Justificativa
Considerando a importância de promover os meios para que a família e a Casa Espírita exerçam uma ação evangelizadora conjunta e busquem o desenvolvimento integral do ser; a necessidade de propiciar às Instituições Espíritas o incentivo para incrementar o trabalho com a família de forma sistematizada, pela criação do Departamento Família; e tendo em vista que os pais são os seres a quem Deus confiou a responsabilidade de incentivar a evolução dos filhos e a família, o laboratório das experiências reparadoras, é que o presente trabalho oferece sugestões para que o Centro Espírita implemente e/ou dinamize os trabalhos com a família, conclamando os evangelizadores e os demais trabalhadores a uma ação efetiva de transformação da sociedade.
Objetivo geral
Despertar nos dirigentes espíritas o interesse pelo trabalho sistematizado de evangelização da família.
Objetivos específicos
Incentivar a participação dos pais/responsáveis nas atividades do Centro Espírita;
Valorizar a função educadora e regeneradora da família na formação do homem de bem;
Conscientizar os pais/responsáveis quanto à responsabilidade junto àqueles que receberam como filhos na presente encarnação;
Esclarecer quanto à origem das diferenças e dos conflitos familiares;
Possibilitar uma visão integral do evangelizando, por parte da Casa Espírita, viabilizando uma ação integrada dos diversos departamentos da Instituição para atuar com a família;
Preparar o idoso para ajustar-se às mudanças físicas, psíquicas, sociais, familiares e espirituais que ocorrem nesta etapa da vida e conscientizá-lo de que viver bem a velhice é responsabilidade pessoal que decorre do desejo de ter uma vida social ativa e produtiva;
Incentivar a criação de caravanas de visitação aos lares e orientar sobre a divulgação e importância da implantação do Estudo do Evangelho no Lar.
Escopo da proposta
Na Casa Espírita, devemos estar sempre atentos, quando procurados por alguém em busca de ajuda, pois aquele ser não é sozinho, ele está inserido num contexto familiar que também é afetado quando ele se encontra enfermo e vai ao encontro de apoio.
André Luiz, na obra No Mundo Maior, orienta-nos que “a família é uma reunião espiritual no tempo, e, por isso mesmo, o lar é um santuário. Muitas vezes, mormente na Terra, vários de seus componentes se afastam da sintonia com os mais altos objetivos da vida; todavia, quando dois ou três de seus membros aprendem a grandeza das suas probabilidades de elevação, congregando-se intimamente para as realizações do espírito eterno, são de esperar maravilhosas edificações”.
O trabalho sistematizado de evangelização da família terá seu início pela formação do Grupo de Pais ou Ciclo de Pais ou Grupo de Estudos de Pais. Trata-se de uma reunião, de preferência, semanal, em que, a partir de um programa composto por assuntos atuais tratados sob a ótica da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus, os pais/ responsáveis terão a oportunidade de refletir sobre a família e conhecer os caminhos que os auxiliarão na condução dos problemas de relacionamento familiar. A formação do Grupo de Estudos de Pais é, portanto, a primeira fase do trabalho.
Após essa fase, o trabalho deverá prever a integração dos demais Departamentos do Centro Espírita, propiciando uma visão integral do ser, o que possibilitará um atendimento mais amplo para a melhoria do equilíbrio do núcleo familiar.
Estratégia de ação
Para a primeira fase – formação do Grupo de Estudos de Pais – foram identificados quatro vértices principais, sobre os quais será alicerçada a proposta junto às Casas Espíritas para a dinamização do trabalho de evangelização da família:
* Mecanismos de atração dos pais/responsáveis para o Grupo de Estudos;
* Definição de um conteúdo programático;
* Capacitação dos trabalhadores;
* Instrumentos de controle e avaliação do trabalho.
Cada um dos vértices acima compreende atividades que devem ser empreendidas pelo Centro Espírita. Tais como:
Mecanismos de atração dos pais/responsáveis para o Grupo de Estudos
* ciclo de palestras públicas no Centro Espírita sobre a importância da evangelização da família;
* realização de convite aos pais dos evangelizandos;
* seminário sobre a visão espírita da família;
* estabelecimento de um programa de implantação do evangelho espírita no lar, buscando a harmonização da família e sua conscientização quanto à necessidade de renovação moral.
