Espíritos protetores


         - Paiêêê!

         Carlinhos chegou correndo, com o vigor dos seus cinco anos, trazido pela mãe, da aula de Evangelização, no Centro Espírita.

         - Pai, existe anjo da guarda com asinhas, auréola e tudo mais?

         Carlos Henrique, com sua experiência como evangelizador, lembrou-se das dúvidas que as crianças traziam para as aulas.

         - Não, meu filho. Anjinhos, com asinhas e auréolas, não existem.

         - Mas, então, pai, para quem devo fazer minhas orações?

         - As orações nós podemos fazer diretamente a Deus, ao nosso Mestre Jesus, ou ao nosso Espírito protetor.

         - ? ? ?

         - Na Doutrina Espírita, preferimos chamar os anjos de Espíritos protetores. Eles são Espíritos como nós, só que já desencarnaram.

         - Ah, eu sei, pai! Desencarnado é quem já morreu, né?

         - Isso mesmo. São Espíritos que através de boas ações evoluíram e do Plano Espiritual estão em condições de nos ajudar, nos inspirando boas idéias. Mas eles não decidem por nós. A responsabilidade de sermos pessoas boas, que cuida da natureza, respeita os outros e amam ao próximo é de cada um.

         Carlinhos prestava atenção, e então o pai resolveu continuar:

         - E quando você está com medo, o que você costuma fazer?

         - Eu não tenho medo de nada!- disse o garoto, bem sério.

         O pai, então lembrou de que o menino tinha medo, sim, de tempestade, de dormir no escuro e que sempre dormia com o abajur ligado. E uma noite ele acordou os pais no meio da noite porque estava com medo de que eles morressem, de que seu irmão morresse e até que seu cachorro morresse. Mas o pai disse apenas:

         - Mas quando acontecer de você sentir medo de alguma coisa, você pode fazer algo que pode lhe ajudar muito. Você sabe o que é?

         - Uma prece?

         - Isso mesmo. Uma prece para que o seu Espírito protetor lhe inspire coragem e confiança em Deus. Você sabia que um dia todos nós poderemos ser espíritos protetores? Vai depender de nossa evolução, das coisas boas que fizermos.

         - Puxa, pai, que bom! Deve ser legal! Quero ser logo um Espírito protetor e ajudar as outras pessoas.

         Pegou sua bola, e feliz com a nova lição, convidou o pai e o cachorro Chico para jogarem todos juntos.