seja, Espíritos enganadores. O termo hebreu nâhâsch, traduzido por serpente, significa: fazer encantamentos, adivinhar as coisas ocultas, podendo, pois, significar: encantador, adivinho.
- A vergonha que Adão e Eva sentiram ante o olhar de Deus e que os levou a se ocultarem (esconderem), simboliza a confusão que todo culpado experimenta em presença de quem foi por ele ofendido.
- O paraíso terrestre simboliza o mundo feliz onde vivia Adão e os demais Espíritos que foram exilados para o planeta Terra.
- Se Adão e Eva fossem, realmente, os primeiros habitantes da Terra não teria, o seu filho Caim, encontrado mulher para com ela se casar, porque a Terra seria, então, desabitada.
- Esses Espíritos estrangeiros rebeldes reuniram-se em quatro grandes raças: grupo dos árias (na Europa, que descendem os povos indo-europeus, latinos, os celtas e os gregos, além dos germanos e dos eslavos), a civilização do Egito (na África), o povo de Israel (na Palestina) e as castas da Índia (na Ásia).
Subsídios para o evangelizador:
A espécie humana começou por um único homem? Não; aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro, nem o único a povoar a Terra.
Poderemos saber em que época viveu Adão? Mais ou menos na que lhe assinais: cerca de 4.000 anos antes do Cristo. (O Livro dos Espíritos, questões 50 e 51)
A doutrina que fez todo o gênero humano proceder de uma única individualidade, há seis mil anos, não é mais admissível no estado atual dos conhecimentos. Tomadas à ordem física e à ordem moral, as considerações que a contradizem se resumem nos seguintes pontos:
Do ponto de vista fisiológico, algumas raças apresentam característicos tipos particulares, que não permitem se lhes assinale uma origem comum. Há diferenças que evidentemente não são simples efeito do clima, pois que os brancos que se reproduzem nos países dos negros não se tornam negros e reciprocamente.
Há-se, pois, de considerar as raças negras, mongólicas, caucásicas como tendo origem própria, como tendo nascido simultânea ou sucessivamente em diversas partes do globo. O cruzamento delas produziu as raças mistas secundárias.
Sem falar da cronologia chinesa, que remonta, dizem, a trinta mil anos; documentos mais autênticos provam que o Egito, a Índia e outros países já eram povoados e floresciam, pelo menos, três mil anos antes da era cristã, mil anos, portanto, depois da criação do primeiro homem, segundo a cronologia bíblica. (A Gênese. Cap. 11. Itens 39 e 41. Allan Kardec)
Os mundos progridem, fisicamente, pela elaboração da matéria e, moralmente, pela purificação dos Espíritos que os habitam.
Logo que um mundo tem chegado a um de seus períodos de transformação, a fim de ascender na hierarquia dos mundos, operam-se mutações na sua população encarnada e desencarnada. É quando se dão as grandes emigrações e imigrações. Os que, apesar da sua inteligência e do seu saber, perseveraram no mal, sempre revoltados contra Deus e suas leis, se tornariam daí em diante um embaraço ao ulterior progresso moral, uma causa permanente de perturbação para a tranquilidade e a felicidade dos bons, pelo que são excluídos da humanidade a que até então pertenceram e tangidos para mundos menos adiantados, onde aplicarão a inteligência e a intuição dos conhecimentos que adquiriram ao progresso daqueles entre os quais passam a viver, ao mesmo tempo que expiarão, por uma série de existências penosas e por meio de árduo trabalho, suas passadas faltas e seu voluntário endurecimento. (A Gênese. Cap. 11. Item 43. Allan Kardec)
Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Magnífico sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias divinas do Ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar à face da Terra, considerando-se, desse modo, a regular distância existente entre a Capela e o nosso planeta, já que a luz percorre o espaço com a velocidade aproximada de 300.000 quilômetros por segundo. Quase todos os mundos que lhe são dependentes já se purificaram física e moralmente, examinadas as condições de atraso moral da Terra, onde o homem se reconforta com as vísceras dos seus irmãos inferiores, como nas eras pré-históricas de sua existência, marcham uns contra os outros ao som de hinos guerreiros, desconhecendo os mais comezinhos princípios de fraternidade e pouco realizando em favor da extinção do egoísmo, da vaidade, do seu infeliz orgulho.
