Objetivo: esclarecer acerca da vida futura, da continuidade da vida após o desencarne e como é o mundo espiritual.
Primeiro momento: prece inicial
Segundo momento: preparar os evangelizandos para a atividade que será realizada. Conduzir a atividade convidando para um passeio. O evangelizador pode dizer:
- Vamos fazer de conta que é noite, estamos na nossa cama, e iremos dormir. Após adormecer, iremos fazer um passeio, em Espírito, até o mundo espiritual. Nosso corpo ficará repousando na cama.
Terceiro momento: os evangelizandos sairão da sala, em silêncio, passarão pelo jardim do Centro Espírita (se houver) e irão até outra sala, ambientada com flores, voal, cheirinho; lá estará um evangelizador (representando um instrutor do mundo espiritual) que irá recebê-los, dando-lhes as boas vindas e falará sobre o mundo espiritual.
- Falar o que fazem os Espíritos, alimentação, trabalho, lazer, moradia, estudo...
- Dar oportunidade aos evangelizandos de realizar perguntas.
Quarto momento: retornar para a sala onde se iniciou a atividade, fazendo de conta que agora irão acordar, vindos da visita realizada ao mundo espiritual. Explicar que quando dormimos, nosso Espírito vai até o mundo espiritual, sintonizando com as pessoas e situações com que tem afinidade (gosta).
Quinto momento: momento do Evangelho (leitura de um trecho pequeno, uma linha ou parágrafo de O Evangelho segundo o Espiritismo) e prece de encerramento.
Subsídios ao evangelizador: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. II, item 1 a 3; O Livro dos Espíritos, questões 958 e 959.
Seguem alguns textos que podem embasar a fala do evangelizador no mundo espiritual.
No caminho que empreende em direção à perfeição, o Espírito passa por múltiplas experiências tanto no mundo físico, como no mundo espiritual.
A dimensão espiritual é composta por esferas, que se elevam à medida que se afastam da Crosta. Sobre as esferas mais elevadas ainda temos poucas informações, mas nas regiões mais próximas à Terra, a vida desenvolve-se de uma maneira muito semelhante a nossa. Isso acaba gerando uma certa perturbação naqueles que desencarnam desconhecendo essa realidade e muitos demoram algum tempo para darem-se conta que não fazem mais parte do mundo físico.
A vida social depende do estágio evolutivo de cada comunidade. Como regra geral, os Espíritos ao retornarem à organização espiritual que estão vinculados, após um período de readaptação, se preparam para uma nova encarnação. Trabalham, estudam, mas também possuem momentos de lazer e repouso.
Não há ociosidade no mundo espiritual. Todos os Espíritos cooperam nas inúmeras tarefas que são desenvolvidas no plano espiritual, sempre de acordo com as conquistas evolutivas no campo moral e intelectual de cada um. Conquanto o trabalho seja obrigatório, com o é na Terra, tem o seu limite para permitir o estudo e os momentos de lazer. As colônias espirituais têm os seus locais destinados ao estudo. Universidades, escolas, teatros e bibliotecas são construídos com esse fim.
O lazer na espiritualidade tem sempre um objetivo superior. Lá os habitantes se reúnem para ouvir a música espiritual, para assistirem palestras, para momentos de leitura e oração e para os encontros com os amigos.
Quanto mais evoluído, menos o Espírito necessitará de repouso para reparar as suas energias. Mas os Espíritos inferiores precisam descansar e dormir. Há os sofredores que dormem por um longo período, principalmente aqueles que acreditavam no sono eterno.
Depois da desencarnação, o Espírito não necessita mais do alimento para nutrir o corpo físico, mesmo assim muitos, ainda arraigados às sensações físicas, ressentem-se da falta desse alimento mais grosseiro e necessitam nutrir-se de recursos energéticos mais consistentes. Por esse motivo, observa-se no mundo espiritual o uso de alimentos a base de sucos, sopas e frutas. Embora semelhantes aos que são utilizados na Terra, os alimentos dos Espíritos são feitos de matéria própria do mundo espiritual e de acordo com o perispírito de cada um, pois quanto maior a ascensão espiritual, mais delicado será o processo de alimentação.
