O trabalho da escola com o título “Os milagres de Jesus” não estava concluído. Mônica e Antônia escreveram sobre as inúmeras curas de Jesus, citaram algumas, como a cura dos dez leprosos e do paralítico de Betsaida, mas parecia que ainda faltava alguma coisa.
- Por que as pessoas não conseguem realizar curas como as feitas por Jesus? – indagava-se Mônica.
Antônia não sabia a resposta. Mas ela lembrou de tia Amália, evangelizadora espírita, que em outras oportunidades já havia ajudado nos trabalhos da escola.
Encontraram a tia, que era química, na farmácia de manipulação. Enquanto falavam de suas dúvidas, a tia manipulava uns tubos de ensaio.
De repente, sem dizer nada e sem avisar, a tia derramou um líquido cor de rosa em seu avental branquinho.
As meninas tomaram um susto! Por que ela havia feito aquilo? Seu avental ficaria manchado de rosa!
Mas a tia, ao invés de explicar o ocorrido, disse apenas:
- Jesus não fazia milagres.
As garotas se olharam. O que estaria acontecendo com tia Amália? Primeiro o líquido rosa no avental e agora essa afirmação... Mas ela continuou:
- Milagre é um acontecimento extraordinário, que vai contra as leis de Deus. Antigamente, as pessoas não tinham os conhecimentos que temos hoje e entendiam como milagres as curas e os fenômenos extraordinários realizados por Jesus, porque não conseguiam explicar de outra maneira.
- Mas, então, como então explicar as curas feitas por Jesus? – quis saber Antônia.
- Jesus curou pessoas, afastou espíritos perturbadores, fez profecias. – explicou a tia. Ele também usou a telepatia, que é a transmissão do pensamento à distância, e a clarividência, ou seja, ver sem usar os olhos físicos, vendo a distância e através dos corpos. Fez tudo isso manipulando energias, através de seu pensamento e vontade, porque é um espírito superior e tem conhecimentos que nós não temos.
As meninas ouviam atentamente. A tia continuou:
- Ele realizava esses feitos para ajudar as pessoas e para que elas compreendessem que ele tinha uma missão muito especial, que era divulgar o amor e a caridade. Mas para merecer a cura era necessário ter fé e disposição para se melhorar, por isso Jesus dizia: Tua fé te salvou.
Nesse momento, Mônica lembrou do avental da tia. Para espanto das meninas, a mancha rosa havia sumido!
- Não é um milagre, não! – foi logo explicando tia Amália. É apenas algo que vocês não sabem explicar. Viram como é fácil chamar de milagre o que não compreendemos? Eu joguei determinados componentes químicos, em certa dosagem, que quando secam, evaporam, desaparecendo a mancha colorida.
- Legal! – disseram as garotas em coro.
Beijaram a tia, agradecendo a lição. Quando retomaram o trabalho da escola, mudaram o título: Jesus não fazia milagres.
Claudia Schmidt