Perigo em casa

         Pedro e Tiago brincavam na casa de João, quando sentiram sede.

         Resolveram ir até a geladeira, pra ver se tinha água gelada.

         - Olha aqui - disse Pedro, que bebida diferente! Vamos experimentar?

         Cheiraram e não acharam o cheiro ruim. A garrafa estava pela metade.

         - Já vi meu pai tomar dessa garrafa, não deve ser ruim - lembrou João.

         Então Pedro tomou um gole, fez uma cara esquisita, e os outros dois meninos riram... Ele achou que agradava, e tomou mais um pouco. Sentiu-se um pouco tonto, mas não disse nada.

         - Tem mais aqui neste armário – mostrou João.

         Eram muitas garrafas, com nomes estranhos, dispostas lado a lado.

         - Agora é a vez de vocês, desafiou Pedro, ainda tonto.

         Os outros dois meninos, tentando mostrar coragem, também beberam.

         Logo os três meninos estavam achando tudo engraçado e sentindo-se muito tontos.

         Tiago, com vontade de vomitar, tentou levantar do chão onde estavam sentados, mas tropeçou e caiu, batendo a cabeça na mesa. Os outros dois meninos riram, mas quando viram que o corte sangrava, não acharam mais engraçado.

         Começaram, então, a gritar pela mãe de João, que estava no andar de cima da casa.

         - Tia Mariana! Mãe! Tia Mariana! Gritavam alto.

         Ela logo desceu, e ao ver Tiago sangrando, tratou de olhar o ferimento. Sentindo o cheiro de álcool que vinha dos três meninos, disse:

         - Vocês dois fiquem aqui! Não mexam em nada e não bebam mais nada. Vou levar Tiago ao médico.

         E foi o que ela fez. Quase não falaram durante o trajeto, e no Hospital o menino levou três pontos na cabeça.

         Mariana levou Tiago de volta para casa, entregando-o para a mãe, que perguntou o que havia acontecido. Ele tentou explicar mas, assim que ela percebeu o cheiro de álcool que vinha da boca do menino, mandou-o de castigo para o quarto, anunciando que em breve conversariam.

         A mãe de João voltou para casa e encontrou João e Pedro sentindo-se zonzos e enjoados. Quando Pedro parou de vomitar, Mariana e João levaram o amigo para casa.

         Foram em silêncio, mas na volta conversaram:

         - Por que vocês beberam? – vocês sabem que crianças não podem beber álcool.

         João tentou explicar que eles estavam curiosos, que foi meio que uma brincadeira, e que o pai dele bebia, então não poderia ser ruim.

         A mãe então falou:

         - Os adultos fazem suas escolhas, e são responsáveis por elas. Mas cada um pode escolher beber ou não. O álcool é uma droga que não é proibida por lei, mas é uma droga. Ele é porta de entrada para outras drogas, porque quem bebe perde o controle das emoções e é difícil tomar decisões com os pensamentos confusos.

         - Mas, mãe, todo mundo bebe! Tem até propaganda de cerveja na TV...

         - Nem todo mundo bebe, filho. Cada um pode escolher. E a TV deveria ter programas para esclarecer as pessoas, contando que o álcool traz problemas no fígado, no estômago, no coração, prejudica a memória e contribui para o surgimento de câncer.

         Contar até aqui. Pedir que criem o final da história, em duplas ou trios se acharem mais produtivo.

         Segunda parte da história, que deve ser contada apenas se o evangelizador entender necessário, após ouvir o que foi criado como final pelos evangelizandos.

         Vocês sabe o que aconteceu com João, Pedro e Tiago?

         João ficou pensativo. Naquela semana a mãe dele mostrou um vídeo em que um homem bebia, incentivado por um Espírito viciado que desejava beber com ele, absorvendo os fluidos alcoólicos. O menino ficou muito impressionado e não teve mais vontade de beber. Quando lhe ofereciam bebida de álcool em um bar ou uma festa, ele agradecia, dizendo que não estava com vontade. Às vezes, os amigos riam dele, porque ele não bebia, mas João não se importava. Ele não queria pra ele o mesmo destino do seu pai, seu Joaquim.

         O pai de João continuou bebendo, mas dizia sempre que bebia socialmente. Bebia cada vez mais, brigava em casa, se afastou dos amigos e perdeu o emprego. Seus pais se separaram quando João tinha quatorze anos. Seu Joaquim ficou muito doente e acabou desencarnando prematuramente, em razão do álcool.

         Os pais de Pedro não conversaram com ele sobre o que aconteceu naquela tarde em que ele chegou bêbado em casa. Apesar do mal-estar e da enorme dor de cabeça no dia seguinte, Pedro achou que beber não trazia grandes consequências. Adolescente, começou a beber todos os finais de semana, depois quase todos os dias. Já adulto, ao sair de um bar, bateu o carro e se machucou seriamente. A partir daquele dia, resolveu procurar ajuda. Foi ao médico e entrou para os Alcoólicos Anônimos, onde compreendeu que o álcool mata – às vezes rapidamente, como em um acidente, ou aos poucos, acabando com a saúde física.

         Tiago, no dia seguinte, teve uma conversa com seus pais sobre os malefícios do álcool. Foi a primeira de muitas outras, pois o menino passou a acompanhar o pai que participava de um Grupo de Ajuda para dependentes químicos. Lá ele entendeu que não é necessário beber para se divertir e que as drogas fazem muito mal para a saúde. Tiago também compreendeu o sofrimento dos familiares e amigos daqueles que bebem ou usam drogas. Quando adulto, se tornou voluntário em ações que procuravam esclarecer acerca dos males que o álcool e outras drogas causam àqueles que não querem, ou não conseguem, dizer NÃO às drogas.