A aparência e a apresentação externa dos Espíritos dependem de sua força mental e de seu estado íntimo. Quanto mais elevado o Espírito maior a sua capacidade de ajustar o seu perispírito. Para os Espíritos mais inferiores funciona o automatismo da mente. A aparência externa estará de uma forma mais marcante representando a sua desarmonia interior. Nem todos os Espíritos estão em condições evolutivas suficientes para plasmarem suas vestes perispirituais. Por isso, na literatura espírita, vamos encontrar a menção de fábricas especializadas na confecção de vestimentas, utilizando substâncias fluídicas próprias do mundo espiritual.
Semelhante à Terra, no plano espiritual as famílias espirituais vão compartilhar de uma mesma habitação, cujos ambientes são decorados com móveis e objetos quase idênticos aos terrestres.
À medida que o Espírito evolui seu perispírito se torna mais sutil, ou seja, mais desmaterializado, e com isso deixa de sofrer a ação da gravidade. Por isso os Espíritos superiores se locomovem através de um processo denominado volitação, deslocando-se no espaço em altas velocidades. A nível físico não há barreira intransponível para o Espírito, apenas a nível moral. A culpa, o apego às coisas terrenas, a falta de perdão, os pensamentos desarmonizados, são as maiores algemas que dificultam sua locomoção. Por isso, há Espíritos que ainda necessitam de veículos (como exemplos, temos o aeróbus em Nosso Lar1 e o trem magnético em Alvorada Nova2) para transporte nas faixas espirituais mais próximas da Terra.
Sabendo dessa realidade que nos espera, na continuação da vida, o temor da morte vai desaparecendo e vamos nos sentir estimulados ao esforço necessário para realizar as tarefas que estamos comprometidos, em especial, resolver os conflitos íntimos, trabalhar, estudar e servir no bem, pois (…) através da desencarnação transferimo-nos somente de lugar e de endereço, continuando conforme somos3.
A vida nas esferas intermediárias nos possibilita antever como seremos venturosos nas regiões felizes quando, pelo esforço permanente, tivermos vencido as nossas imperfeições e conquistado o estágio de Espíritos perfeitos.
1XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. 52. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.
2GLASER, Abel. Alvorada Nova. Pelo Espírito Cairbar Schutel. 3. ed. Matão, SP: O Clarim, 2000.
3FRANCO, Divaldo. Entre os dois Mundos. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda. Salvador, BA:LEAL,2005. p.209.
Nosso Lar é o nome de uma Colônia Espiritual que André Luiz apresenta em seu primeiro livro (de uma série de dezesseis), revelando um mundo palpitante, pleno de vida e atividades, organizado de forma exemplar, onde espíritos desencarnados passam por estágio de recuperação e educação espiritual. Ao longo da narrativa autobiográfica encontramos preciosos ensinamentos, dentre os quais selecionamos alguns, reproduzindo-os em duas partes, nesta e na próxima edição.
Mensagem de Emmanuel. André Luiz vem contar que a maior surpresa ante a morte carnal é a de nos colocar face a face com nossa própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal; vem lembrar que a Terra é oficina sagrada, e que ninguém a menosprezará, sem conhecer o preço do terrível engano a que submeteu o próprio coração. Não basta à criatura apegar-se à existência humana, é necessário saber aproveitá-la dignamente.
O Umbral é uma região que começa na crosta terrena e funciona como um lugar destinado ao esgotamento de resíduos mentais. Uma espécie de Zona Purgatorial, onde se queima, aos poucos, o material deteriorado das ilusões terrestres. É lá que se concentra tudo o que não tem finalidade para a vida superior. Para onde são levados os espíritos que não são suficientemente perversos para serem enviados às colônias de reparação mais dolorosas, nem bastante nobres para serem conduzidos a planos mais elevados. Mesmo assim, cada espírito permanece só o tempo necessário, e por isso há muitas instituições como Nosso Lar, com a finalidade de trabalho e socorro espiritual.
