Reunidos no Grupo de Estudo, os companheiros faziam uma avaliação acerca do ano que se encerrava, as dificuldades e o que de bom tinha acontecido com aquele grupo de amigos que estudava a Doutrina Espírita já há algum tempo.
– Qual foi a melhor coisa que aconteceu neste ano para cada um de vocês? – perguntou o coordenador.
Os colegas sorriram, enquanto lembravam dos fatos que trouxeram alegria e felicidade.
Paulo contou que a melhor coisa que tinha acontecido foi ter sido promovido no trabalho, como reconhecimento pela sua dedicação à empresa.
Carmen disse que a maior alegria que teve foi ver o seu filho mais velho passar no vestibular. Ele está cursando jornalismo, como sempre sonhou.
Antônia conseguiu um novo emprego, e está muito feliz.
Maria conseguiu comprar uma casa, deixando de pagar aluguel. Ela e os filhos estão adorando a nova morada.
Respondendo a mesma pergunta, Eliane afirmou:
– Uma enxaqueca que durou quase um mês.
Como todos se olharam sem entender, ela repetiu:
– A melhor coisa que me aconteceu este ano foi uma enxaqueca prolongada. Mas eu explico: a dor de cabeça profunda, por vários dias, me proporcionou momentos de muita reflexão. Como eu não podia fazer quase nada, exceto ficar em um quarto escuro e silencioso, aproveitei para pensar na minha vida. Avaliei minhas atitudes e encontrei vários hábitos que não queria ter mais. Também analisei meus pensamentos, e descobri que costumava ter pensamentos negativos, que se repetiam em situações cotidianas.
Todos ouviam em silêncio a lição generosamente compartilhada pela amiga:
– Fiz todos os exames necessários e o tratamento indicado pelo médico. Melhorei aos poucos, mas houve momentos em que achei que ia desencarnar, tamanha era a dor. Talvez por isso tenha feito uma análise tão profunda e minuciosa de minhas atitudes e pensamentos. Já pensou se eu tivesse desencarnado? Teria que fazer a análise no Plano Espiritual…
– Você soube aproveitar um momento de dificuldade, transformando ele em uma oportunidade – lembrou Carla.
– Acho que sim, concordou Eliane. Também pude perceber o quanto o conhecimento da Doutrina Espírita me ajudou a agir com resignação em um momento tão difícil. Em outros tempos, talvez eu me revoltasse ou me sentisse injustiçada por Deus.
Eliane já tinha compreendido que a dor não significa necessariamente sofrimento, e que o comportamento emocional diante de uma doença pode ocasionar sofrimento físico e espiritual. Por isso, é fundamental evitar a tristeza, a revolta, o desânimo e todos os sentimentos que lesam o corpo e a alma, dificultando a cura.
Compartilhando sua experiência, Eliane convidou os amigos para que fizessem uma análise constante de suas atitudes e pensamentos, para que a dor não fosse o remédio necessário a oportunizar o progresso espiritual, conforme aconteceu com ela.
“Dor é benção libertadora, pela qual se rompem os encantamentos da ilusão e da fatuidade, dando ensejo à imarcescível conquista dos inalienáveis tesouros do Espírito eterno, ditoso após a luta redentora.” Joanna de Ângelis, no livro Leis Morais da Vida.
Claudia Schmidt