Paulinho, um menino de 14 anos, pensava que viver com sua família era muito chato. E consigo pensava:
Mamãe está sempre pedindo para eu guardar a roupa e os sapatos; papai não pára de dizer que é importante estudar; minha irmã mais velha está sempre a me chamar para fazer a tarefa escolar; meus irmãos querem jogar bola e eu só gosto de brincar com a pipa. Acho melhor viver sozinho. Vou-me embora desta casa! Só assim posso fazer o que eu quero, na hora que eu quiser.
Assim, Paulinho fez a sua trouxa — uma camisa e uma calça — e resolveu procurar um local para viver sozinho.
O menino chegou à cozinha e disse para sua mãe:
- Vou embora, quero viver sozinho.
- Filho, viver sozinho não é fácil!... disse a mamãe.
- Não se preocupe, mamãe, vou saber como me cuidar. Adeus!
A mãe deixou que ele se fosse, pois só assim ele entenderia como é importante ter uma família e além disso, ela sabia que antes do anoitecer ele estaria de volta.
Paulinho começou a andar... andar em busca de um local para ficar, mas nenhum lhe parecia confortável. Mesmo assim ele continuou procurando.
Depois de muito andar, começou a sentir fome. Lembrou-se do leite quentinho e do pão que sua mãe lhe oferecia pela manhã.
Mas dizia consigo mesmo:
- Vou encontrar o meu lugar... e andou... andou.
De repente, tropeçou em uma pedra e machucou os joelhos.
Quis chorar, mas lembrou que estava sozinho e não tinha ali o papai para cuidar do seu ferimento.
Mas, mesmo com fome e os joelhos machucados, achava que poderia morar sozinho, longe de todos.
Andou mais um pouco e avistou alguns meninos brincando.
Aproximou-se e perguntou:
- Posso brincar com vocês?
Os meninos pareciam não enxergá-lo, pois sequer responderam à sua pergunta. Paulinho, nesse momento, lembrou-se dos irmãos que o tratavam com carinho e até faziam pipas coloridas para ele brincar.
Sentado numa pedra, sentiu sede, lembrou-se então, de sua irmã, pois era ela quem lhe dava água fresquinha quando tinha sede. Precisava fazer algo!
Avistou uma casa e resolveu ir até lá pedir um copo d’água. Bateu palmas...
Uma senhora veio atendê-lo.
- Pode me dar um copo d’água, por favor?
A senhora chegou bem perto de Paulinho, para observá-lo melhor e disse:
- Pobre menino, tão novo e sem família! Você vive nas ruas? Perguntou curiosa.
Paulinho não soube responder.
Gaguejou... gaguejou, mas não sabia o que falar, pois ele não queria viver nas ruas, já que tinha uma família.
De seus olhos começaram a escorregar duas lágrimas, que anunciavam o desejo de voltar para casa e a saudade de seus familiares.
Nesse momento, notou que a noite se aproximava e, além da fome e da dor nos joelhos machucados, sentiu medo de passá-la sozinho, ao relento.
Num grande esforço, andou... andou bem depressa... até alcançar sua casa.
Lá chegando, surpreendeu a todos, quando os abraçou e disse:
- Este é o melhor lugar para se morar e esta é a melhor família!...
Depois, foi tomar banho, vestir roupas limpas, cuidar dos joelhos machucados e saborear a deliciosa sopa que mamãe acabara de servir. Paulinho não cansava de repetir:
- Como é boa a nossa casa! Como é boa a minha família!