Diante da dor. A dor significa possibilidade de enriquecer a alma. A luta constitui caminho para a divina realização. Na terra, muitos têm a ilusão de que não há dor maior que as suas. A dor não edifica pelos prantos ou pelas feridas que sangram, mas pela porta de luz que oferece ao espírito, para que seja mais compreensivo e mais humano. Ao enfermo é indispensável criar pensamentos novos, disciplinar os lábios e aprender a não falar excessivamente de si mesmo, nem comentar a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental de tratamento difícil. No entanto, quando as lágrimas não se originam da revolta, sempre constituem remédio depurador.
Ante as ofensas. Ninguém está isento de faltas, assim, é essencial entender os adversários, não propriamente como inimigos, mas como benfeitores, por servirem de instrumento da justiça divina. É importante aproveitar as oportunidades para restabelecer a simpatia interrompida, recompondo os elos da corrente espiritual.
Diante dos erros. É fundamental reconhecer os próprios erros, sem lastimar-se ou ficar relembrando-os; aproveitar os tesouros do arrependimento, guardar a bênção do remorso, embora tardio, sem esquecer que a aflição não resolve problemas.
A ajuda Divina. Deus nos ama sem esperar por rogativas, mas aguarda posição receptiva para encaminhar ajuda. Assim, quando alguém deseja algo ardentemente já se encontra a caminho da realização, mas há três requisitos, a saber: 1º desejar, 2º saber desejar e 3º merecer ou trabalhar persistentemente para ter merecido. O socorro sempre está ao alcance do espírito, basta que se submeta, de forma humilde e resignada, aos desígnios da Providência Divina. A ajuda chega quando, efetivamente, cada um está disposto a ser ajudado, quando a dor promoveu o despertamento necessário.
Reproduzimos a seguir a segunda parte de algumas anotações que foram extraídas do livro Nosso Lar.
O lar é instituição essencialmente divina. É conquista sublime que os seres humanos vão realizando vagarosamente. Na fase atual evolutiva do planeta, existem, na esfera carnal, raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate. As pessoas não são umas das outras, mas umas com as outras para as experiências do conviver. O verdadeiro casamento é das almas e essa união ninguém poderá quebrantar. O matrimônio espiritual realiza-se, alma com alma, representando os demais simples conciliações indispensáveis à solução de necessidades ou processos retificadores, embora todos sejam sagrados.
O pão divino. O grande alimento das almas é o amor, que está acima da união física. O espírito encarnado saberá, mas tarde, que a conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz da compreensão, o interesse fraternal – patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo – constituem sólidos alimentos para a vida em si.
O trabalho no bem. O verdadeiro bem espalha bênçãos em nosso caminho. Toda a tarefa na Terra, no campo das profissões, é convite de Deus para que o espírito penetre os templos divinos do trabalho. O título é apenas uma ficha, que habilita a aprender nobremente a servir ao Senhor. A experiência humana, em hipótese alguma, poderá ser levada à conta de brincadeira. Na Terra, o maior trabalhador é o próprio Cristo e Ele não desdenhou o serrote pesado de uma carpintaria. A ciência de recomeçar é das mais nobres que nosso espírito pode aprender. Trabalhar para o bem dos outros, para encontrar o próprio bem, pois o trabalho é tônico divino para o coração. É indispensável converter toda a oportunidade da vida em motivo de atenção a Deus. O gesto de amor ao desiludido, o olhar de compreensão ao culpado, a promessa evangélica aos que vivem no desespero, a esperança ao aflito, constituem bênçãos de trabalho espiritual, que o Senhor observa e registra. As leis divinas concedem sabedoria ao que gasta tempo em aprender e dá mais vida e mais alegria aos que sabem renunciar no trabalho ao semelhante.
As oportunidades. Quando o discípulo está preparado, o Pai envia o instrutor. O mesmo se dá, relativamente ao trabalho. Quando o servidor está pronto, o serviço aparece. Assim, é importante estar atento a circunstâncias aparentemente casuais, pois quando o Criador convoca a determinado lugar é por que há alguma tarefa a realizar. Mas jamais esquecer de dar de si mesmo, em tolerância construtiva, em amor fraternal e divina compreensão.
O sentido da vida. A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões. O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso. A alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria. Cerrar os olhos carnais constitui operação demasiadamente simples. Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser.
O conselho de André Luiz. “Oh! Amigos da Terra! Quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorar depois.”
XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. 52. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.