Jesus fez com que seus discípulos tomassem a barca e passassem para a outra margem antes dele, que ficava a despedir o povo. Depois de tê-lo despedido, subiu a um monte para orar e, tendo caído a noite, achou-se ele sozinho naquele lugar. Entrementes, a barca era fortemente açoitada pelas ondas, em meio do mar, por ser contrário o vento. Mas, na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, caminhando por sobre o mar.
Quando eles o viram andando sobre o mar, turbaram-se e diziam:
- É um fantasma! E se puseram a gritar amedrontados.
Jesus então lhes falou dizendo:
- Tranquilizai-vos, sou eu, não tenhais medo.
Pedro lhe respondeu:
- Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro, caminhando sobre as águas.
Disse-lhe Jesus:
- Vem.
Pedro, descendo da barca, caminhou sobre a água, ao encontro de Jesus. Mas, vindo um grande vento, ele teve medo; e como começasse a submergir, clamou:
- Senhor, salva-me.
Logo, Jesus, estendendo-lhe a mão, disse:
- Homem de pouca fé! Por que duvidaste?
E, tendo subido para a barca, cessou o vento. Então, os que estavam na barca, aproximando-se dele o adoraram, dizendo:
- És verdadeiramente filho de Deus, (S. Mateus, cap. XIV, vv. 22 a 33.)
Jesus, embora estivesse vivo, pôde aparecer sobre a água, com uma forma tangível, estando alhures (noutro lugar) o seu corpo. É a hipótese mais provável. Fácil é mesmo descobrir na narrativa alguns sinais característicos das aparições tangíveis (A Gênese, cap. XIV, itens 35 a 37). Por outro lado, também pode ter sucedido que seu corpo fosse sustentado e neutralizada a gravidade pela mesma força fluídica que mantém no espaço uma mesa, sem ponto de apoio. Idêntico efeito se produz muitas vezes com os corpos humanos (A Gênese, cap. itens 41 e 42).