
Inteligência e instinto 01
Objetivo: compreender a diferença entre inteligência e instinto.
Subsídios ao evangelizador: O Livro dos Espíritos - questões 71 a 75.
Primeiro momento: prece inicial
Segundo momento: contar a história O João de Barro.
O João de Barro
O rei do pomar era o João-de-Barro. Na paineira grande, bem lá no fundo, moravam dois, num ninho feito de argila, em forma de forno de assar pão. Era o casal mais amigo possível. Não se largavam nunca. Onde estava um, também estava por perto o outro. E se por acaso um se afastava um pouco mais, volta e meia soltava uns gritos como quem pergunta - Onde você está? - e o outro responde - Estou aqui. E de vez em quando cantavam junto aquele terrível dueto que mais parece uma série de marteladas estridentes e alegre.
- Que coisa interessante, vovó! - disse Pedrinho um dia.
- Repare que eles gritam juntos. Um faz uma parte e o outro faz o acompanhamento, como no piano...
E era assim mesmo. São tão amigos que até para cantar cantam a duas mãos, como dizia a boneca.
Certo ano o casal resolveu construir um ninho novo em outro galho da paineira, e durante quinze dias o divertimento dos meninos foi acompanhar de longe aquele trabalho. Os dois passarinhos traziam da beira do ribeirão uma pelota de barro no bico e ficavam ali a colocar aquela massa no lugar próprio, e a bicá-la cem vezes para que ficasse bem ligadinha. Enquanto um se ocupava naquilo, o outro voava em busca de mais barro. Nunca estavam os dois no mesmo serviço, revezavam-se. À tardinha interrompiam o trabalho, cantavam o dueto com toda a força e depois se acomodavam no ninho velho. Tia Nastácia vivia dizendo que nos domingos eles não trabalhavam, mas infelizmente os meninos não puderam tirar a prova duma coisa tão linda.
(MONTEIRO LOBATO. Como um joão-de-barro anima as conversas no sítio. In: O Sítio do Pica-pau Amarelo. 4ª. Edição. São Paulo: Editora Brasiliense; 1991.).
Terceiro momento: rodada de conversa.
*O que João-de-barro usou para fazer a sua casa? A inteligência ou o instinto? Pode ter usado os dois? Abrir o diálogo fraterno e deixar as crianças falarem.
*Somente os homens tem inteligência? Como é a inteligência nos animais? O homem tem instinto? E os animais?
Quarto momento: esclarecer as dúvidas, sempre amparado nas perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos.
Podemos distinguir-se assim:
1º - os seres inanimados - formados apenas de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; não possuem nem inteligência e nem instintos. Ex.: pedra.
2º - os seres animados - que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência; possuem vida adquirida do fluido universal, mas não possuem inteligência. Ex.: flor.
3º - os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar; possuem vida, inteligência e instinto ao mesmo tempo. Ex.: seres humanos e animais.
O que aconteceu com o João-de-barro? Ele usou o instinto e a inteligência, só que a inteligência do João de barro é ainda primitiva, pouco evoluída.
Aliás, é frequente o instinto e a inteligência se revelarem simultaneamente no mesmo ato. (A Gênese cap. 3, item 13).
Quinto momento: cada evangelizando ganhará uma plaquinha com a palavra inteligência e outra com a palavra instinto.
O evangelizador fará as seguintes afirmativas e os evangelizandos levantarão a plaquinha correspondente.
- O patinho logo que rompe a casca do ovo que o mantinha encerrado, se vê próximo um lago, corre alegremente para ele e lança-se na água, nadando imediatamente com perfeição.
- O bebê logo que nasce suga o seio da mamãe. O que ele usa?
- Quanto é 6+8? O que você usou para responder este cálculo?
- Quem tem mais letras no nome, você ou sua mãe? O que você usou para saber a resposta?
- O pássaro para fazer o ninho, o que usa?
- Quando eu pergunto para você; qual o dia que você nasceu? O que você usa para responder? |
Sexto momento: momento do Evangelho (leitura de um trecho pequeno, uma linha ou parágrafo de O Evangelho segundo o Espiritismo) e prece de encerramento.
Textos de apoio ao evangelizador.
1 – Questões 71 a 75 de O Livro dos Espíritos
71. A inteligência é um atributo do princípio vital? – Não, uma vez que as plantas vivem e não pensam: apenas têm a vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, uma vez que um corpo pode viver sem inteligência. Porém, a inteligência só pode manifestar-se por meio dos órgãos materiais. É preciso a união com o Espírito para prover de inteligência a matéria animalizada.
A inteligência é um dom especial, próprio de algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de agir, a consciência de sua existência e de sua individualidade, assim como os meios de estabelecer relações com o mundo exterior e de proverem as suas necessidades.