Definição de um conteúdo programático
Elencar temas atuais que deverão ser abordados à luz da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus, como: o relacionamento do casal; a visão espírita da família; a questão do idoso na família; a justiça da reencarnação; Espiritismo e educação; como lidar com a mediunidade na infância e na adolescência; obsessão (causas, conseqüências e tratamento). Em item específico, o presente trabalho apresentará, para avaliação do Centro Espírita, uma sugestão de programa para o Grupo de Estudos de Pais.
Capacitação dos trabalhadores
Requisitos do trabalhador:
. pertencer aos quadros de trabalhadores do Centro Espírita;
. possuir experiência em educação: pais, professores, pedagogos, psicólogos, evangelizadores;
. de preferência, estar vinculado a um grupo de estudos no Centro Espírita ou já ter concluído as fases de estudos espíritas propiciadas pelo Centro.
Estrutura do Curso de Capacitação dos trabalhadores
1 - Visão geral sobre: família; lar; reencarnação e educação; missão dos pais; as fases da infância e da adolescência no contexto espírita;
2 - A evangelização da família e o papel da Casa Espírita;
3 - A profilaxia do evangelho espírita no lar: importância e incentivo ao processo de evangelização;
4 - A estratégia de trabalho da Casa Espírita com a evangelização da família: mecanismos de atração dos pais/responsáveis; a dinâmica dos eventos de estudos; conhecimento do conteúdo programático dos encontros de estudos; instrumentos de acompanhamento e avaliação.
Bibliografia de apoio para a capacitação dos trabalhadores:
Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo
Chico Xavier: O Consolador, Família
Divaldo Franco: SOS Família, Adolescência e Vida
FEEC: Guia útil para os Pais
Hermínio Miranda: Nossos filhos são Espíritos
Raul Teixeira: Vereda Familiar
Dalva S. Souza: Os Caminhos do Amor, Os Caminhos da Liberdade e Conflitos Conjugais
Joamar Nazareth: Um Desafio chamado Família
Maria T. Compri: O Evangelho no Lar
USE/SP: Família e Espiritismo
Instrumentos de controle e avaliação: o trabalho deverá ser medido, qualitativa e quantitativamente, para possibilitar alterações que visem à melhoria contínua. Os instrumentos iniciais de controle e avaliação propostos para o Grupo de Estudos de Pais são:
- avaliação permanente para aferir o número de participantes e sua freqüência;
- cruzamento de dados de pais/responsáveis participantes do Grupo de Estudos e dos filhos que freqüentam as aulas de evangelização espírita;
- acompanhamento do comportamento dos pais/responsáveis e de seus filhos que freqüentam as aulas de evangelização do Centro;
- avaliação, pelos pais/responsáveis, dos trabalhos desenvolvidos no Grupo de Estudos e nas aulas de evangelização de seus filhos.
Observação: vale notar que este item já conta com um embrião do trabalho integrado que está inserido na Segunda Fase. Esta visão multidisciplinar permitirá aos dirigentes dos trabalhos uma visão abrangente do núcleo familiar e de seus componentes individualmente.
Além dos aspectos que envolvem a estruturação do trabalho, nesta primeira fase é oportuno apresentar o perfil sugerido para o coordenador do Grupo de Estudos de Pais, como orientação ao Centro Espírita:
* ser trabalhador do Centro Espírita;
* ter consciência do importante trabalho de evangelização da família;
* reunir habilidades para:
- trabalhar em equipe;
- planejar as atividades inerentes ao Grupo de Estudos de Pais;
- coordenar a execução das atividades planejadas;
- manter registros dos trabalhos desenvolvidos;
- preocupar-se com a reciclagem para a melhoria dos trabalhos empreendidos;
- buscar informações sobre o trabalho desenvolvido em outras Casas;
* ser cordial e permitir abertura para o diálogo e para a aceitação de sugestões de melhorias.
Sugestão de Programa para o Grupo de Estudos de Pais
Abrangência
O programa de estudos durará um período de mais ou menos 2 anos. Ao final desse período, os pais/responsáveis já poderão (voluntariamente) se engajar a algum trabalho do Centro nesta área dos Grupos de Estudo de Pais.
Calendário
Dia de realização do encontro: no melhor dia para o Centro, de preferência no mesmo dia/horário das aulas de evangelização das crianças/adolescentes;
Duração: de 60 a 90 minutos, de acordo com o período das aulas de evangelização infanto-juvenil, caso o período de realização do Grupo de Estudos de Pais seja o mesmo.
