A aula tinha sido sobre atitudes para cuidar do nosso planeta Terra. A professora falou sobre economia de água e de energia elétrica; uso de sacola retornável; separação do lixo seco e orgânico; impressão apenas do que for realmente necessário; doação de roupas e brinquedos que não são mais usados e outras atitudes que podem se transformar em hábitos que vão fazer a diferença para o meio ambiente.
Claudia Schmidt
Fernando achou a aula chata. Ele pensava que aquilo não era com ele. Que importância tinha o que ele fazia ou deixava de fazer?
Depois, toda a turma confeccionou um boneco com material reciclado. Usaram jornais, caixas, copos plásticos, garrafas pet, tampinhas. Logo o boneco estava pronto! Ficou muito legal!
Então, a professora pediu que a turma escolhesse um nome para o boneco. Todos queriam dar uma ideia, e foram muitas as sugestões: Verdinho, Recicla, Sucatão, Antoninho, Seco, João... Depois de algum tempo, votaram os nomes mais legais, e o nome escolhido foi Guardião do Planeta!
O boneco pareceu gostar, pois Fernando teve a impressão que o Guardião sorriu quando decidiram o nome dele. “Não! Deve ter sido um engano, bonecos não sorriem! ” disso Fernando tem certeza.
Ao final da aula, sortearam quem levaria o Guardião pra casa naquele dia. Todos os alunos participaram do sorteio. Adivinhem quem foi sorteado? Fernando!
O menino, porém, não se entusiasmou com a ideia. “O que vou fazer com este boneco? Só vai me atrapalhar!” Mas como não teve opção, levou o boneco, combinando que o devolveria no dia seguinte.
No caminho de casa, Fernando comeu uma bala e, sem pensar, jogou o papel no chão. Imediatamente, ouviu um barulho que parecia um celular: Bibibibibi! E vinha do boneco! Com o susto Fernando derrubou o boneco no chão. Quando foi juntá-lo, em sua barriga havia uma frase: LUGAR DE LIXO É NA LIXEIRA!
“Que estranho, esta frase não estava aqui!”- pensou Fernando.
Juntou o Guardião e o papel da bala do chão. Como não havia nenhuma lixeira perto, Fernando lembrou que na aula a professora disse que, se não houvesse lixeira perto, devemos ficar com o lixo na mão ou colocar o lixo de papel no bolso, até encontrarmos um local apropriado para ele. E foi o que Fernando fez. Na quadra seguinte encontrou uma lixeira e depositou o papel da bala.
Quando o menino chegou em casa, foi direto ao banheiro lavar as mãos. Abriu muito a torneira, e lavou, lavou, lavou as mãos. De repente, ouviu um barulho! Bibibibibi!
Parecia o mesmo alarme de antes... Olhou para o boneco que havia deixado perto do banheiro e viu uma mensagem na barriga dele: USE MENOS ÁGUA PARA LAVAR AS MÃOS!
Esquisito! – pensou Fernando – Outra frase! E é diferente da frase de antes...
Desligou imediatamente a torneira. Será que usei água demais? - pensou. E lembrou que da aula, quando falaram que há falta de água em muitos lugares e que, se desperdiçarmos água, logo, logo vai faltar água pra beber.
Fernando desligou a luz do banheiro e foi assistir Televisão. Algum tempo depois, sua mãe mandou que ele fosse tomar banho.
Reclamando, Fernando foi tomar banho. E que banho demorado! Ele se ensaboou, brincou, demorou... Depois de uns dez minutos, novamente o alarme: Bibibibibi! Fernando pôs a cabeça pra fora do box do banheiro e já sabia... Era Guardião, avisando, com uma placa na barriga: TOME BANHO MAIS RÁPIDO!
Intrigado, o menino terminou o banho e foi olhar o boneco. De onde vinha aquele barulho? De onde vinham as frases? Que coisa esquisita!
Resolveu não comentar com ninguém, pois poderiam achar que ele estava maluco. Que mal podia fazer ele gastar um pouco de água? Fernando lembrou, então, que a professora disse que cada um deve fazer a sua parte, economizando água e energia elétrica.
Logo era hora do jantar. Era tarefa de Fernando lavar a louça depois do jantar. Quando ele começou a lavar escutou um sinal, ao longe: Bibibibibi! DESLIGUE A TORNEIRA PARA ENSABOAR A LOUÇA! – era mais um cartaz na barriga do boneco Guardião.
Fernando correu para contar para a mãe, queria que ela visse o cartaz, para ele ter certeza de que não estava maluco. Mas quando a mãe chegou perto do boneco, ele estava silencioso, imóvel, sem nenhuma frase na barriga. O menino não soube explicar o que estava acontecendo...
Resolveu, então, continuar a lavar a louça, desligando a torneira enquanto ensaboava os pratos e talheres. “Agora o Guardião está contente”, pensou Fernando.
Quando chegou a hora de escovar os dentes, Fernando pensou “Desta vez vou gravar com o celular!” Colocou Guardião no balcão do banheiro, ligou o celular, apontou na direção do boneco e ligou bem forte a torneira... E ouviu o barulho: Bibibibibi! E um cartaz dizia: DESLIGUE A TORNEIRA ENQUANTO ESCOVA OS DENTES! Fernando desligou, e logo o cartaz sumiu.
Depois de escovar os dentes com a torneira fechada, pegou o celular para ver a filmagem. Mas no celular aparecia apenas Guardião parado, imóvel. Sem entender, o menino foi dormir, pensando se contaria aos colegas sobre os avisos que recebeu do boneco.
No outro dia, Fernando levou o boneco para a escola, mas nada disse à professora e aos colegas. O próximo aluno a levar o Guardião do Planeta para casa era Antônio. Fernando observou de longe o garoto ir para casa, carregando o boneco.
Quando Antônio retornou à escola, no dia seguinte, Fernando perguntou curioso:
- Ouviu algum alarme?
- Não, respondeu o colega, sem entender.
Então Fernando perguntou sobre as atitudes de Antônio: como lavava as mãos, quanto tempo ficava no banho, como lavava a louça, se jogava lixo no chão... Mas Antônio sabia tudo sobre economia de água e energia elétrica, e não fez nada errado: desligou as torneiras, tomou banho rápido, desligou as luzes, e nunca jogava lixo no chão. E mais: Antônio tinha certeza de que pequenas atitudes, realizadas todos os dias, fazem a diferença!
Em seguida Antônio deu um sorriso e disse:
- Hoje pela manhã, quando ajudei meu tio a plantar uma árvore em frente de casa, e olhei para o Guardião, tive certeza de que vi um cartaz na barriga que dizia: PARABÉNS! VOCÊ ESTÁ CUIDANDO DO PLANETA, FAZENDO A SUA PARTE!
Fernando então contou tudo a Antônio, os cartazes, o alarme, tudinho. Os dois amigos riram, e ficaram curiosos: Quem seria o próximo colega a levar o novo amigo pra casa?
E se você fosse colega de Antônio e Fernando e o Guardião fosse passar um dia com você? Que mensagens ele teria pra você?