Era o primeiro dia de férias da escola e a mãe de Artur pediu a ele para secar a louça do almoço. Claudia Schmidt
- Não posso! – respondeu o garoto. Nestas férias não vou fazer nada! Trabalhar... nem pensar!
Assim, naquele dia Artur se negou a arrumar o quarto, a lavar seu tênis e a guardar sua roupa que havia sido passada. Ele ficou deitado no sofá, a tarde toda, olhando bobagens na TV. Sua mãe pensou que podia obrigá-lo a ajudar, mas resolveu fazer diferente...
No dia seguinte, acordou muito tarde e se recusou a varrer a calçada, dizendo:
- Trabalhar nas férias? Nem pensar!
A mãe, então desafiou o filho:
- Aposto que você não consegue ficar uma semana sem trabalhar!
- Aposto um sorvete como eu consigo! – respondeu Artur.
- Combinado! – disse a mãe.
Dona Ana passou, então, a observar de perto o filho, verificando as escolhas que ele fazia. Quando ele terminou de ler um dos livros que havia ganhado de seu tio, ela disse:
- Meu filho, talvez você não saiba, mas na Doutrina Espírita aprendemos que TODA OCUPAÇÃO ÚTIL É TRABALHO. Ler este livro, com histórias espíritas, é trabalho.
Sem querer trabalhar, Artur pegou a bicicleta para dar uma volta na quadra. Pedalou alegremente por mais de uma hora, e quando voltou, Dona Ana lembrou:
- Exercícios físicos são ótimos para o corpo. É uma ocupação útil, logo é ...
- Trabalho! – completou Artur, largando a bicicleta.
Quando o menino começava a ficar entediado, chegou Abigail, sua vizinha, convidando para brincar. Os dois se divertiram muito juntos durante horas. Quando ela foi embora, Dona Ana esclareceu:
- Brincadeiras saudáveis como as dessa tarde fazem bem ao Espírito, educam e ensinam respeito e cordialidade. Logo, podem ser considerados como uma espécie de trabalho.
Artur não respondeu. Em seguida, ligou a TV e assistiu um documentário sobre animais, aprendendo muitas coisas interessantes sobre os bichos de estimação.
- Estudar é uma importante ocupação útil, assim como assistir a educativos programas na TV – lembrou a mãe, mais tarde, durante o jantar.
Naquela noite, Artur assistiu um filme que havia pegado na locadora. Era um filme de terror, com cenas de suspense. Quando Dona Ana chegou na sala, ela comentou:
- Isso realmente não é trabalho. Não é útil, mas acho que serve para deixar você com medo e atrair para o ambiente companhias espirituais que adoram o medo e a violência.
Artur ficou pensativo, mas terminou de assistir o filme. Mais tarde, quando sua mãe veio dar boa-noite, perguntou:
- Você já fez suas orações?
Ante a resposta afirmativa, ela sorriu e disse:
- Orar por si mesmo e pelos outros é uma bela e útil ocupação... E enquanto dormimos, podemos, em Espírito trabalhar e estudar...
Artur apenas sorriu, compreendendo que não venceria a aposta feita.
E foi assim, com amor e paciência, fazendo o menino refletir acerca de suas escolhas, que a mãe de Artur ensinou a ele que toda ocupação útil é trabalho.
No dia seguinte, Artur secou a louça do almoço e arrumou o quarto, sem reclamar. Ele foi sentindo que ser útil é uma escolha inteligente, que traz bem-estar e alegria, e que o trabalho é uma oportunidade valiosa de aprendizado e evolução.
Alguns dias depois, mãe e filho fizeram uma pausa nos trabalhos que realizavam e saborearam um enorme e delicioso sorvete.