Método
O trabalho deverá ser desenvolvido por meio de exposição do tema pelo Coordenador – ou palestrante visitante - dentro de um intervalo de tempo determinado. Após, deverá ser incentivada a discussão dos pontos abordados no sentido de permitir uma participação maior dos envolvidos, além de apoiar a fixação dos ensinamentos transmitidos e o nivelamento do grupo.
Atividades | Tempo Realização | Tempo Realização |
Encontros de 60 min | Encontros de 90 min | |
Anotação da freqüência Avisos Prece de abertura |
+ ou - 05 minutos> | + ou - 05 minutos |
Exposição do tema | + ou - 15 minutos | + ou - 25 minutos |
SUGESTÃO: dividir dos participantes em grupos menores, onde realizarão tarefas, como responder questões sobre o tema (com suas próprias concepções), e logo após realizar o debate geral sobre o tema, sob a condução do coordenador. |
+ ou - 35 minutos | + ou - 50 minutos |
Encerramento - Prece Final | + ou - 05 minutos/td> | + ou - 05 minutos |
O Grupo com encontros semanais de 90 minutos geralmente obtém um melhor rendimento dos temas abordados.
Recursos Didáticos e formação de grupos
Geralmente é heterogêneo o conjunto formado pelos pais/responsáveis integrantes do Grupo de Estudos: alguns estão dando os primeiros passos na Doutrina Espírita, enquanto outros já tiveram oportunidade de freqüentar cursos no Centro Espírita. Se possível, é interessante a formação de diferentes grupos de acordo com o grau de conhecimento espírita de cada um, a fim de que o responsável pela condução do tema utilize recursos didáticos que ajudem a fixar a mensagem espírita proposta.
O(s) coordenador(es) poderá(rão) fazer uso de livros, transparências, quadro de giz, filmes, recursos de multimídia, etc, para debates entre os participantes. O uso de recursos para passar a informação torna mais atraente, dinâmico e faz com que os participantes assimilem melhor o conteúdo de estudo do encontro, pois estará sendo estimulando outras áreas de assimilação do cérebro.
Conteúdo Programático
O primeiro encontro não deverá ser um encontro de estudos propriamente dito, mas reservado às dinâmicas de apresentação e entrosamento entre os participantes do grupo. Na oportunidade, deverá ser apresentado um programa de estudos, ou o livro que será estudado e discutido, a dinâmica das reuniões e demais informações norteadoras do trabalho.
A penúltima e/ou a última reunião deve(m) ser reservada(s) para discussão e para uma avaliação dos trabalhos realizados, tendo os participantes a oportunidade de apresentar propostas de melhorias para os próximos períodos.
Algumas sugestões de temas para debate e/ou grupo de estudo:
Família: conceito e constituição
Parentela corporal e parentela espiritual
Amor: fonte da vida
Namoro, noivado e casamento
Visão espírita das uniões infelizes
A gestação e seus problemas
O aborto e suas conseqüências
Nossos filhos são Espíritos
A adolescência e seus problemas
Os problemas da sexualidade
As drogas e suas consequências
Visão espírita do homossexualismo
A missão do lar
Deveres dos pais
Esquecimento e reencarnação
A educação dos sentimentos
Relacionamento entre pais e filhos
Orientação sexual no lar
Os pais e os filhos problema
Filhos adotivos
Filhos excepcionais
A superproteção dos pais aos filhos
Disciplina e liberdade
O papel de cada um no conjunto familiar
Casa Espírita
Os pais e a Escola Espírita de Evangelização
Família e Casa Espírita
A evangelização da família
Infância: melhor período para educar
Pais autocráticos x pais democráticos
A criança diante da morte
A importância do evangelho espírita no lar
Reforma intima: a conquista do ser
O desenvolvimento das virtudes
O idoso na família
Autoestima na família
Mediunidade
Eclosão da mediunidade
Mediunidade em crianças
Conduta dos pais perante a mediunidade na infância
Alterações de comportamento da criança diante de fatos mediúnicos
O que é obsessão e quais as suas conseqüências
Obsessão na infância
O tratamento da obsessão
O envolvimento da família no tratamento obsessivo da criança
A depressão na infância e na adolescência
A violência familiar
As conseqüências da omissão
As referências bibliográficas são as sugeridas na Campanha "O Melhor é viver em Família - Aperte mais esse laço", e demais obras espíritas que tratem dos assuntos relativos à família.
