Estudando a Doutrina Espírita compreendemos que Jesus não morreu por ninguém ou para salvar alguém. Sua morte não significa a nossa salvação, e nem o perdão “adiantado” dos erros que cometemos. Jesus, o Espírito mais evoluído que já esteve na Terra, encarnou e viveu neste Mundo por amor a nós, para exemplificar o amor, o perdão, a caridade, a fé, sendo “o modelo e guia, o tipo de perfeição moral a que se pode aspirar na Terra”, definição essa contida na questão 625 de O Livro dos Espíritos.
“Pelas obras é que se reconhece o cristão”, pois se apenas a fé salvasse o indivíduo, de que valeria a caridade, a reforma íntima, o trabalho no bem? Qualquer um que se arrependesse de seus erros antes de morrer seria salvo e iria para o Céu, mesmo se tivesse sido um ladrão ou assassino? E onde estaria, nesse caso, a justiça de Deus, que oferece tempo para alguns se arrependerem, enquanto que a outros arrebata do corpo físico sem a oportunidade de repensarem suas atitudes?
Quando tomamos consciência do cometimento de uma falta, o arrependimento é importante, porém ele não necessita de um rótulo religioso, mas sim ser complementado pela expiação e pela reparação do erro cometido. Expiação são os sofrimentos físicos e morais conseqüentes do erro; e a reparação consiste em fazer o bem no lugar do mal praticado, apagando assim os traços da falta e suas conseqüências.
A Doutrina Espírita elucida que a salvação de cada um – entendida como evolução espiritual, que é destino de todos os Espíritos criados por Deus – depende exclusivamente de si mesmo, e ocorre a partir da transformação moral, pois “fora da caridade não há salvação”. Assim, somente através da reforma íntima é possível salvar-se do comodismo, da indiferença, da omissão, da descrença, transformando a fé e a confiança em Deus em obras de amor e paz.
Sendo o Céu um estado íntimo, construído pela consciência tranqüila, e não um lugar de ociosidade e contemplação, o Céu de cada um só pode ser construído por ele mesmo, através de pensamentos, palavras e atitudes que revelem seu estado íntimo de constante aprimoramento espiritual, esforçando-se por tornar-se cada vez mais solidário, mais caridoso, mais parecido com Jesus.