Espíritos e nós (Os)

A concepção de vida e de morte altera-se à medida que o conhecimento científico se amplia, fazendo deste limiar algo imperceptível.

Quando a vida humana (biológica) se inicia? Dependendo da cultura em que se aborda esta questão teremos respostas variadas: para alguns a vida se inicia no momento da fecundação (união do gameta masculino com o feminino); já outros acreditam que é na fixação do embrião na parede uterina (nidação); alguns creem que é a partir do quarto mês de gestação; e ainda há quem ache que a vida só existe após o nascimento do bebê.

Quanto à morte, as dúvidas são semelhantes: para alguns a pessoa é considerada morta quando para de respirar; para outros quando cessam os batimentos cardíacos; há aqueles que somente atestam a morte na cessação da atividade cerebral (mesmo a ciência moderna ainda não possui equipamentos que atestam inquestionavelmente este diagnóstico)

Quanto à vida, na acepção maior da palavra, hoje se tem o conceito comum de que ela se desenvolve em dois planos: o material, físico, palpável, visível aos olhos, perceptível através dos sentidos comuns; e o espiritual, percebido através de sensações especiais, fenômeno chamado de mediunidade. Neste, é o ser, é a vida, que sobrevive à morte corporal, e, após a experiência reencarnatória, volta a habitar o mundo dos Espíritos, constituído das almas errantes (que necessitam voltar à experiência na matéria), formando sociedades de acordo com a evolução, em continuidade ao desenvolvimento espiritual, não esquecendo dos seres que continuam a habitar o plano terreno.É uma vida em outro plano, em outra dimensão que se intercambia com o mundo material de forma intensa.

Estes seres continuam amando, odiando, entristecendo, alegrando, trabalhando ou se comprazendo na ociosidade; tal como eram aqui, quando encarnados, só que agora, sem o corpo físico, têm ação mais sutil e mais livre podendo, inclusive, dentro de certos limites, interferir na vida e na ação dos encarnados. São as “nuvens de testemunhas” que o apóstolo Paulo atesta na carta aos hebreus (Hb 12,1).

Se ama a quem ficou na Terra, continua ligado a estes por laços de amor, procurando auxiliá-lo no campo das ideias, do pensamento, dando coragem, incentivando a não desistir, nem desanimar.

Se odeia, porque ainda não aprendeu a perdoar, continua ligado ao inimigo procurando influenciá-lo mentalmente, prejudicando-o, obsediando-o.

Se desencarnou muito apegado às coisas terrenas, não consegue desligar-se dos seus “pertences”, perturbando-se, não percebendo que já não vive mais no mundo material.

São muitas as situações vividas no mundo espiritual, dependendo do nível evolutivo de cada um. Os fatores que unem os encarnados e os desencarnados são, portanto, o pensamento, o sentimento e os desejos.

Sabedores desta informação e com a certeza desta verdade, através das milhares de comprovações mediúnicas de inegável veracidade, resta-nos bem utilizar deste conhecimento para a nossa evolução espiritual.

Para atrair a simpatia e o auxílio dos Espíritos superiores, deve-se esforçar cotidianamente na manutenção de pensamentos saudáveis, de otimismo; sentimentos de amor, bondade e perdão; atitudes de benevolência e caridade. Isto é garantia de estar bem amparados pela espiritualidade. Sempre entendendo que todo ato nobre não deve ter segundas intenções, senão fazer o bem, porque isso descaracterizaria a sua nobreza.

Para ligar-se aos Espíritos inferiores e viciosos basta não fazer nada. A simples ociosidade egoística é fator de atração e simpatia destes Espíritos. O indivíduo que possui a mente carregada de pensamentos negativos, de inveja, preconceito, orgulho e o coração cheio de ódio, rancor e egoísmo está facilmente suscetível à influência espiritual perniciosa. A invigilância dos pensamentos e o desprezo ao hábito da oração sincera representam fatores facilitadores à má influenciação.

Isso nada tem de extraordinário porque, como aqui na Terra, é comum procurar ficar sempre próximo dos que são simpáticos, tanta para as coisas saudáveis como para as perniciosas. Isto também ocorre entre os dois planos da vida – a aproximação é sempre por interesses comuns.

Quanto as dúvidas iniciais do texto, a Doutrina Espírita esclarece que a vida biológica se inicia no momento da concepção. Neste momento o Espírito que reencarna começa seu processo de ligação ao embrião em formação. A morte física que acontece na cessação das atividades cerebrais, diferencia-se da desencarnação, que é o desligamento do Espírito dos laços que o prendem ao corpo físico já sem vida. Este processo pode acontecer imediatamente após a morte, como poderá demorar horas e até dias para o seu desfecho.

Entender os conceitos expostos acima requer muito estudo e meditação, utilizando-se do raciocínio para entender a verdade.

Como reflexão, podemos entender que nós é que escolhemos as nossas companhias. Os nossos parceiros espirituais são produtos da nossa escolha e modo de viver. Se nos habituarmos à prática da oração, ao trabalho no campo do auxílio material e espiritual, às leituras edificantes, aos programas de lazer saudáveis, vigilante às nossas imperfeições – para serem superadas, certamente teremos excelentes companhias espirituais para auxiliar nas decisões e momentos importantes da nossa vida.

 

Luis Roberto Scholl