Jandir e Leandro voltavam da escola em animada conversa.

         Eram colegas, da mesma sala, e moravam perto um do outro, na mesma rua. Estavam, assim, quase sempre juntos, sendo bastante amigos.

         - Jandir - dizia Leandro - hoje, quando a professora pediu que desenhássemos a casa de Deus, por que você não fez o desenho de uma igreja, como os outros?

         - Você sabe que eu sou espírita, Leandro, e na minha religião a casa de Deus é todo o Universo, e também o nosso coração.

         - É, mas você não freqüenta aquele Centro Espírita ali da Rua das Palmeiras? Para vocês, espíritas, o Centro não é a casa de Deus? A Ditinha, que é metodista, fez o desenho da igreja dela, a Igreja Metodista; o Albério fez o desenho da igreja dele, que é a Assembléia de Deus... Puxa, até que se a gente pensar bem, Deus tem uma porção de casas, não é?

         - Olá crianças, que conversa interessante é esta? - assim falou o Carlos, tio de Jandir, que se aproximava, e achou engraçada a referência de Leandro às “várias casas de Deus”...

         - Oi, tio.

         - Oi, Carlos. Eu e o Jandir estávamos aqui falando sobre uma coisa que aconteceu hoje lá na escola. A professora pediu que desenhássemos a casa de Deus, e quase todo mundo desenhou sua igreja, menos o Jandir... Você não acha que ele deveria ter desenhado o Centro Espírita onde ele vai rezar? O Centro Espírita não é a igreja da religião dele?

         - Huummm... - fez o tio Carlos. Você está mais ou menos com razão, Leandro. As religiões, de modo geral, têm seus templos ou igrejas, que representam para elas o local onde vão adorar a Deus.

         No Espiritismo é um pouco diferente... (FIG.1)

         - Não falei prá você? - disse Jandir, olhando fixamente para Leandro.

         - Como é, então, no Espiritismo? Para que serve o Centro Espírita? - tornou Leandro, curioso.

         - O Espiritismo, Leandro, também é uma religião cristã, ou seja, seguimos os ensinos de Jesus.

         Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, isto é, seu organizador, buscou as palavras do Cristo, e, com a ajuda dos Espíritos Superiores, as explicou e ainda trouxe ensinamentos novos, os quais não nos era possível entender, à época em que Jesus esteve entre nós. Por exemplo: uma vez, uma mulher perguntou a Jesus onde se deveria adorar a Deus, porque alguns diziam que era num lugar - o templo de Jerusalém, outros diziam que era no Monte Garizim... E Jesus lhe respondeu que dia viria em que os homens adorariam a Deus em espírito e verdade, e não neste ou naquele lugar necessariamente.

         Hoje compreendemos o que Jesus quis dizer à mulher. Deus não está em um altar, em um local. E devemos adorá-Lo através do cultivo dos bons sentimentos e das boas ações, principalmente, em qualquer lugar e a toda hora...

         - Então vocês não adoram a Deus dentro do Centro? - falou Leandro.

         - Adoramos sim, Leandro. Mas não só adoramos a Deus, através da prece, no Centro. Lá também é nossa casa de trabalho, de estudo, de aprendizado das leis divinas, de prática da caridade... - explicou tio Carlos.(FIG.2)

         - E os Espíritos aparecem lá? Vocês vêem as pessoas que já morreram, e conversam com elas?- indagou Leandro, meio desconfiado.

         - Ah! Ah! Ah! Você está com medo, Leandro? - fez Jandir, provocando o companheiro.

         - Eu não! Só perguntei porque falaram lá na escola que no Centro Espirita as pessoas conversam com almas do outro mundo... (FIG.3)

         Tio Carlos aparteou:

         - Os Espíritos, Leandro, são as pessoas que desencarnaram. Eles estão em todos os lugares onde lhes interesse e possam estar, só que numa dimensão, que não nos é possível enxergá-los ou ouvi-los com os olhos e ouvidos da carne. No Centro, através dos médiuns, que são pessoas que podem perceber melhor o Mundo Espiritual, essa comunicação é possível. E acontece em reuniões próprias para tal, quando recebemos ensinamentos dos Espíritos Benfeitores e podemos ajudar os Espíritos que sofrem.

         Entendeu?

         - Acho que entendi...

         - Ô Leandro, por que você não vai comigo um dia lá no Centro? - perguntou Jandir.

         - Qualquer um pode ir lá?

         - Qualquer pessoa que queira saber um pouco sobre a Doutrina Espírita pode ir a uma reunião de estudos. Você poderia ir comigo no dia da Escolinha. Tenho certeza que vai gostar. A gente encontra os amigos, brincamos, estudamos as lições de Jesus, fazemos campanhas para ajudar os necessitados...

         - Tá combinado! Quando você for ao Centro irei junto!

         E os dois selaram a promessa com um cumprimento a que estavam acostumados, sob o olhar sorridente do tio Carlos.

Autor desconhecido