Grupo de Convivência para a Terceira Idade
Objetivo
Preparar o idoso para se ajustar às mudanças físicas, psíquicas, sociais, familiares e espirituais que ocorrem nesta etapa da vida e conscientizá-lo de que viver bem a velhice é responsabilidade pessoal que decorre do desejo de ter uma vida social ativa e produtiva.
Função
Permitir a integração do idoso nas atividades do Centro Espírita, para que se conscientize de que sua experiência é útil à coletividade.
Funcionamento
Os idosos se reúnem para estudar, confeccionar artesanatos ou fazer aula de canto, terapia ocupacional, etc, semanal, quinzenal ou mensalmente, de preferência durante o dia, em dias úteis, pois, em sua maioria, são aposentados.
Considerações gerais depois da implantação do Grupo de Estudos para Pais/responsáveis
Consolidada a implantação da primeira fase, o Centro Espírita já deverá se preocupar com a integração das atividades de evangelização da família, pela ação dos departamentos. Este momento é diferente para cada Centro, dependendo da maturidade dos trabalhos e daqueles que estão com ele envolvidos. Não há, portanto, um delimitador do tipo aqui termina a primeira fase de implantação da proposta e, daqui em diante, o que faremos é a implementação das atividades da segunda fase.
Na verdade, haverá uma superposição em algumas das tarefas, na medida em que o trabalho for ganhando identidade no Centro e os trabalhadores se conscientizando da importância da integração das atividades com o evangelizando, por ações conjuntas dos diversos departamentos.
O trabalho, nesta fase, consiste em ampliar a visão sobre o ser. Hoje, de uma forma geral, os Centros Espíritas fazem uma abordagem parcial do ser através de suas áreas e atividades de trabalho. A sugestão aqui é para que haja uma integração gradual entre os diversos trabalhos, a começar por aqueles desenvolvidos pelo Departamento de Infância e Juventude - DIJ.
A sistemática de trabalho consiste no cruzamento de informações entre os participantes das aulas de evangelização infantil com os integrantes do grupo de pais/responsáveis e aqueles que procuram os trabalhos de atendimento fraterno.
Por meio de um acompanhamento pedagógico, o Centro Espírita reunirá condições de conhecer melhor o evangelizando e seu contexto familiar, encaminhando e/ou antecipando ações profiláticas para o tratamento dos possíveis desequilíbrios individuais e coletivos.
O DIJ terá condições de reunir informações sobre quais pais/responsáveis participantes do Grupo de Estudos de Pais têm filhos participando das aulas de evangelização espírita e, no sentido inverso, dos evangelizandos que formam as salas de aulas, quem possui pais/responsáveis vinculados a alguma tarefa e/ou grupo sistematizado de ensino no Centro Espírita.
Uma ação coordenada no sentido de desenvolver programas integrados entre estas duas áreas de trabalho do Centro Espírita deve assumir prioridade no trabalho de evangelização da família.
Ainda dentro dessa fase, a integração DIJ e Departamento de Doutrina poderá incentivar a inclusão sistemática de temas ligados à família na programação das palestras públicas doutrinárias. E, em alguns casos, eleger um dia da semana – diferente daquele dedicado à reunião do Grupo de Estudos de Pais – em que as reuniões públicas só tratarão de temas vinculados à família.
Sem dúvida, essa integração irá permitir colocar em prática os ditames da Doutrina Espírita sobre o homem integral, considerado como a encarnação de um Espírito eterno que necessita desenvolver suas potencialidades pelo pleno exercício do livre-arbítrio, para o aprimoramento e a prática das virtudes, à luz do Evangelho de Jesus.
E o estímulo a essa prática de renovação interior, de autodescobrimento, de reformulação do pensamento e de educação dos sentimentos é encontrado no Centro Espírita por ações sistematizadas de entendimento dos ensinamentos do Mestre.
Certamente “não encontraremos na Doutrina Espírita uma bula ensinando passo a passo como fazer; encontraremos a orientação do que fazer e o caminho correto a seguir, e, cada um a seu tempo aplicará os ensinamentos adquiridos e desenvolverá os talentos que vem acumulando ao longo de suas existências.
Após a implementação das ações sugeridas, dever-se-á oferecer cursos, encontros e eventos que aprofundem as discussões e promovam a troca de experiências, que possam ampliar o trabalho.