Elevando o seu espírito magnânimo ao Pai Celestial e colocando o seu amor acima de todas as coisas, exclamou:
- "Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome."
E, ponderando que a redenção da criatura nunca se poderá efetuar sem a misericórdia do Criador, considerada a imensa bagagem das imperfeições humanas, continuou:
- "Venha a nós o teu reino."
Dando a entender que a vontade de Deus, amorosa e justa, deve cumprir-se em todas as circunstâncias, acrescentou:
- "Seja feita a tua vontade, assim na Terra como nos céus."
Esclarecendo que todas as possibilidades de saúde, trabalho e experiência chegam invariavelmente, para os homens, da fonte sagrada da proteção divina, prosseguiu:
- "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje."
- "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores."
Conhecedor, porém, das fragilidades humanas, para estabelecer o princípio da luta eterna dos cristãos contra o mal, terminou a sua oração, dizendo com infinita simplicidade:
- "Não nos deixes cair em tentação e livra-nos de todo mal, porque teus são o reino, o poder e glória para sempre. Assim seja."
Levi, o mais intelectual dos discípulos, tomou nota das sagradas palavras, para que a prece do Senhor fosse guardada em seus corações humildes e simples. A rogativa de Jesus continha, em síntese, todo o programa de esforço e edificação do Cristianismo nascente. Desde aquele dia memorável, a oração singela de Jesus se espalhou como um perfume dos céus pelo mundo inteiro.
As elucidações do Mestre, relativamente à oração, sempre encontravam nos discípulos certa perplexidade, quase que invariavelmente em virtude das idéias novas que continham, acerca da concepção de Deus como Pai carinhoso e amigo. Aquela necessidade de comunhão com o seu amor, que Jesus não se cansava de salientar, lhes aparecia como problema obscuro, que o homem do mundo não conseguiria realizar.