Eutanásia, a Boa Morte?

O termo Eutanásia vem do grego (eu = bem, bom; thanatos = morte), significando literalmente boa morte, mas é o abreviamento da vida física de um doente reconhecidamente incurável.

Os que defendem essa prática alegam que matar sem dor aquele que está sofrendo sem esperanças de melhora física é um ato piedoso, além de econômico, pois muitos recursos são despendidos para manter vivo o doente; além disso, muitos consideram o gesto como “caridoso” para com familiares e amigos ligados à agonia do enfermo.

Esses posicionamentos, porém, demonstram ignorância das realidades espirituais e o domínio de conceitos materialistas e imediatistas. A partir do entendimento de que nada acontece por acaso, sem a permissão de Deus, compreende-se que o sofrimento é oportunidade de resgate e depuração do espírito imortal; e que a proximidade do desencarne de alguém querido possibilita, aos espíritos mais próximos, profundas reflexões, além do exercício da caridade, da responsabilidade, do amor e da fé. Defender a eutanásia é desconhecer as leis universais e o comprometimento de todos os envolvidos, dos familiares aos profissionais responsáveis, que possuem o dever de realizar todo o possível para amenizar a dor do enfermo, confiando nos desígnios divinos que sabe o momento que o espírito deve abandonar o corpo material.

Conforme Emmanuel1“O homem não tem o direito de praticar a eutanásia, em caso algum, ainda que a mesma seja a demonstração aparente de medida benfazeja. A agonia prolongada pode ter finalidade preciosa para a alma e a moléstia incurável pode ser um bem, como a única válvula de escoamento das imperfeições do Espírito em marcha para a sublime aquisição de seus patrimônios da vida imortal. Além do mais, os desígnios divinos são insondáveis, e a ciência precária dos homens não pode decidir nos problemas transcendentes das necessidades do Espírito.”

A Eutanásia ignora as necessidades do espírito, impondo-lhe sérias dificuldades no retorno à pátria espiritual, conforme está elucidado em O Evangelho Segundo o Espiritismo2“Desconheceis as reflexões que seu Espírito poderá fazer nas convulsões da agonia e quantos tormentos lhe pode poupar um relâmpago de arrependimento. O materialista, que apenas vê o corpo e em nenhuma conta tem a alma, é inapto a compreender essas coisas; o espírita, porém, que já sabe o que se passa no além-túmulo, conhece o valor de um último pensamento. Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro.”

André Luiz3 acompanhou o caso de um agonizante que teve a morte antecipada e relata as repercussões nefastas para o espírito, pois a ação da medicação fulminante atingiu também o corpo espiritual (perispírito) do enfermo, aumentando e prolongando a perturbação.

Apesar de legalizada em alguns países, a eutanásia nunca é moral ou humanitária. Esse procedimento acarreta responsabilidades espirituais a quem o solicita, autoriza, pratica ou defende, que muitas vezes pode estar, inconscientemente, agindo pelo seu próprio bem-estar e não pelo do doente, que está tendo na doença do corpo a cura da alma.

Claudia Schmidt
1XAVIER, Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 22.ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 2000.p. 71. Questão 106.2KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 121. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 2003 .p. 124 -125 3XAVIER, Francisco Cândido Xavier. Obreiros da Vida Eterna. Pelo Espírito André Luiz. 27 ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 2002. p. 280-281.