Há muitos milênios, um dos orbes da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos.
As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização.
Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus elevados trabalhos.
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores. (A Caminho da Luz. Cap. 3. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Se remontarmos, agora, à origem da raça atual, simbolizada na pessoa de Adão, encontraremos todos os caracteres de uma geração de Espíritos expulsos de um outro mundo e exilados, por razões semelhantes, na Terra, já povoada por homens primitivos, mergulhados na ignorância e na barbárie, e que tais exilados tinham por missão fazê-los progredir, trazendo para o seu meio as luzes de uma inteligência já desenvolvida. (Revista Espírita. Janeiro de 1862. Ensaio de Interpretação sobre a Doutrina dos Anjos Decaídos. Allan Kardec.)
Mais adiantada do que as que a tinham precedido neste planeta, a raça adâmica é, com efeito, a mais inteligente, a que impele ao progresso todas as outras. A Gênese no-la mostra, desde os seus primórdios, industriosa, apta às artes e às ciências, sem haver passado aqui pela infância espiritual, o que não se dá com as raças primitivas, mas concorda com a opinião de que ela se compunha de Espíritos que já tinham progredido bastante. (A Gênese. Cap. 11. Item 38. Allan Kardec).
Relegando aquela raça para esta terra de labor e de sofrimentos, teve Deus razão para lhe dizer: «Dela tirarás o alimento com o suor da tua fronte. » Na sua mansuetude, prometeu-lhe que lhe enviaria um Salvador, isto é, um que a esclareceria sobre o caminho que lhe cumpria tomar, para sair desse lugar de miséria, desse inferno, e ganhar a felicidade dos eleitos. Esse Salvador ele, com efeito, lho enviou, na pessoa do Cristo, que lhe ensinou a lei de amor e de caridade que ela desconhecia e que seria a verdadeira âncora de salvação. (A Gênese. Cap. 11. Item 45. Allan Kardec)
Adão personifica a Humanidade; sua falta individualiza a fraqueza do homem, em quem predominam os instintos materiais a que ele não sabe resistir.
A árvore, como árvore de vida, é o emblema da vida espiritual; como árvore da Ciência, é o da consciência, que o homem adquire, do bem e do mal, pelo desenvolvimento da sua inteligência e do livre-arbítrio, em virtude do qual ele escolhe entre um e outro. Assinala o ponto em que a alma do homem, deixando de ser guiada unicamente pelos instintos, toma posse da sua liberdade e incorre na responsabilidade dos seus atos.
O fruto da árvore simboliza o objeto dos desejos materiais do homem; é a alegoria da cobiça e da concupiscência; concretiza, numa figura única, os motivos de arrastamento ao mal. O comer é sucumbir à tentação. A árvore se ergue no meio do jardim de delícias, para mostrar que a sedução está no seio mesmo dos prazeres e para lembrar que, se dá preponderância aos gozos materiais, o homem se prende à Terra e se afasta do seu destino espiritual.
A morte de que ele é ameaçado, caso infrinja a proibição que se lhe faz, é um aviso das consequências inevitáveis, físicas e morais, decorrentes da violação das leis divinas que Deus lhe gravou na consciência. É por demais evidente que aqui não se trata da morte corporal, pois que, depois de cometida a falta, Adão ainda viveu longo tempo, mas, sim, da morte espiritual, ou, por outras palavras, da perda dos bens que resultam do adiantamento moral, perda figurada pela sua expulsão do jardim de delícias.
