Observações:

         * Mudamos o título da história para a “A história de Pedrinho”.

         * Contamos até a parte que está em negrito, depois passamos para o segundo momento.



Os grãos de arroz


         A vida de Pedrinho tem sido muito difícil. Ele nasceu com uma perna um pouco menor que a outra.

         Para andar, pende o corpo um pouco para o lado direito.

         Ele gostaria muito de jogar bola, mas como corre com dificuldade seus colegas não o aceitam no jogo.

         Ultimamente, tem recebido muitos deboches e apelidos. Como lhe tem sido muito difícil aceitar a limitação física, todos os gracejos e apelidos que recebe são como pedras que lhe atiram.

         Outro dia, quando foi à lousa resolver um problema de matemática, ouviu um colega chamando-o grosseiramente por um apelido e pedindo que saísse da frente, pois seu corpo escondia uma parte da lousa.

         D. Augusta viu os olhos de Pedrinho encherem-se de lágrimas e, já há algum tempo, percebera o desrespeito dos colegas em relação a ele. Esperou que Pedrinho terminasse o exercício e sentasse. Chamou a atenção da classe e disse:


         - Hoje vamos ter uma aula de observação. Vocês sabem que devemos olhar atentamente tudo o que está ao nosso redor. Se olharmos com cuidado, vamos descobrindo coisas que, muitas vezes, nos passam despercebidas.

         Ela destampou uma vasilha contendo arroz cru; distribuiu um pouco para cada aluno e pediu que observássemos demoradamente os grãos de arroz e fôssemos comentando. Ficamos surpresos com o que víamos: uns eram mais claros, outros mais escuros, alguns eram mais opacos, outros mais brilhantes. Havia grãos mais alongados e grãos mais curtos. Alguns eram defeituosos, quebrados.

         D. Augusta comentou:

         - Nossos olhos desatentos, muitas vezes não conseguem perceber os detalhes das coisas que vemos diariamente. Fica mais difícil ainda saber a causa que fez com que os grãos de arroz sejam diferentes. Para isso seria necessário um estudo mais aprofundado.

         “Notem também que as pessoas são diferentes umas das outras. Algumas são perfeitas e outras têm defeitos físicos. Existem pessoas altas e baixas, inteligentes e com deficiências mentais, de pele branca, negra, amarela; algumas de cabelos pretos e outras louras ou ruivas. Há tantas diferenças que seria impossível enumerá-las. Para saber por que somos diferentes, seria necessário fazermos um estudo mais profundo da vida. De uma coisa podemos ter certeza: Deus é o criador de tudo o que existe e de todos nós. Como Ele é a inteligência suprema, tudo na Criação tem um objetivo, que muitas vezes, pela nossa ignorância de suas Leis, não conseguimos compreender. Mas devemos ter profundo respeito por tudo o que vem de Deus, por todas as pessoas que nos rodeiam, qualquer que seja a aparência que tenham, considerando que o valor das pessoas não é só pela aparência que apresentam, e sim, pelas suas qualidades e virtudes como seres humanos”.

         Sem que D. Augusta dissesse mais nada, havíamos compreendido perfeitamente a sua mensagem como relação ao Pedrinho, e o respeito que todos deveríamos demonstrar a ele.

         Daquele dia em diante, os apelidos e gracejos começaram a desaparecer de nossa classe. Antes não havíamos percebido que nossas brincadeiras, mesmo sem maldade, estavam ferindo alguém.

         Naquela aula aprendi como é importante compreender a vida estabelecida por Deus, e avaliar se aquilo que estamos fazendo está beneficiando ou machucando os outros.

BOLÇONE, Maria Ida Bachega. A Vida Ensinou, EME Editora.