Estou aqui com a querida bisa Maria e sei que não posso chorar.
Vocês não pensem que eu os esqueci. Cresci um pouquinho, mas ainda sou o mesmo Carlinhos.
Não sei dizer a vocês o que aconteceu, o culpado fui eu mesmo pelo acidente com a bicicleta. O motorista do ônibus não teve culpa.
Mãe, a senhora lembra das nossas conversas ? Quando eu dizia que tinha medo de morrer? Você me dizia que quando morremos, a vida continua, e devemos buscar a luz. Eu achava esquisito quando você falava... Mas assim que fiquei confuso após o acidente, eu lembrei da nossa conversa, pois eu enxerguei um pequeno ponto luminoso. Caminhei em sua direção, parecia ouvir a sua voz dizendo: “Busque a luz, meu filho”. A medida que caminhava, a luz aumentava de tamanho. Depois de um tempo encontrei uma senhora que me disse:
- Sou eu, Carlinhos, a sua bisavó Maria.
Eu não me lembrava dela, mamãe, mas o carinho dela foi tão grande que me atirei nos seus braços e chorando contei tudo: que cai da bicicleta e fui atropelado. Que estava preocupado e sentia falta de vocês. Ela me olhou e disse com bondade:
- Carlinhos, teus pais e irmãos estão bem. Somos todos de Deus.
Obrigado papai, por ter atendido meu pedido e doado meus brinquedos na vila perto de casa.
Deixo um beijo carinhoso ao vovô Pedro, a vovó Ana, e a minha irmã Rafaela.
Um beijo especial para vocês, meus pais amados.
Seu filho
Carlinhos