A serpente está longe hoje de ser tida como tipo da astúcia. Ela, pois, entra aqui mais pela sua forma do que pelo seu caráter, como alusão à perfídia dos maus conselhos, que se insinuam como a serpente e da qual, por essa razão, o homem, muitas vezes, não desconfia. Ao demais, se a serpente, por haver enganado a mulher, é que foi condenada a andar de rojo sobre o ventre, dever-se-á deduzir que antes esse animal tinha pernas; mas, neste caso, não era serpente. Por que, então, se há de impor à fé ingênua e crédula das crianças, como verdades, tão evidentes alegorias, com o que, falseando-se-lhes o juízo, se faz que mais tarde venham a considerar a Bíblia um tecido de fábulas absurdas?
Deve-se, além disso, notar que o termo hebreu nâhâsch, traduzido por serpente, vem da raiz nâhâsch, que significa: fazer encantamentos, adivinhar as coisas ocultas, podendo, pois, significar: encantador, adivinho.
É, pois, provável que Moisés tenha apresentado como sedutor da mulher o desejo de conhecer as coisas ocultas, suscitado pelo Espírito de adivinhação, o que concorda com o sentido primitivo da palavra nâhâsch, adivinhar, e, por outro lado, com estas palavras: «Deus sabe que, logo que houverdes comido desse fruto, vossos olhos se abrirão e sereis como deuses.
Se a falta de Adão consistiu literalmente em ter comido um fruto, ela não poderia, incontestavelmente, pela sua natureza quase pueril, justificar o rigor com que foi punida. Não se poderia tampouco admitir, racionalmente, que o fato seja qual geralmente o supõem; se o fosse. Teríamos Deus, considerando o irremissível crime, a condenar a sua própria obra, pois que ele criara o homem para a propagação. Se Adão houvesse entendido assim a proibição de tocar no fruto da árvore e com ela se houvesse conformado escrupulosamente, onde estaria a Humanidade e que teria sido feito dos desígnios do Criador?
Deus não criara Adão e Eva para ficarem sós na Terra; a prova disso está nas próprias palavras que lhes dirige logo depois de os ter formado, quando eles ainda estavam no paraíso terrestre: «Deus os abençoou e lhes disse: Crescei e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a ao vosso domínio. » (Gênese 1:28) Uma vez que a multiplicação era lei já no paraíso terrenal, a expulsão deles dali não pode ter tido como causa o fato suposto.
O que deu crédito a essa suposição foi o sentimento de vergonha que Adão e Eva manifestaram ante o olhar de Deus e que os levou a se ocultarem. Mas, essa própria vergonha é uma figura por comparação: simboliza a confusão que todo culpado experimenta em presença de quem foi por ele ofendido.
Sabemos hoje que essa falta não é um ato isolado, pessoal, de um indivíduo, mas que compreende, sob um único fato alegórico, o conjunto das prevaricações de que a Humanidade da Terra, ainda imperfeita, pode tornar-se culpada e que se resumem nisto: infração da lei de Deus. Eis por que a falta do primeiro homem, simbolizando este a Humanidade, tem por símbolo um ato de desobediência.
Dizendo a Adão que ele tiraria da terra a alimentação com o suor de seu rosto, Deus simboliza a obrigação do trabalho; mas, por que fez do trabalho uma punição? Que seria da inteligência do homem, se ele não a desenvolvesse pelo trabalho? Que seria da Terra, se não fosse fecundada, transformada, saneada pelo trabalho inteligente do homem?
O paraíso terrestre, cujos vestígios têm sido inutilmente procurados na Terra, era, por conseguinte, a figura do mundo ditoso (feliz), onde vivera Adão, ou, antes, a raça dos Espíritos que ele personifica. A expulsa o do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram encarnar entre os habitantes do mundo terráqueo e a mudança de situação foi a consequência da expulsão. (A Gênese. Cap. 12. Itens 16, 17, 19, 21 e 23. Allan Kardec)
Entretanto, não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação. As raças que chamais selvagens constituem -se de Espíritos apenas saídos da infância, e que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados. Vêm a seguir as raças semicivilizadas, formadas por esses mesmos Espíritos em progresso. Essas são, de algum modo, as raças indígenas da Terra, que se desenvolveram pouco a pouco, através de longos períodos seculares, conseguindo algumas atingira perfeição intelectual dos povos mais esclarecidos. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 3. Itens 14 e 15. Allan Kardec).
