Questionário


         a) Quais as hipóteses admitidas por Kardec para explicar o fato de Jesus ter caminhado sobre a água?

         Kardec apresenta duas hipóteses que explicariam naturalmente a ocorrência do fenômeno. Na primeira, se explicaria pela possibilidade de Jesus haver neutralizado a ação da gravidade sobre o seu corpo, à semelhança do que ocorria com os fenômenos das mesas girantes. Com sua alta capacidade de manipular as leis da Natureza, Jesus envolveu seu corpo físico com uma espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação. Esse fluido deu ao seu corpo, momentaneamente, maior leveza, permitindo-lhe manipulá-lo e deslocá-lo por sobre a água.

         Outra hipótese, admitida por Kardec como a mais provável e que também se encontra perfeitamente de conformidade com as leis da Natureza, é a aparição por sobre a água ter se dado através do fenômeno da aparição. Mediante a modificação molecular do perispírito, Jesus o teria condensado ao ponto de torná-lo momentaneamente visível aos discípulos que se encontravam na barca, ficando seu corpo físico em outro local.


         b) Como se explicam as aparições de Jesus?

         As aparições de Jesus se explicam pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito. Mostrou-se com seu corpo fluídico (perispírito), daí somente ter sido visto por aqueles para os quais quis aparecer, ao contrário do que aconteceria se estivesse com o seu corpo carnal, que todos veriam.

         Obs.: o fenômeno de aparição ocorre através do perispírito, instrumento pelo qual o Espírito se mostra, mediante uma modificação molecular que opera por ato de vontade, condensando-o a ponto de torná-lo momentaneamente visível a quem queira se mostrar. Esta condensação se explica por ser o perispírito formado de substância etérea, com plasticidade, adaptável, consciente ou inconscientemente, conforme o estado psíquico do Espírito. Pode ocorrer sob variadas formas, conforme o grau de condensação do fluido perispiritual: de maneira vaga e vaporosa, mais nitidamente definida ou com todas as aparências da matéria tangível ou chegar à tangibilidade real, confundindo-se o Espírito com um encarnado.


         c) Que características são apontadas por Kardec para demonstrar que essas aparições deram-se com seu corpo fluídico?

         Kardec aponta como principais características que concluem que essas aparições deram-se com seu corpo fluídico as circunstâncias de aparecer repentinamente e do mesmo modo desaparecer; o fato de uns vê-lo e outros não; aparecer em recintos fechados, onde um corpo material não penetraria; a linguagem em tom breve e sentencioso, peculiar a Espíritos que assim se manifestam; atitudes que denotam algo não comum ao mundo terreno. Além disso, destaca Kardec o fato de sua presença causar surpresa e medo e de seus discípulos não lhe falarem com a mesma liberdade de antes, demonstrando que já não o sentiam como um homem.


         d) Por que o Espiritismo considera naturais essas aparições?

         O Espiritismo considera naturais essas aparições por se darem de acordo com as leis fluídicas, naturais. Explicam a possibilidade desses fenômenos, demonstrando serem fatos naturais, comuns, que acontecem nas mais variadas condições. Como seus discípulos não conheciam essas leis e uma vez que o viam e o tocavam, achavam que Jesus aparecia com seu corpo carnal ressuscitado.


         e) Qual a hipótese mais provável para explicar a transformação da água em vinho?

         Todos os atos de Jesus e todos os ensinamentos por ele deixados são de natureza puramente espiritual.

         Jesus não praticou um só ato que não trouxesse um ensinamento moral ou que não aliviasse a dor de alguém. Admitindo-se como reais os fatos narrados, vemos que se trata de um ato de efeito puramente material, que contraria a pedagogia de que se utilizou para transmitir aos homens a sua mensagem.

         Como ressalta Kardec, seria um ato de efeito puramente material e que apenas serviria para atrair a curiosidade do povo, sempre sensível aos fenômenos que consideravam sobrenaturais.

         Jesus, certamente, sabia que conseguiria maior repercussão para sua mensagem se praticasse atos que trouxessem alívio para as dores, cura para os doentes e obsediados do que produzindo um efeito dessa natureza. Provavelmente, durante a festa, terá ele aludido ao vinho e à água, tirando de ambos um ensinamento. No entanto, seja como for, não se pode afirmar que o fato não se tenha passado como narrado pelo evangelista, embora, mais racional e coerente com a sua passagem pelo mundo da matéria, é se admitir tenha sido esta uma das parábolas contadas por Jesus para transmitir seus ensinos e que foi tomada como real.


         f) O que podemos considerar mais importante na passagem de Jesus: os chamados “milagres” ou o seu ensinamento moral? Justifique.

         O mais importante na passagem de Jesus pela Terra foi, sem dúvida, a sua doutrina, muito maior que os chamados “milagres”. Sua doutrina, se corretamente entendida e praticada, é bastante para regenerar a humanidade. Sua superioridade se mostra mais pela revolução que seus ensinamentos produziram no mundo do que pelos fenômenos admiráveis com que curou enfermos e obsediados. Pregou sua doutrina durante apenas três anos e sob implacável perseguição dos religiosos que dominavam o povo àquela época. Mas, ainda assim, apesar de tudo, seus ensinos permanecem inatacáveis até hoje, como um farol a iluminar o caminho a ser seguido. Como explica Kardec, "se, em vez de princípios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro espiritual do homem, ele apenas houvesse legado à posteridade alguns fatos maravilhosos, talvez hoje mal o conhecessem de nome".


         g) A que conclusão chegaram após os estudos sobre o assunto da aula?

         Os textos evangélicos não explicam as leis que regeram a produção dos fenômenos narrados, até por que, naquela época, eram desconhecidos. Com a revelação trazida pelo Espiritismo acerca das leis que regem a vida espiritual, pode-se concluir, que eram fenômenos absolutamente naturais, ocorridos de acordo com as leis da Natureza e que foram tratados como milagres por serem estas leis ignoradas à época.