72. Qual é a fonte da inteligência? – Já o dissemos: a inteligência universal.
72. a. Podemos, então, dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material? – Isso é apenas uma comparação, mas não é exata. A inteligência é um dom próprio de cada ser e constitui sua individualidade moral. Por fim, há coisas que não são dadas ao homem penetrar, e essa por enquanto é uma delas.
73. O instinto é independente da inteligência? – Não, precisamente, mas ele é uma espécie de inteligência. O instinto é uma inteligência não-racional. É por meio dele que todos os seres provêm as suas necessidades.
74. Pode-se assinalar um limite entre o instinto e a inteligência, ou seja, perceber onde um acaba e a outra começa? – Não, porque frequentemente se confundem. Mas pode-se muito bem distinguir os atos do instinto dos da inteligência.
75. É exato dizer que os dons instintivos diminuem à medida que aumentam os intelectuais? – Não; o instinto sempre existe, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele nos guia, quase sempre, mais seguramente do que a razão. Nunca se engana.
75. a. Por que a razão não é sempre um guia infalível? – Ela seria infalível se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio.
O instinto é uma inteligência rudimentar em que as manifestações são quase sempre espontâneas, e difere da inteligência propriamente dita, cujas manifestações expressam uma avaliação de um ato deliberado que sofreu exame interior.
O instinto varia em suas manifestações quanto às espécies e às suas necessidades. Entre os seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, quer dizer, à vontade e à liberdade.
2- Inteligência e instinto – fonte http://www.oconsolador.com.br/ano2/65/esde.html
Apresentamos nesta edição o tema no 65 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.
Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue.
Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.
Texto para leitura
É à alma que o homem deve sua inteligência e racionalidade.
1. A inteligência é o atributo essencial do Espírito, em razão do qual toma ele conhecimento de sua própria existência e exerce atividades voluntárias e livres. Quando o Espírito atinge o grau de humanização, sua inteligência adquire desenvolvimento superior, como o surgimento da razão e do senso moral, que lhe facultam a capacidade de conceber e reconhecer a existência de Deus.
2. Realizando múltiplos atos livres e voluntários, apresentando finalidade nítida e obedecendo a juízos e raciocínios bem elaborados, o homem é um ser que revela dupla natureza: material e espiritual. Não nos esqueçamos de que há uma alma unida ao corpo do homem e somente a ela deve ele sua inteligência e racionalidade, seus conhecimentos e sentimentos, bem como sua vontade e liberdade.
3. Existem, entretanto, seres que realizam atos em que se revela também nítida finalidade, mas que parecem obedecer antes a automatismos que a impulsos decorrentes da livre vontade. Tais atos visam sobretudo à conservação do indivíduo e da espécie, objetivando as funções de nutrição e de reprodução, provendo ao crescimento, ao desenvolvimento e à propagação, enfim, da plena realização da vida.
4. Esses atos são devidos ao instinto – são os chamados atos instintivos. Existem esboçados no reino vegetal, mas são bem mais evidentes no reino animal, tanto quanto na espécie humana, e ocorrem, seja no homem, seja nos animais, ao lado dos atos inteligentes.
A inteligência e o instinto decorrem do mesmo princípio
5. Existe diferença entre o instinto e a inteligência? Será o instinto, como alguns pensam, um atributo inerente à matéria e não à alma? Se assim fosse, teríamos de admitir que a matéria é também inteligente, o que é manifestamente falso. Ora, se ao ato instintivo falta o caráter principal do ato inteligente, que é ser deliberado, revela, no entanto, uma causa inteligente, porque apta a prever e a evitar o engano, o que levou muitos estudiosos a admitir que instinto e inteligência procedem de um mesmo princípio, que inicialmente teria somente as qualidades do instinto e depois se desenvolveria, evoluiria e passaria por uma transformação que lhe daria as qualidades da inteligência livre.
6. Esta última hipótese não resiste a uma análise mais profunda, porque frequentemente o instinto e a inteligência se encontram juntos no mesmo ser e, às vezes, no mesmo ato. No caminhar, por exemplo, é instintivo o simples movimento das pernas, tanto no homem como no animal – um pé vai adiante do outro maquinalmente. Mas no acelerar o passo ou retardá-lo, bem como no levantar o pé para desviar-se de um obstáculo, intervém a vontade, a deliberação e o cálculo. De igual modo, o animal carnívoro é levado pelo instinto a alimentar-se de carne, mas age com inteligência e mesmo astúcia quando toma medidas para garantir sua presa.
7. Em face disso é que se diz que o instinto é uma espécie de inteligência, enquanto outros afirmam que é uma inteligência sem raciocínio. O fato é que muitas vezes se torna difícil estabelecer um limite nítido de separação entre o instinto e a inteligência, porque muitas vezes eles se confundem.
