Querida mãezinha Carla e papai Ricardo

         Estou aqui com a querida bisa Maria e sei que não posso chorar.

         Vocês não pensem que eu os esqueci. Cresci um pouquinho, mas ainda sou o mesmo Carlinhos.

         Não sei dizer a vocês o que aconteceu, o culpado fui eu mesmo pelo acidente com a bicicleta. O motorista do ônibus não teve culpa.

         Mãe, a senhora lembra das nossas conversas ? Quando eu dizia que tinha medo de morrer? Você me dizia que quando morremos, a vida continua, e devemos buscar a luz. Eu achava esquisito quando você falava... Mas assim que fiquei confuso após o acidente, eu lembrei da nossa conversa, pois eu enxerguei um pequeno ponto luminoso. Caminhei em sua direção, parecia ouvir a sua voz dizendo: “Busque a luz, meu filho”. A medida que caminhava, a luz aumentava de tamanho. Depois de um tempo encontrei uma senhora que me disse:

         - Sou eu, Carlinhos, a sua bisavó Maria.

         Eu não me lembrava dela, mamãe, mas o carinho dela foi tão grande que me atirei nos seus braços e chorando contei tudo: que cai da bicicleta e fui atropelado. Que estava preocupado e sentia falta de vocês. Ela me olhou e disse com bondade:

         - Carlinhos, teus pais e irmãos estão bem. Somos todos de Deus.

         Obrigado papai, por ter atendido meu pedido e doado meus brinquedos na vila perto de casa.

         Deixo um beijo carinhoso ao vovô Pedro, a vovó Ana, e a minha irmã Rafaela.

         Um beijo especial para vocês, meus pais amados.

         Seu filho

         Carlinhos