É fácil de ver que se Caim e Abel realmente tivessem existido como filhos primeiros do primeiro casal humano, não teria Caim encontrado mulher para com ela se casar, porque a Terra seria, então, desabitada. É, pois, evidente que os capelinos, ao chegar, já encontraram o mundo habitado por outros homens. (Os Exilados de Capela. Cap. 10. Edgard Armond)
As raças adâmicas guardavam vaga lembrança da sua situação pregressa, tecendo o hino sagrado das reminiscências. As tradições do paraíso perdido passaram de gerações a gerações, até que ficassem arquivadas nas páginas da Bíblia. Aqueles seres decaídos e degradados, a maneira de suas vidas passadas no mundo distante da Capela, com o transcurso dos anos reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nos povos mais antigos, obedecendo às afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação do Cocheiro. Unidos, novamente, na esteira do Tempo, formaram desse modo o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia.
Dos árias (1) descende a maioria dos povos brancos da família indo-europeia; nessa descendência, porém, é necessário incluir os latinos, os celtas e os gregos, além dos germanos e dos eslavos.
As quatro grandes massas de degredados formaram os pródromos de toda a organização das civilizações futuras, introduzindo os mais largos benefícios no seio da raça amarela e da raça negra, que já existiam.
Não obstante as lições recebidas da palavra sábia e mansa do Cristo, os homens brancos olvidaram (esqueceram) os seus sagrados compromissos. Grande percentagem daqueles Espíritos rebeldes, com muitas exceções, só puderam voltar ao país da luz e da verdade depois de muitos séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém, infelizes e retrógrados, permanecem ainda na Terra, nos dias que correm, contrariando a regra geral, em virtude do seu elevado passivo de débitos clamorosos. (A Caminho da Luz. Cap. 3. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier)
Há milhões de almas humanas que se não afastaram, ainda, da Crosta Terrestre, há mais de dez mil anos. Morrem no corpo denso e renascem nele, qual acontece às árvores que brotam sempre, profundamente arraigadas no solo. Recapitulam, individual e coletivamente, lições multimilenárias, sem atinarem com os dons celestiais de que são herdeiras, afastadas deliberadamente do santuário de si mesmas, no terreno movediço da egolatria inconsequente, agitando-se, de quando em quando, em guerras arrasadoras que atingem os dois planos, no impulso mal dirigido de libertação, através de crises inomináveis de fúria e sofrimento. Destroem, então, o que construíram laboriosamente e modificam processos de vida exterior, transferindo-se de civilização. (Libertação. Cap. 2. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier)
Observação (1): Suas incursões, entre as tribos selvagens da Europa, datam de mais ou menos dez milênios antes da vinda do Cristo, não obstante a humanidade localizar -lhe a marcha apenas quatro mil anos antes do grande acontecimento da Judeia. (A Caminho da Luz. Cap. 6. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier).
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos. Questões 50 e 51. Allan Kardec.
- A Gênese. Cap. 11, itens 38, 39, 41, 43 e 45. Cap. 12, itens 16, 17, 19, 21 e 23. Allan Kardec.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. 3. Itens 14 e 15. Allan Kardec.
- Revista Espírita. Janeiro de 1862. Ensaio de Interpretação sobre a Doutrina dos Anjos Decaídos. Allan Kardec.
- A Caminho da Luz. Cap. 3. Cap. 6. Espírito Emmanuel. Psicografado por Chico Xavier.
- Libertação. Cap. 2. Espírito André Luiz. Psicografado por Chico Xavier.
- Os Exilados de Capela. Cap. 10. Edgard Armond.
- Bíblia: Genesis 2:8-25, 3:1-24.