8. Inteligência e instinto – e esta é a opinião mais comum – são manifestações do mesmo princípio espiritual, que obedecem a duas determinantes ou a dois motores diferentes: um ligado à vontade e à liberdade do indivíduo, e outro que escapa totalmente à vontade e à liberdade. Nesse sentido, podem distinguir-se perfeitamente os atos que dependem da inteligência desenvolvida daqueles que decorrem estritamente do instinto.
Os atos inteligentes aprimoram-se com a aprendizagem
9. Sendo a inteligência, em sua plenitude, a faculdade de pensar e agir racional e deliberadamente, os atos inteligentes são conscientes, voluntários, livres e calculados. São, além disso, suscetíveis de variações, porque a inteligência, variável e individual por excelência, é suscetível de progresso. Os atos inteligentes decorrem da aprendizagem e pela aprendizagem se aprimoram, fato que não ocorre com os atos instintivos.
10. Vejamos o exemplo do patinho: logo que rompe a casca do ovo que o mantinha encerrado, se vê próximo um córrego ou um lago, corre alegremente para ele e lança-se na água, nadando imediatamente com perfeição. Onde aprendeu o pato a nadar? São igualmente instintivos o ato do castor, que constrói sua casa com terra, água e galhos de árvores; o ato dos pássaros, que constroem com perfeição seus ninhos; o ato da aranha, que tece com precisão sua teia. Veem-se já aí alguns dos caracteres do instinto: é algo inato, perfeito e específico, ou seja, surge espontaneamente, sem prévia aprendizagem, em todos os indivíduos de uma mesma espécie e leva a atos completos, acabados, perfeitos, desde a primeira vez que são realizados.
11. Verifica-se, no entanto, que esses atos continuam durante toda a vida do ser sem mudança alguma. Essa capacidade de nadar, de construir, de tecer não sofre variação através dos tempos, de modo que o castor constrói hoje a sua cabana como o faziam seus ancestrais e assim farão os seus descendentes, com os mesmos materiais e da mesma maneira. Nas edificações dos homens, ao contrário, é evidente a evolução na forma e no uso dos materiais, porque decorrem de atos inteligentes, sujeitos à vontade e à liberdade, variáveis de acordo com as circunstâncias, o que é uma característica dos atos inteligentes.
12. O homem também deve a sua conservação e manutenção a atos instintivos, e não apenas aos atos inteligentes. Lembremos tão-somente o que se dá nos primeiros dias após o nascimento de uma criança, que, do mesmo modo como ocorre com as crias de outros mamíferos, suga o leite materno, sem que ninguém lhe tenha ensinado. A circulação sanguínea, o funcionamento do aparelho digestivo e tantas outras funções verificáveis no ser humano também se devem à força do instinto.
Respostas às questões propostas
1. Que é inteligência? R.: A inteligência é o atributo essencial do Espírito, em razão do qual toma ele conhecimento de sua própria existência e exerce atividades voluntárias e livres. Quando o Espírito atinge o grau de humanização, sua inteligência adquire desenvolvimento superior, como o surgimento da razão e do senso moral, que lhe facultam a capacidade de conceber e reconhecer a existência de Deus.
2. Podemos dizer que o homem tem dupla natureza? R.: Sim. O homem é um ser que revela uma natureza material e uma natureza espiritual. Não nos esqueçamos de que há uma alma unida ao seu corpo físico e somente a ela deve ele sua inteligência e racionalidade, seus conhecimentos e sentimentos, bem como sua vontade e liberdade.
3. Que são atos instintivos? R.: São os atos que parecem obedecer antes a automatismos que a impulsos decorrentes da livre vontade. Eles visam sobretudo à conservação do indivíduo e da espécie, objetivando as funções de nutrição e de reprodução, provendo ao crescimento, ao desenvolvimento e à propagação, enfim, da plena realização da vida. Esses atos são devidos ao instinto e, por isso, chamados atos instintivos.
4. Que diferença existe entre os atos instintivos e os atos inteligentes? R.: A diferença entre uns e outros é que os atos inteligentes são conscientes, voluntários, livres e calculados. São, além disso, suscetíveis de variações, porque a inteligência, variável e individual por excelência, é suscetível de progresso. Os atos inteligentes decorrem da aprendizagem e pela aprendizagem se aprimoram, fato que não ocorre com os atos instintivos.
5. É certo dizer que os animais devem sua vida ao instinto e que o homem vive graças à inteligência? R.: Não. O homem deve também a sua conservação e manutenção a atos instintivos, e não apenas aos atos inteligentes. Lembremos tão-somente o que se dá nos primeiros dias após o nascimento de uma criança, que, do mesmo modo como ocorre com as crias de outros mamíferos, suga o leite materno, sem que ninguém lhe tenha ensinado. A circulação sanguínea, o funcionamento do aparelho digestivo e tantas outras funções verificáveis no ser humano também se devem à força do instinto.
Bibliografia: A Gênese, de Allan Kardec, cap. 3, itens 11 a 17.
[Segundo Ciclo]